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Aras mandará investigar agência que cotou viagem a R$ 67 mil

Novo procurador-geral da República afirma ter descoberto que empresa cobraria do MPF o dobro do valor que ele pagou por passagem à Itália

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Procurador-geral da República, Augusto Aras
1 de 1 Procurador-geral da República, Augusto Aras - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Após repercussão sobre a viagem oficial que fará a Itália, o recém-empossado procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que vai mandar investigar agência de viagens que presta serviço para a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Um ofício da PGR que veio a público nesta quinta-feira (03/10/2019) informava que o procurador-geral ficaria afastado do país entre os dias 9 e 15 de outubro como representante do Ministério Público Federal na cerimônia de canonização da Irmã Dulce. O documento também informava que as passagens aéreas em classe executiva, traslado, hospedagem e alimentação seriam ficariam a cargo do MPF.

Augusto Aras afirmou ao Metrópoles, no entanto, ter pago todas as despesas referentes à viagem que fará para a Itália. Segundo o PGR, mesmo tendo sido convidado para o evento pela presidência da República e apesar de a lei autorizar que os gastos da viagem de representação fossem custeados pelo MPF, ele decidiu bancar as despesas.

“Eu paguei minhas passagens com o meu dinheiro. O doutor Alcides [Martins, procurador que também irá ao compromisso] pagou as passagens dele e da esposa com dinheiro privado. Nós poderíamos não ter feito isso, porque o convite que nos foi feito pela presidência da República oferecia custear todas as despesas por se tratar um evento do estado brasileiro a convite do estado estrangeiro”, disse Aras.

De acordo com o PGR, a decisão foi tomada para evitar desgaste com o grupo que se opõe à indicação dele à chefia da PGR.

“Nós resolvemos pagar, porque sabíamos que os derrotados estão ainda vivendo da viúva. Já mandei levantar os meus críticos, são os que viajaram vergonhosamente para todo o mundo. Não quero acirrar mais os ânimos, mas a gente tem vivido um momento… Eu encontrei a instituição descontinuada administrativamente, de tal forma que os boicotes da administração que restou, das administrações passadas, têm me obrigado a fazer mudanças”, afirmou.

Segundo o PGR, o oficio indicando despesas com a viagem para a Itália da ordem de R$ 67 mil era apenas um modelo, tornado sem efeito, a partir de sua orientação ao corpo administrativo.

Investigação
A partir das críticas, Aras disse que mandou apurar os valores praticados pela agência de viagens que atende ao MPF.

“Descobri que o preço que eu paguei em duas passagens de classe executiva era o valor de uma passagem cobrada pela agência. E isso eu vou mandar investigar. Já estava na minha conta mandar abrir uma auditoria de todos os contratos e licitações dos últimos anos. Agora, com este episódio, ficou mais fácil para saber qual é a dimensão das administrações anteriores”, considerou o novo PGR.

Para ele, sem a polêmica “aberta pelo grupo dos derrotados”, ele não tomaria conhecimento das diferenças de valores apuradas: “Eu jamais saberia que as passagens que a agência pratica para o Ministério Público custam o dobro do preço de mercado”.

Boicote
Aras se diz alvo de boicote por parte de grupos que não o aceitam no cargo de liderança do MPF.

“Na posse (ocorrida na quarta-feira), o boicote foi tamanho que não foi permitida a entrada no evento de autoridades do mais alto nível simbólico da instituição”, relatou.
Para Aras, está em curso um “boicote administrativo” que será resolvido, segundo acredita, na medida em que ele detectar os focos de resistência e substituir pessoas no quadro.

“Isso é um jogo administrativo. Os servidores que estavam lá, estavam a serviço da administração anterior. Não é um jogo de todos os servidores, que me apoiaram maciçamente. Este é um jogo concentrado em setores localizados. A cada pequeno golpe que nos dão, a gente vai mudando o quadro. Isso faz parte de uma instituição que, infelizmente, foi descontinuada administrativamente”, alegou Aras.

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