Acelerado: BRB banca piloto de Stock Car que se antecipou a patrocínio
O beneficiário exibiu a marca do banco antes de o aporte financeiro de R$ 1 milhão ser autorizado
atualizado
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Negociação de patrocínio milionário do Banco de Brasília (BRB) para financiar um corredor estreante de Stock Car gerou incômodo entre gestores da própria instituição financeira responsáveis por avaliar a operação. Entre os fatores que ligaram o alerta de alguns dirigentes está o valor do aporte, de R$ 1 milhão, para evento que, por enquanto, não tem agenda em Brasília.
Além do volume investido, houve uma inversão atípica no processo. Semanas antes de o patrocínio ser autorizado pelo conselho do BRB, o beneficiário, o piloto Pedro Cardoso, exibiu a marca do banco tanto em seu carro como no próprio uniforme usado durante a corrida de estreia no Rio Grande do Sul.
O fato virou assunto entre dirigentes da instituição, assim como a viagem que o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, fez para acompanhar a primeira corrida do piloto brasiliense na Stock Car.
Paulo Henrique foi pessoalmente, em 7 de abril, ao autódromo Velopark, em Nova Santa Rita, Grande Porto Alegre, assistir à prova disputada por Pedro Cardoso.
Ele estava acompanhado do secretário de Projetos Especiais, Everardo Gueiros, que mantém laços de amizade com a família do piloto. Os dois viajaram a bordo do jatinho de propriedade de Luciano Lobão, filho do ex-senador Edison Lobão (MDB-MA).
Embora o BRB tenha se mobilizado em favor do patrocínio, ainda não há previsão oficial de que o evento realize alguma etapa da competição na capital federal.
O que existe é o empenho de Gueiros em trazer um circuito das provas para o DF. “Estou, sim, muito entusiasmado com o projeto. No Rio Grande do Sul, tive a oportunidade de me encontrar com o presidente da Stock Car, Carlos Col, e o convenci a vir até Brasília, onde já iniciamos as tratativas para a organização de um circuito de rua, que poderia abranger o traçado da antiga rodoviária ou mesmo a região da Avenida das Nações”, explica Gueiros.
Sobre o fato de pegar uma carona no avião de Luciano Lobão para acompanhar a corrida, o secretário diz ter viajado em um domingo e que, inclusive, pagou o combustível do próprio bolso. Segundo Gueiros, ele aproveitou a oportunidade para fazer um test drive na aeronave, já que negocia a compra de uma parcela do jatinho.
Patrocínio do milhão
O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, diz que o patrocínio do piloto faz parte de uma estratégia de colocar o banco em evidência, não apenas no contexto local, mas também no regional. “Há duas provas que ocorrerão em Goiânia e uma em Campo Grande. As corridas são assistidas por um público de 160 mil pessoas, além de serem transmitidas por emissora de TV”, descreve Paulo Henrique.
Ele afirma que o pedido inicial do corredor foi de R$ 3 milhões, mas o banco aprovou um terço disso. Paulo Henrique diz desconhecer qualquer desconforto ou discordância de seu corpo diretivo em relação ao patrocínio, que, segundo alega, está “amparado em critérios técnicos”.
Sobre o fato de o piloto ter se antecipado à formalização do aporte de dinheiro da instituição pública, o presidente do BRB destaca ter sido uma opção do corredor e que o piloto quis demonstrar como ficaria a aplicação da marca no carro de corrida.
“Ele não tinha nenhuma garantia de que fecharíamos o patrocínio”, afirma Paulo Henrique, para quem o aporte trará, também, retorno de ativação da marca e no relacionamento com clientes que interessam ao banco. A coluna tentou fazer contato com o piloto, mas não conseguiu localizá-lo até a publicação do post.
De acordo com Paulo Henrique, há um grande esforço da nova diretoria em melhorar a imagem do BRB. Recentemente, a instituição foi alvo de operação do Ministério Público Federal (MPF) que investiga fraudes na concessão de empréstimos e benefícios a empresas privadas. “Pedimos para ser parte e a Justiça aceitou que nos tornássemos assistentes de acusação da Circus Maximus. Estamos dispostos a limpar este capítulo malsucedido do banco e a reescrever a história do BRB”, afirma.