Os carros brasileiros e o “airbag da morte”: um deles pode ser o seu
Descubra se seu veículo está na maior convocação da história para conserto de falha em veículos. Airbag da Takata vira uma “chuva de facas”
atualizado
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O ano de 2016 começou e vai terminar assustador para o consumidor de automóveis: há duas semanas, a Toyota global convocou de uma só vez 5,8 milhões de carros para trocar airbags defeituosos: 1,47 milhão de carros na Europa; 1,16 milhão no Japão; 820 mil na China e 2,35 milhões em outras regiões do mundo (claro: no Brasil, também, como anunciou o Metrópoles esta semana).
No geral, desde que foi descoberta oficialmente – havia apenas muita suspeita -, a falha de fabricação dos airbags da Takata já afetou entre 50 e 60 milhões de carros em todo o mundo. E teria matado pelo menos 16 pessoas, principalmente nos Estados Unidos e na Malásia. Fora uns 100 ou mais feridos, alguns gravemente.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Justiça, já foram convocados para conserto cerca de 2 milhões de veículos em função do airbag assassino fabricado, até então usado por dezenas de montadoras. Bem, e daí? O que fazer? E como?
Casos
√ Já algo comprovado nesse episódio todo. O escândalo é tão grave que a empresa japonesa Takata, com sede em Tóquio, está com todo o patrimônio comprometido em função das denúncias: a Honda do Brasil, por exemplo, não mais usará mais os insufladores da marca; a Fiat Chrysler, pelo menos nos EUA, idem.
√ Em junho do ano passado, um motorista de um VW Tiguan foi atingido por estilhaços do airbag lateral nos Estados Unidos. O governo norte-americano não vacilou e, em seguida, abriu uma nova investigação. Em seguida, a justiça dos EUA ordenou a empresa Takata a reparar entre 35 e 40 milhões de produtos suspeitos.
√ E mais: Ashley Parham foi morta em Oklahoma, em 2009, num Honda Accord 2001; Devin Xu, morto em setembro de 2013 num Honda Acura ano 2002; Law Suk Leh, morta na Malásia, em julho de 2014, num Honda City ano 2003; Joel Knight, morto em 2015 num Ford Ranger ano 2006. Esses casos estão sendo investigados pelo NHTSA, o departamento nacional de trânsito dos Estados Unidos.
Entenda como acontece o erro
Se o carro se envolver num acidente (batida forte ou capotamento), os airbags são acionados. Acontece que o airbag do passageiro, nesse caso específico, acaba disparando estilhaços da peça que só deveria servir para deflagrá-lo. É uma “chuva de facas”, como disse uma vítima. Obviamente, isso pode até matar – como tem acontecido. Autoridades dos EUA avaliam que a opção por produtos “mais baratos” pode ter provocado essa tragédia.
Fique atento, muito atento
No Brasil, não há mortes comprovadas. Aliás, nem suspeitas. O que é bom, obviamente. Mas vale a pena conferir se o seu (ou do seu pai, mãe, amigo, parente ou aderente) está numa das listas abaixo:
Audi
Q5 e SQ5
Também em fevereiro, convocou 13 proprietários do Q5 e do SQ5 (ambos fabricados em 2015).
BMW
320i, 325Ci Coupé, 325i, 330Ci Cabrio, 330i, 540i, M3 Coupé, M5, X5 3.0i e X5 4.4i
Em agosto deste ano, foi a vez da tradicional marca alemã convocar donos de 2.009 unidades dos modelos acima (e fabricados entre 2002 e 2006). A empresa promete fazer a troca em apenas 25 minutos
Honda
Vários modelos
Essa foi, juntamente com a Toyota, a mais prejudicada. Já em 2010 convocava donos de 9.658 Civic fabricados em 2001 e 2002. Em 2013, quando o escândalo estourou, convocou donos de 23.352 Civic e CR-V. Em julho deste ano (2016) ela chamou a incrível quantidade de donos de 477.580 de Fit, City, Civic e CR-V. Pior: em fevereiro, já havia apelado aos donos de 164 mil Fit e City. Por isso, o Entre-eixos nem sequer ousa publicar a lista dos modelos e chassis aqui, mas ousa recomendar expressamente: ligue para a Honda, qualquer que seja seu modelo ou ano de fabricação. Eis: 0800-7013432.
Jeep
Renegade, Wrangler, Cherokee, Grand Cherokee e Compass
No final de outubro, foram 3.932 unidades do Renegade (versões Básica, Sport e Longitude, ano/modelo 2015/2016). Em junho, foi a vez do Jeep Wrangler, com duas convocações. Em maio, entravam no assustador rol o Cherokee e o Grand Cherokee. O Compass entrou em outubro, mas o novo modelo, fabricado em Pernambuco: devem passar por conserto os modelos 2010 a 2014.
Toyota
Modelos variados
Outra marca muito importante para o mercado brasileiro que tem sofrido os efeitos do erro de fabricação da Takata. De 2013 para cá, não tem sossego. Em maio daquele, começava a segunda e mais importante fase do gigantesco recall que não acabou até agora: 27 mil carros da empresa tiveram (ou deveriam ter tido) o airbag do passageiro trocado. Digo deveriam por uma razão tão simples quanto grave e perigosa: o brasileiro não costuma atender a convocações de montadoras. Pois bem: de lá para cá, foram vários recalls. Em junho, para 28.148 Corolla fabricados entre 2002 e 2003 (não esqueça: antes, já havia identificado problemas na Hilux, na SW4 e na RAV4). Em maio do ano passado, a convocação valia para outros 128 mil Corolla Fielder, Hilux, SW4 e RAV 4.
Lexus
ES350
Em junho, a divisão de luxo da Toyota chamou donos de 109 unidades do ES350 (desde que fabricado entre 2006 e 2011). O recall foi dividido em duas fases: na primeira, foram desativados airbags dianteiros dos passageiros de quem procurou as concessionárias (e foi fixada uma etiqueta, alertando que não havia ali mais airbag). A segunda fase, porém, só começará em 17 de fevereiro de 2017, quando a peça será substituída. É ruim? Sim, mas é melhor do que nada fazer, não?
Mitsubishi
Vários modelos
Por ser também japonesa, eis outra marca que sofre com o problema. Em junho de 2016, foram 29.014 unidades L200 Triton. Em outubro, foi a vez da Pajero Full (anos 2007 a 2016). E por aí vai.
Nissan
Frontier, March, Versa, Sentra, Pathfinder e X-Trail
Apenas da picape Frontier, foram 32.779 unidades em julho (anteriormente, um pouco mais de uma centena de Frontier e Pathfinder já haviam sido convocadas). Como é conterrânea da fabricante Takata, usou o maldito airbag em vários modelos. Daí a necessidade de o cliente, de qualquer modelo, ligar e conferir.
Chrysler
Sedã 300C
Estão nesse rol os 300C modelo/ano 2006, 2007 e 2008.
Fiat
Bravo e Uno
Do primeiro, pouco vendido por aqui, foram apenas 31 unidades afetadas (fabricadas entre 2010 e 2013). Do segundo, bastante popular, são 1.522 unidades – nas versões Attractive, Way 1.0, Way 1.4, Evolution e Sporting e todos ano/modelo 2015/2016.
Dodge
Picape RAM e Journey
A empresa norte-americana de propriedade da Fiat assumiu o defeito em 4.455 unidades da tradicional picape. Airbag pode lançar fragmentos metálicos contra os passageiros. Se você tem uma, ligue para o 0800 7037160. Em março, donos de 7.970 Journey foram chamados.
Subaru
Legacy sedã, Outback e Tribeca
Em julho, a marca convocou donos de 854 unidades dos modelos acima listados. Mas, o pior, é que só começará a trocá-los ou consertá-los no mês que vem (12/2016). E até lá, como proteger o passageiro da frente? A Subaru sugeriu que, até começarem os trabalhos, ninguém deve usar esse banco. É mole? Importante: alguns modelos Impreza WRX sedã e Sport Wagon, fabricados entre 2004 e 2007, também precisam de reparos. Quem é dono de um desses, deve ligar imediatamente para a empresa para checar se ele está na tenebrosa lista.
Volkswagen
Tiguan
Em fevereiro, a empresa chamou donos de 33 Tiguan fabricados entre 15 e 22 de janeiro de 2015.
Dez detalhes que você precisa saber sobre recalls
1) O conserto de qualquer problema tem que de graça (nem o sorriso da moça da recepção pode ser cobrado). No fundo, o consumidor já paga por eventuais problemas e não pode ser responsabilizado por um prejuízo que ele não causou (sem falar nos riscos a que foi exposto, na perda de tempo ou na ida a oficinas…)
2) E qual o prazo para a empresa fazer o recall? Não há. Mas, quanto antes, melhor: e nunca duvide disso. Se uma montadora o chama para trocar algo é porque o problema é sério
3) E se você não souber do recall? Também não há prazo para o conserto ou troca de peça. Enquanto seu carro funcionar, ele está garantido para esse tipo de problema.
4) E se você vendeu o carro? A garantia vale para o comprador. Na verdade, não importa quem é o dono: o carro tem que ser reparado.
5) E como fazer para descobrir se o carro está numa lista de recall? Bem, primeiramente, é lei: toda empresa é obrigada a anunciar nos meios de comunicação que está fazendo um trabalho de troca, conserto ou seja lá o que for. No caso dos veículos, a montadora é obrigada a dizer qual modelo, de qual ano e com qual chassi. Junto, tem que ter o 0800 da companhia.
6) E se você não viu o bendito comunicado? Bem, algumas marcas mais responsáveis costumam até mandar cartas aos donos dos carros. Se a sua não é, ou não parece ser, uma dica: procure em site de buscas, aqui-acolá, sobre a marca e modelo do seu estimado veículo.
7) Quem protege o consumidor de carros, enfim? Primeiramente, nós mesmos. Mas o Brasil bem que melhorou nessa relação de consumo. O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), vinculado ao Ministério da Justiça, costuma agir – e divulga tudo relacionado a esse tipo de informação (dos recalls de carros aos de brinquedos). O site do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), embora seja meio confuso, tem informações também. Instituições privadas de defesa do direito do consumidor costumam ser boas parceiras nessa luta.
8) Algum recall não é grave, a ponto de ignoramos? Não, nenhum. Alguém acha que as empresas iriam ganhar uma baita grana em publicidade (negativa, às vezes) e em peças e serviços se o problema não fosse grave? A lógica é: o usuário corre risco? Se sim, troque, mude, faça, refaça. Aliás, a primeira iniciativa da empresa é avisar ao governo (no caso, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério da Justiça.
9) E o que fazer, caso o problema objeto do recall já tiver acontecido? Bem, algumas empresas se adiantam e negociam com o consumidor. Mas vale a regra geral da Justiça brasileira: todos nós podemos e devemos recorrer ou pedir reparação de danos (morais ou patrimoniais) quando bem entendermos, desde que com base legal.
10) E se o fabricante não fizer o recall, sabendo ou não do problema? Aí o xis da questão é muiiiito mais grave ainda. O governo federal deve, e certamente irá fazê-lo, abrir processo. As multas chegam à casa dos milhões de reais. De qualquer forma, existe a Justiça para você recorrer.
O que fazer
a) Ligar para a empresa fabricante do seu carro é o primeiro passo
b) Com o documento do carro em mãos, descobrir se ele está na lista de algum recall
c) Se estiver, vá à concessionária de sua preferência e resolva logo o problema. Não ponha sob risco você, sua família e demais pessoas que cruzam por você
d) Se a concessionária ou a marca não resolver, mande-nos um e-mail (redacao.metropoles.com) ou uma mensagem de WhatsApp (61 9.9997-1112).
Os telefones 0800 das montadoras brasileiras envolvidas no problema
Audi
0800-7772834
BMW
0800-7073578
Chrysler
0800-7037130
Fiat
0800-7071000
Dodge
0800-7037160
Jeep
0800-703715
Mitsubishi
0800-7020404
Nissan
0800-0111090
Honda
0800-7013432
Toyota
0800-7030206
Subaru
0800-7702011
Volkswagen
0800-0198866
Sugestão: pode ser que o seu carro não tenha nada a ver com o airbag da morte, mas há chances de ele ser vítima de algum outro recall. Por isso, não se acanhe e ligue para a sua montadora
Alfa Romeo
0800-707 1000
BMW
0800-707 3578
Chana Motors
0800 771 4786
Chery
0800 772 4379
Chevrolet
0800 702 4200
(Importante: a GM tem modelos envolvidos no recall, inclusive da marca Chevrolet, mas não no Brasil)
Citroën
0800 011 8088
Ford
0800 703 3673
Hyundai
0800 559 545
JAC Motors
0800 522 8888
Kia Motors
0800 771 1011
Land Rover
0800 012 2733
Mercedes-Benz
0800 970 9090
Mini
0800 707 0578
Peugeot
0800 703 2424
Renault
0800 055 5615
Smart
0800 970 9797
Ssangyong
0800 771 4786
Suzuki
0800 770 3380
Troller
0800 703 3673
Volvo
0800 707 7590