Educação inclusiva é educação melhor pra todo mundo
Escolher uma escola inclusiva é compreender que a educação dos nossos filhos se constitui pela diversidade das relações interpessoais
atualizado
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Em uma reunião de pais e mestres da escola da minha filha, ouvi a seguinte confissão de uma mãe: “Na sala que meu filho estuda tem muita criança especial. Acho que a professora pode dar menos atenção para o meu filho, estou preocupada”.
A frase desta mãe me deu a ideia de usar este espaço para esclarecer algumas coisas acerca dos benefícios da educação inclusiva. A escola da minha filha é inclusiva, ou seja, oferece educação para TODOS em um mesmo contexto escolar.
Já falei muito aqui na Coluna sobre análise de critérios na hora de escolher uma escola para os nossos filhos. Um destes bons critérios que podem ser adotados é descobrir se o colégio que você está visitando é inclusivo.
O MEC definiu que os alunos com necessidades especiais (NEE) são aqueles portadores de deficiências mental, auditiva, visual, física e de deficiências múltiplas. Os portadores de condutas típicas também.
Escolher uma escola inclusiva é compreender que a educação dos nossos filhos se constitui pela diversidade das relações interpessoais e pela formação acadêmica.
O professor e pesquisador português Luís de Miranda Correia, grande especialista no tema, em seu livro A Escola Contemporânea e a Inclusão de Alunos com NEE, ensina:
A inclusão permite um maior desenvolvimento acadêmico e social da criança, devido às interações estabelecidas. Prepara a criança para a vida na sociedade, pois quanto mais tempo a criança conviver com os outros, compreendendo as diferenças, melhor será a sua realização ao nível educacional, social e ocupacional
Evidentemente, mais do que declarar em seu projeto político-pedagógico, a escola deve atuar como um agente inclusivo que, além de oferecer estrutura física adequada às crianças portadoras de dificuldades especiais e capacitar seus docentes, ofereça diálogo com as famílias. É papel da escola alertar aos pais sobre importância de seus filhos conviverem com crianças especiais.
A Lei 13.146, de 2015, que garante os direitos da pessoa com deficiência e o acesso à escola, determina: “É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação”. Assim, tanto as escolas públicas como privadas devem garantir a matrícula do estudante com deficiência e todo o apoio necessário para que ele se desenvolva.
“Na rede pública, fazemos uma adaptação curricular bimestralmente para cada estudante. Temos também as atividades no contra turno das aulas, diferenciadas para estes alunos, de acordo com as necessidades específicas de cada um ou de um grupo”, explica a professora Danyela Martins Medeiros, mestre em educação, supervisora da Escola Classe 5 do Guará I.
“No início de cada período escolar, com base no número de alunos com deficiência que vamos receber, organizamos as turmas com quantidade adequada de crianças para que os professores consigam dar atendimento integral para todos os alunos – tanto o aluno com deficiência quanto o aluno do ensino regular”, detalha Danyela.
Em artigo publicado em abril de 2012, na Folha de S.Paulo, o professor Rodrigo Hübner Mendes fala da importância da educação inclusive para todo o contexto da sociedade: “Além de ser um direito, a Educação inclusiva é uma resposta inteligente às demandas do mundo contemporâneo. Incentiva uma pedagogia não homogeneizadora e desenvolve competências interpessoais. A sala de aula deveria espelhar a diversidade humana, não escondê-la. Claro que isso gera novas tensões e conflitos, mas também estimula as habilidades morais para a convivência democrática. O resultado final, desfocado pela miopia de alguns, é uma Educação melhor para todos.”