Nutricionista Thaiz Brito esclarece mitos e verdades sobre alimentação
Tire dúvidas relacionadas a pão integral, pipoca, óleo de coco, adoçantes, ovos, entre outras incertezas relacionadas à dieta
atualizado
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Os anos passam, mas incertezas relacionadas à alimentação seguem rondando a mente de quem quer se alimentar de maneira correta. Ao mesmo tempo, surgem tendências e novidades propagadas na mídia que podem causar dúvidas. Certamente você já se perguntou se comer a gema do ovo é bom ou ruim, ou se a tapioca é saudável ou não.
Para tirar dúvidas ligadas aos nutrientes dos alimentos, a coluna Claudia Meireles conversou com a nutricionista Thaiz Brito, que esclareceu mitos e verdades sobre alimentação.
Confira!
É verdade que o óleo de coco é a melhor opção entre os óleos para cozinhar?
O óleo de coco já esteve em ascensão por muito tempo na mídia, sendo associado até mesmo como algo benéfico para perda de peso. Mas não é bem assim. Não há nenhuma evidência científica ou algum mecanismo fisiológico que sustente essa afirmação.
Devido a seu alto valor calórico, principalmente advindo de gorduras saturadas, quando se opta pelo óleo de coco para cozinhar é necessário muita cautela, principalmente na quantidade a ser utilizada. O uso do óleo de coco em excesso, além de favorecer o ganho de peso, pode ser preocupante também para pessoas com doenças cardiovasculares ou dislipidemias.
As gorduras insaturadas são consideradas “gorduras boas” para nosso organismo e, para cozinhar, é preferível que se utilize óleos ricos nesse tipo de gordura, como azeite e até manteiga. Lembrando que o valor calórico encontrado nos óleos são altos, então, é fundamental atentar-se a quantidade utilizada, sobretudo em dietas com objetivo de perda de peso.
É verdade que comer pipoca antes de dormir é saudável?
A pipoca, quando preparada in natura, sem adição de gorduras, é apenas um grão que estourou. Esse grão possui pouca quantidade de gordura, baixo teor calórico e é rico em fibras, que conferem benefícios como saciedade e baixo impacto na glicemia. Isso torna seu consumo seguro até para pessoas com diabetes.
A pipoca in natura é uma opção de alimento altamente nutritiva, rica em polifenóis, que possuem efeitos antioxidantes no organismo, e é promissora para diminuição de radicais livres, risco de doenças cardiovasculares e oxidação de colesterol. Fora isso, ela é rica em diversas vitaminas e minerais e pode ser uma boa opção a ser encaixada no plano alimentar, até mesmo antes de dormir, na “ceia”, já que também é rica em triptofano, que estimula produção de serotonina. Inclusive, pode trazer vantagens para o sono.
Como qualquer alimento, a quantidade deve ser bem ajustada ao plano alimentar, de acordo com o objetivo de cada indivíduo.
É verdade que goji berries fazem muito bem para a saúde?
A goji berry é uma fruta do sul da Ásia e, no Brasil, é comercializada principalmente na versão desidratada. Os benefícios apontados pela mídia que tornaram essa frutinha famosa se devem a seu excelente valor nutricional, já que são encontrados diversos micronutrientes nela, como carotenoides e vitaminas com propriedades antioxidantes e imunomoduladora.
Lembrando que essa fruta não tem efeitos comprovados sobre a perda de peso, já que, para esse fim, diversas questões devem ser consideradas na alimentação do indivíduo. Mas a goji berry pode ser consumida dentro de uma alimentação saudável, podendo ser incluída também nos iogurtes, em lanches.
É verdade que o pão integral não faz tão bem assim como dizem?
Para pessoas saudáveis e que não apresentam doenças celíacas, o pão integral é um alimento que possui benefícios nutricionais e pode sim ser adicionado ao plano alimentar sem grandes preocupações. Ele contém boa quantidade de fibras, que vão auxiliar na saciedade e gerar baixo impacto na glicemia, e não possui tanta caloria quando comparado a uma tapioca média, por exemplo.
Um detalhe importante que deve ser considerado é avaliar se os ingredientes do produto estão de acordo com a característica “integral” proposta por ele, principalmente se tratando de um produto industrializado.
Os pães integrais de fermentação natural são mais vantajosos, por se tratar de um produto que passa por um processo artesanal, garantindo melhorias até mesmo na digestibilidade do trigo, não causa impacto na glicemia, garante maior saciedade e ainda são muito saborosos.
É verdade que devemos extinguir para sempre a salsicha? Ou uma vez ou outra podemos “chutar o balde”?
As salsichas convencionais, encontradas em supermercados, são feitas predominantemente de partes restantes (gorduras, cartilagens e miúdos) de carne suína, bovina ou de frango. Esses ingredientes passam por um processo no qual são moídos até virar uma massa superfina, conhecido como embutido. São adicionados alta quantidade de sódio, fosfatos e outros conservantes que garantem um longo tempo de prateleira.
A salsicha não é considerada um alimento, mas sim um produto alimentício ultraprocessado. Seu consumo elevado é muito relacionado a desencadear doenças, inclusive câncer. Por ser feita com subprodutos e ter alta durabilidade, seu preço é inferior ao preço de carnes, que estragam mais rápido e não têm aditivos.
O consumo de salsicha não é recomendado com frequência, devendo ser evitado no dia a dia, apenas em ocasiões pontuais.
É verdade que suplementos de proteína podem causar espinhas no rosto?
O whey protein é um suplemento proteico derivado do soro do leite, um subproduto do processo em que transforma o leite em queijo. Em alguns indivíduos, ele pode provocar acne e isso se deve ao soro do leite. Ele contém o hormônio IGF-1 (hormônio semelhante a insulina), que auxilia no ganho de massa magra.
Muitos estudos científicos comprovaram isso por meio de uma correlação de IGF-1 e os níveis de sebo, ou seja, quanto maior a quantidade de IGF-1, maior a produção de sebo na pele. Apesar dessa correlação, isso não pode ser encarado como regra. Muitas questões devem ser consideradas na parte clínica, e nem todo mundo irá manifestar acne com uso de whey protein.
Para muitas pessoas, a acne é um processo inflamatório que pode estar mais ligado a problemas de origem intestinal e outras sensibilidades alimentares. O suplemento se mostra muito vantajoso não só na prática desportiva, mas como na área clínica e até mesmo para idosos. Então, o fator acne deve ser bem avaliado até mesmo pela ingestão de açúcar e carboidratos simples que agravam esse quadro.
É verdade que devemos extinguir o leite da nossa rotina de alimentação?
Atualmente, circulou muito a informação de que o consumo de leite seria inflamatório no organismo humano, ou seja, seria capaz de aumentar inflamação. Porém, alguns estudos recentes já derrubaram essa ideia. Eles conseguiram provar que, para o público saudável, que não apresenta intolerâncias ou hipersensibilidades a produtos lácteos, acontece o efeito contrário, ou seja, o leite pode ser anti-inflamatório, protegendo contra inflamações.
Os produtos lácteos se mostraram inflamatórios para aqueles indivíduos que tinham alergia ou hipersensibilidade a produtos lácteos. Considerando isso, não há necessidade de extinguir o leite da rotina alimentar, apenas se a pessoa possuir alergia ou hipersensibilidade, ou se ela realmente não gostar. Tirando isso, não há problema nenhum no consumo.
É verdade que adoçantes artificiais fazem mal? Se sim, qual é a melhor opção?
Existem vários tipos de adoçantes artificiais. O que varia entre eles é a substância química utilizada para adoçar. Os mais comuns nas prateleiras dos supermercados são à base de sucralose, aspartame, sacarina ou ciclamato de sódio. O grande problema dos adoçantes artificiais é que muitos deles já tiveram seu uso relacionado à ocorrência de câncer e Alzheimer. Ainda que não tenham comprovação científica, não devem ser utilizados com frequência.
A sacarina e o ciclamato de sódio, por conterem sódio, são contraindicados para hipertensos. O ideal seria evitar o uso de adoçantes artificiais. Quando precisar utilizar uma opção, a sucralose é a que parece apresentar menos malefícios até então.
Para adoçar, opções como açúcar de coco ou até mesmo xilitol se mostram mais interessantes.
É verdade que devemos tirar a gema ao comer ovo por conta do colesterol?
A gema do ovo é a porção mais rica em nutrientes desse superalimento. Por muito tempo, acreditou-se que o ovo tinha grande potencial de aumentar o colesterol, mas, graças ao avanço de muitos estudos científicos, já sabemos que não é bem assim.
Um estudo recente mostrou que o ovo até pode aumentar o colesterol, porém, melhora o perfil lipídico por completo e não aumenta o risco de infarto. O ovo não traz nenhum tipo de risco cardíaco.
Para pessoas que possuem dislipidemias, a quantidade ideal de consumo diário de ovo deve ser avaliada por um nutricionista ou nutrólogo e, muitas vezes, não é necessário erradicá-lo da dieta. Para o público normal, a recomendação é não apenas consumir o ovo, como consumir prioritariamente a gema, já que nela está contida uma alta quantidade de micronutrientes e até mesmo de colina, uma vitamina que apresenta benefícios para a saúde do cérebro.
Sobre a especialista
Thaiz Brito é formada em nutrição pela Universidade Católica de Brasília e cursa pós-graduação em nutrição esportiva. A profissional atende em consultório particular. Para agendamento, entre em contato pelo número (61) 98177-7099.
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