“Não compre, adote”: pets resgatados estão em abrigos e sonham com um lar
Rivkah, Rebeca Noag e Bruna Timponi vivem o confinamento com mais serenidade. A razão? A rotina ao lado dos cães e gatos adotados
atualizado
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“Cheios de amor para dar”. Assim os pets costumam ser definidos pelos donos. Os bichinhos traduzem o afeto com lambidas, latidos ou miados. O problema é que nem todos possuem alguém para oferecer carinho. Por vezes abandonados na rua ou vivendo em abrigos após serem resgatados, os animais merecem encontrar um lar e poder contar com cuidados ao longo do dia (e da vida).
Com a quarentena, alguns bichanos ganharam um novo lugar para morar, brincar e se sentirem livres. No entanto, existem abrigos com cães e gatos à espera de uma família.
À procura de uma boa companhia? Caso a ideia de adotar um animalzinho de estimação tenha passado por sua mente, a coluna Claudia Meireles irá te convencer, com responsabilidade, a tornar-se o mais novo “pai ou mãe de pet” do pedaço com lindas histórias. Assim como fez a fashionista Luciana Tranchesi com o gatinho Nero.
A DJ Rivkah, a influenciadora digital Rebeca Noag e a nutricionista Bruna Timponi vivem o confinamento domiciliar com mais leveza e serenidade. A razão? A rotina ao lado dos companheiros de quatro patas.
Rivkah e a mãe Valesca Rangel
Mãe de 15 cachorros resgatados, a DJ Rivkah acredita que o amor pelos animais está no sangue. Foi herdado pela mãe, Valesca Rangel. Juntas, elas atendem a pedidos de ajuda em que pets são vítimas de maus-tratos. Nos casos mais graves, a família acaba aumentando em mais um integrante. “Em situações sérias, optamos por ficar. Cuidamos de casos tão graves que o animal se apega a gente e, nós, a ele. Não imaginamos ter que doar”, diz.
Com quase 1 ano, o dog Marley passou por situações de tortura. Atualmente internada, Aurora sofreu espancamento. Rivkah e a mãe adotaram a cadela durante a quarentena. Além dela, Athena completou a família. De acordo com a DJ, as pessoas se preocupam quanto à adaptação. Mas, por experiência própria, a artista sabe que o questionamento não é problema.
“O cão resgatado ou adotado é grato, carente e vem cheio de amor. Às vezes, um pouco arisco ou desconfiado, mas o que eles querem é só uma chance”, ressalta. Rivkah vê os pets como sua melhor companhia, principalmente no isolamento: “Eles absorvem qualquer ansiedade minha, tristeza ou aborrecimento”.
Rivkah não cuida somente dos animais. Ela ainda incentiva a adoção em suas redes sociais. Em suas missões com a mãe, foram mais de 100 cães resgatados, sem contar os 15 que moram em sua casa. “Um casal de amigos nunca havia tido animal de estimação. Eles estavam com dúvida. Nós conversamos e combinamos do Duque passar dois dias com eles. O pet permanece lá. A experiência foi tão incrível que transformou a família”, expõe.
A DJ levanta a bandeira da adoção responsável. Antes de levar o pet para casa, a pessoa tem de levar em consideração que o filhote irá crescer, além da preocupação com o espaço e as despesas geradas. Até entregar o animal, Rivkah e a mãe seguem alguns critérios. O tutor deverá assinar termo de responsabilidade, enviar foto do ambiente e comprovar o endereço da residência. “Isso deve ser feito para o bem do animal”, alega a artista teen. O contato continua por tempo indeterminado.
Uma verdadeira “mãe de pet“, a artista aconselha aos futuros tutores neste período de quarentena de não esquecer de sair de casa, tomando os devidos cuidados, para que o bichinho não estranhe quando o cenário social voltar ao normal. “Mesmo indo rapidamente na padaria, faço todo o ritual de separar os cachorros, deixar água e a luz acesa. Eles precisam disso, nem que seja 15 minutos de ausência.”
Bruna Timponi e Frederic Sainpy
A nutricionista Bruna Timponi e o marido, Frederic Sainpy, têm como filhos nove cachorros, quatro gatos e uma porquinha. Após serem resgatados, os animais foram adotados pelo casal. A idade dos bichanos varia entre 2 e 5 anos. A maioria das histórias dos pets giram em torno de tristes acontecimentos, como abandono e maus-tratos. Alguns foram encontrados doentes e até no lixo. Quando se depara com a situação, o amor e a empatia fala mais alto na família Timponi e Sainpy.
Pela quantidade de animais, o casal não pensa em adotar mais para poder dar atenção a todos como merecem. “Mas que dá vontade dá”, frisaram. Segundo a nutricionista, os bichinhos exigem que Bruna e Frederic tenham uma rotina e, por isso, contribuíram nos quesitos manter-se ativo e animação ao longo da quarentena.
Consciente sobre a responsabilidade de ter um pet, Bruna e Frederic incentivam à adoção. “Nós incentivamos quando acreditamos que a pessoa está disposta a ter um animal de estimação, tanto financeiramente quanto em relação à disponibilidade e dedicação. Os bichos são vidas. Eles precisam de muito cuidado”, ressalta a nutricionista.
De acordo com Bruna, os tutores precisam estar preparados quando decidem levar um animalzinho para casa. Saber o limite de espaço e o lado financeiro para que o cão ou gato não passe por mais traumas é primordial. Ela cita como exemplo um filhote vira-lata. O tamanho e comportamento da raça são colocados em xeque e, depois de comprometer-se a cuidar, não dá para devolver, como algumas pessoas costumam fazer.
O casal defende o desenvolvimento de campanhas para mostrar a responsabilidade e dificuldades de criar um pet. “Adotam achando que vai ser mil maravilhas e depois abandonam”, evidencia Bruna. Na opinião da nutricionista, também deveriam colocar em prática ações de castração com o objetivo de reduzir a quantidade de cadelas de rua grávidas.
Rebeca Noag e Roberto Cidade
O casal Rebeca Noag e Roberto Cidade tem três cachorros: Zeus, um Chow Chow de 10 anos; Thor, um Pastor Belga de 5 anos; e a Beija, sem raça definida com idade entre 2 e 4 anos. Rebeca Noag e Roberto Cidade ganharam o primeiro dog de um amigo. O segundo foi adotado após ter sido atropelado ao fugir de casa na noite de Réveillon, assustado com os fogos de artifício.
O carro prestou socorro e o motorista procurou os donos, porém, não o quiseram mais. Até chegar ao lar Noag Cidade, Zeus passou por três famílias que, infelizmente, devolveram o pet. Foram três meses de adaptação com o cachorro: “A chegada dele foi muito tensa para mim. Tinha muito medo de me atacar, mas devolvê-lo não era uma opção. O nosso amor o transformou. É um bebê. Super fofo e amoroso”.
Já a pet Beija, Rebeca recorda ter sido amor à primeira vista. Em uma visita a uma feira de adoção, a cadela pulou no colo da influenciadora digital. “Não consegui ir embora sem ela”, lembra. Com a quarentena, o casal está 24h em casa e os animais têm aproveitado ao máximo a presença dos donos. Brincar, dar banho e comidinhas tornaram-se um ótimo “passatempo” no isolamento, conforme explicou a influencer, grávida da filha Isabella.
No lar de Rebeca e Roberto, as tarefas com os dogs são divididas. Ela cuida da alimentação, enquanto o marido dá banho e leva para passear. Com mais de 110 mil seguidores no Instagram, a influencer aborda sobre a vida de seus pets na rede social. Durante a troca de experiências com os admiradores e amigos, ela costuma “bater na tecla” da adoção tardia, ou seja, animais adultos.
Contra o comércio de bichinhos de estimação, o casal frisa os benefícios da adoção e a importância do ato. “As duas adoções foram imediatas. Apresentamos documentos, prestamos informações e levamos nossos bebês para casa”, recorda. Em ambos casos, houve acompanhamento por algum período, o que Rebeca acredita ser fundamental para evitar abandono e maus-tratos.
Abrigos
Coordenadora do Clube do Gato, Cecília Prado viu um crescimento de 125% no número de adoções entre março e maio de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. Ela considera a quarentena como principal fator pelo aumento. “Os pets são mais uma fonte de contato físico, de toque, algo que estamos carentes nesse período”, afirma.
No Abrigo Flora e Fauna, há 700 animais à espera de tornar-se integrante de uma nova família. Fundadora da ONG, Orcileni Arruda já ouviu bastante discursos sobre à falta de tempo. Agora, de sobra no confinamento domiciliar.
“As pessoas sempre falaram da questão de tempo e de espaço. Eles sempre estavam envolvidos com viagens, por isso, onde deixariam o animalzinho? De repente, com o distanciamento social, eles têm todo um tempo, uma disponibilidade para ter um pet”, ressalta Orcileni.
Independente da procura ser por filhote ou animal adulto, ambas as ONGs trabalham com os possíveis tutores a questão de que um bichinho apresenta necessidades e, ao assumi-lo, terá responsabilizar-se por todos os cuidados. “Colocamos as pessoas para pensar. Se todas fossem conscientes, os animais seriam adotados e estariam em lares aconchegantes”, garante Orcileni.
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