Médicos revelam razões pela alta procura por métodos estéticos na pandemia
Brasil e outros países vivem uma grande onda pela busca por tratamentos duradouros devido a experiências resultantes do confinamento
atualizado
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Com o “relaxamento” das restrições por conta da pandemia, algumas pessoas não pensaram duas vezes em marcar como primeiro compromisso pós-quarentena a ida ao cirurgião plástico. Um dos motivos para mulheres e homens recorrerem aos especialistas foi ter observado mais a própria aparência no período em que ficaram trancafiados em casa. As constantes chamadas de vídeo contribuíram para a procura por procedimentos estéticos, segundo os médicos.
Desde março, a procura pelo termo rinoplastia e o preço do procedimento feito no nariz teve um aumento considerável nas plataformas de pesquisa do Google. As buscas seguem em ascensão e, até o início do mês, chegaram a registrar um crescimento de 4.800% no site. A tendência não resume-se somente ao Brasil. No exterior, a onda da cirurgia plástica também chegou com força. Antes da pandemia da Covid-19, a médica norte-americana Dara Liotta costumava operar por mês em média 18 pacientes. Atualmente, o número dobrou.
“São mais de 30 mensalmente. E enquanto costumava ser apenas um procedimento estético, hoje, as pessoas ficam tipo: ‘como vou ficar sob anestesia, vamos fazer rinoplastia e implante de queixo, ou rinoplastia e pálpebras superiores, ou rinoplastia e lipoaspiração? Você pode fazer preenchimento labial enquanto está nisso? Eles querem fazer tudo”, revelou Dara em entrevista à revista Town and Country. Ela é especializada em rinoplastias com consultório em Manhattan, nos EUA, e em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Para o cirurgião plástico Kevin Tehrani, da Aristocrat Plastic Surgery, em Nova York, a maior procura por métodos estéticos têm outra razão. “As pessoas querem fazer tudo o que podem enquanto estão em casa”, sustentou o cirurgião. Os interessados em tratamentos mais naturalistas apostaram nos cuidados de dermatologistas e spas. Ambos também trabalham a todo vapor. Os pacientes passaram a investir em mais de um serviço em uma única consulta ou solicitam os métodos estéticos em várias áreas do corpo.
“Descobrimos, por exemplo, que há mais interesse em receber Emsculpt [tratamento para redução de gordura e construção muscular] em várias áreas do corpo em vez de apenas uma região”, destacou Kate Twist, CEO e cofundadora da boutique de cosméticos e tratamentos dermatológicos Ever/Body. Os médicos especulam que a pressa em apostar em mais de um procedimento estético é atribuída também às imperfeições que surgiram no início do ano e não puderam ser corrigidas ao longo da quarentena.
Na avaliação dos especialistas, os pacientes têm investido em métodos mais intensivos e duradouros com receio do período de confinamento domiciliar entrar em vigor novamente. Caso a situação ocorra, eles não querem ver o botox ou preenchimento virarem rugas. Apesar de nem todas as pessoas gostarem de usar as máscaras de proteção, o acessório colabora com quem optou pelo rejuvenescimento a partir das agulhas. Se antes era difícil disfarçar os efeitos dos métodos em público, com a obrigação do item facial facilitou.
“Assim que o uso da máscara se tornou mais popular, comecei a fazer mais consultas sobre o Plasma SubNovi, procedimento que trata linhas finas ao redor da boca. Não é grande coisa ter cicatrizes por uma semana, porque eles vão usar uma máscara de qualquer jeito”, ressaltou o dermatologista Arash Akhavan. O médico viu crescer os tratamentos que podem ser escondidos com o acessório facial. “Hematomas, vermelhidão e descamação não são um revés quando a vida social está em espera”, reforçou o especialista.
De acordo com o Akhavan, os pacientes estão dispostos a adotar procedimentos mais agressivos por não poderem viajar de férias para o Caribe ou Europa. Ele cita como exemplo tratamentos contra a celulite que, consequentemente, deixam marcas no bumbum durante determinado período: “Cellfina é um ótimo porque tem resultados permanentes, mas a desvantagem sempre foi precisar de três semanas de inatividade. Agora as pessoas não se importam e dizem: ‘Não vou para a Itália e posso cuidar disso’”.
Em outros tempos, homens e mulheres entravam nos consultórios e, antes de recorrer à técnicas estéticas, discutiam valores. A etapa de negociação ficou para trás, pois preço não é mais problema, conforme explicou a dermatologista norte-americana Dendy Engelman: “Há uma sensação de “o fim do mundo”, por isso, as pessoas realmente não se importam com o que gastam. Possuem dinheiro na conta bancária e usam para sentir-se e parecer melhor”, garantiu a especialista à revista Town and Country.
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