Em casa: como melhorar minha experiência na cozinha durante a quarentena?
Nutricionista e sócia-fundadora da Eleva Consultoria, Tainá Nogueira dá dicas de como manter sua cozinha preparada para sua versão “chef”
atualizado
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O confinamento imposto pela pandemia de coronavírus fez com que um grande número de pessoas voltassem os olhos à cozinha e vivenciassem novas experiências. O tempo livre em casa deu espaço para o aprendizado de novas receitas, mas sempre com muito cuidado.
Cozinhar é um ato complexo, mas prazeroso para muitos. Entretanto, a atividade exige alguns preparos e um espaço que comporte segurança e higiene aos integrantes do lar. Quer saber como ampliar sua experiência na cozinha e ter um bom momento enquanto cria receitas? A nutricionista Tainá Nogueira ensina todos os passos.
A primeira etapa, segundo ela, é analisar o tamanho do cômodo e a quantidade de pessoas que, normalmente, usam a cozinha ao mesmo tempo.
“É muito ruim cozinhar em um espaço pequeno e desorganizado. Se a sua cozinha é pequena, pode ser interessante reavaliar a disposição dos equipamentos, pois, dependendo da forma como eles são arranjados, podemos conseguir ampliar a área útil da cozinha, além de colocar prateleiras e mecanismos que possam auxiliar na organização”, diz.
Outro fator importante, defende a especialista, é sempre manter a cozinha limpa e organizada. “Quando pensamos em cozinhar algo e lembramos que a cozinha ainda está bagunçada e com as louças sujas da última refeição, dá um desânimo. Uma cozinha pronta para ser utilizada passa uma animação muito maior”, explica.
Ter um ambiente com boa climatização também é de extrema relevância, para que haja o que ela chama de “conforto térmico no momento de preparar algum alimento”. Uma boa saída, para Tainá, é a presença de um exaustor.
Depois do espaço em ordem, vale priorizar a higienização e a disposição dos equipamentos, para que um alimento contaminado não entre em contato com um outro pronto e limpo.
Um dos erros mais comuns existentes nas residências são as lixeirinhas dispostas em cima da pia.
“Essa é uma grande fonte de contaminação, já que os alimentos, muitas vezes, também são preparados em cima da pia, e podem entrar em contato com resíduos da lixeira”, alerta.
Outro ponto que vale a atenção é a troca das buchas, que deve ser realizada semanalmente. O utensílio acumula sujidades e resíduos de comida. Uma dica é higienizá-las diariamente colocando-as em água fervente por cinco a 10 minutos.
Tainá adverte, também, para objetos que, certamente, não recebem muita atenção, mas devem ser limpos constantemente. São eles o forno, o microondas, a geladeira e os potes armazenadores.
Livre de sujeiras
Alguns itens de limpeza são fundamentais, especialmente durante a pandemia da Covid-19. A profissional afirma que detergente, álcool 70% e água sanitária ou solução clorada são suficientes para a higiene local correta.
“Outros produtos não têm tanta eficácia e podem acabar não eliminando completamente todos os micro-organismos, além de gerar uma contaminação química no seu alimento por conta de perfumes e outras substâncias contidas”, declara.
O primeiro passo para a higienização das hortifrutícolas consiste em limpar e retirar as sujeiras aparentes, como terra, folhas murchas, galhos e possíveis insetos. Isso pode ser feito com água corrente.
Em seguida, Tainá recomenda a desinfecção ou sanitização, que é a “eliminação dos micro-organismos nocivos”. Para isso, existem produtos específicos no mercado. Mas também é viável diluir uma colher de sopa de água sanitária em um litro de água potável e deixar as frutas ou hortaliças imersas na solução por 15 minutos. Após esse tempo, basta enxaguar com água.
Para proteger a casa de contaminação do novo coronavírus, a higienização deve ser integral, ou seja, de todos os itens que entram na residência, conforme a profissional alega.
“Aqueles que têm embalagens impermeáveis devem ser higienizados com bucha e detergente. Para aqueles em que a embalagem é permeável ou não é vedada, vale borrifar álcool 70% ou até mesmo deixá-los expostos no sol quente por cerca de 20 minutos a uma hora, mas sempre tomando cuidado, pois não é tudo que pode ir ao sol”, indica.
Nos aspectos segurança e contaminação, utensílios de materiais porosos, como a madeira, não são uma boa ideia. Placas de corte ou tábuas de madeira, além das colheres de pau, podem ser substituídos pelos materiais plástico ou vidro. Inclusive, ela sugere a utilização de tábuas de cores distintas para cada tipo de alimento. Por exemplo: azul para peixes, vermelha para carnes, verde para hortifrutícolas, etc.
Adeus, mosquitos!
Uma cozinha livre de pragas exige um conjunto de medidas, como não deixar o lixo acumulado no ambiente. A instalação de mata-moscas também é uma opção para eliminar bichinhos desagradáveis. Ele pode ser luminoso ou por meio de ferormônio.
O uso do exaustor, ainda, vale como auxiliador, “já que ele reduz o odor proveniente do preparo de alimentos”. Contudo, as janelas são destaque no quesito. “Se a janela está aberta, não tem como impedir que a mosca entre”, diz. Por isso, vale colocar telas milimetradas.
Delivery em meio à pandemia
Há, ainda, pessoas inseguras com as entregas de comida por delivery por conta da Covid-19. Para Tainá, pode-se fazer os pedidos normalmente, mas procurando saber se o estabelecimento que prepara a refeição tem boas práticas de higiene.
“Você pode fazer uma pesquisa prévia e ligar nos estabelecimentos perguntando se eles têm acompanhamento de nutricionista ou consultoria, assim, você saberá se aquela empresa tem um maior controle na produção”, propõe.
Além disso, o consumidor deve evitar o contato com o entregador. “Você pode colocar um banco de apoio e pedir para que ele deixe o pacote lá. Pegue o pacote, coloque em cima de uma bancada e abra. Lave bem as mãos e retire o seu pedido de dentro da embalagem, colocando-o em outro local”, ensina.
“Descarte o pacote imediatamente e higienize a bancada onde apoiou o saco com álcool 70%. Lave as mãos novamente e aproveite sua refeição”, completa.
Dicas de expert
A organização da geladeira é prioridade quando se fala em cuidados com a cozinha. O eletrodoméstico pode ser dividido em prateleiras de acordo com o tipo dos alimentos, para evitar contaminação.
Segundo a nutricionista, os alimentos crus são altamente contaminantes e devem ficar na parte de baixo do refrigerador, para impedir que o sangue caia sobre outros alimentos.
“Os laticínios e derivados ficam na parte superior, pois são mais perecíveis, e sabemos que as prateleiras superiores possuem a temperatura mais baixa”, explica.
Os alimentos prontos para consumo, frutas e hortaliças, podem ser acomodados nas prateleiras intermediárias ou mais baixas. “Se colocarmos as hortaliças em prateleiras mais altas, elas podem queimar devido à baixa temperatura”, sugere Tainá.
Outro ponto é fazer a higienização das hortifrutícolas antes de guardá-las, o que aumenta a sua durabilidade.
Já os ovos, ao contrário, devem ser higienizados apenas no momento em forem ser utilizados, pois “eles têm uma película protetora que é eliminada após a higienização”. É recomendável armazená-los sob refrigeração, mas não na porta da geladeira, pois o “abre e fecha” da geladeira pode ocasionar microfissuras na casca do ovo, aumentando o risco de contaminação.
Todos os alimentos devem ser armazenados fechados e vedados, em potes com tampa ou envoltos por papel plástico, nunca em contato direto com o ar.
Por último, mas não menos importante, não deixar a comida exposta. “É muito comum vermos as pessoas deixando a comida do almoço em cima do fogão, por exemplo, para comer novamente no jantar. Em temperatura ambiente, a proliferação de microrganismos é grande, e o alimento pode ser facilmente contaminado. Portanto, lembre-se sempre de colocar os alimentos na geladeira”, alerta Tainá.
De acordo com a especialista, o lixo deve ser retirado diariamente e o saco deve estar bem fechado, com até dois nós. Se o saco estiver furado ou danificado, é importante colocá-lo dentro de outro saco.
“Você pode também borrifar com álcool 70%, para evitar possíveis contaminações. Ao retirar o lixo, lembrar sempre de higienizar a lixeira antes de colocar uma sacola nova. Quando terminar de manusear os resíduos, lave as mãos”, frisa.
Sobre a especialista
Tainá Nogueira é fundadora da empresa Eleva Consultoria, focada no ramo de estabelecimentos produtores de alimentos. Junto à sócia, Luísa Silveira Borges, atua em prol da saúde do consumidor final.
O serviço visa segurança alimentar, com implementação das Boas Práticas de Fabricação nos estabelecimentos, de forma contínua, para adequar o local a todas as normas vigentes relacionadas à higiene sanitária.
Em tempos de quarentena, a Eleva lançou a Consultoria Domiciliar, oferecendo atendimento voltado à segurança higiênico-sanitária para pessoas físicas, ou seja, em casas, e não apenas restaurantes e estabelecimentos comerciais. O trabalho é personalizado, seguindo os hábitos e costumes de cada família.
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