Dia da Mulher: Moema Leão conta o segredo para estar sempre bem
Cheia de energia e bom gosto, Moema, aos 74 anos, encanta por onde passa: “Encaro a vida com muita naturalidade. Estou preparada para tudo”
atualizado
Compartilhar notícia
O Dia Internacional da Mulher é a data em que são celebradas as conquistas das mulheres, o empoderamento feminino e a igualdade de gênero em todo o mundo. É reconhecida há mais de um século e a cada ano é mais divulgada. Para celebrar, a coluna Claudia Meireles entrevista a empresária Moema Leão. Um exemplo de força, beleza e independência.
Empresária e solidária, Moema é mãe de quatro filhos: Valéria, Francisco Flávio, Narciza e Vivianne. Ela também tem cinco netos, Nathalia, Isabella, Luiza, Antônio, Pedro e Marcos, além da bisneta, Maria. Dona de uma personalidade única, sempre é notada ao entrar ou passar por algum ambiente. Estilo, postura e alegria são apenas algumas das características marcantes da personalidade dela.
A empresária recebeu a coluna em sua residência para um bate-papo descontraído sobre como tornou-se essa mulher forte e tão admirada em Brasília. Originária de Rio Verde (GO), Moema é filha de um fazendeiro da região. Sua avó, Narciza Leão, uma mulher poderosa e influente no estado de Goiás, continua a ser sua inspiração de vida. A matriarca Leão ficou viúva cedo e precisou tomar conta das próprias terras.
“A minha paixão era a minha avó. Diziam que era filha de ciganos. Meu avô, um homem poderoso, morreu muito cedo. Por isso, ela passou a comandar a fazenda com braço forte. Amigo de vovó, o fundador de Goiânia, Pedro Ludovico, também era de Rio Verde e contava com o apoio dela nas eleições. Sofisticada, tinha louças da Inglaterra, jogava cartas com a mulher do Pedro Ludovico e com as mulheres de políticos”
Moema Leão
Mais velha de quatro filhos, Moema estudou no internato Assunção, em Goiânia. Em vez de sentir medo da solidão com as freiras, consideradas rígidas, a pequena estudante animou-se com a nova aventura. Antes mesmo de chegar ao colégio, as outras alunas vivenciaram momentos de pura curiosidade para conhecer “a menina das caixas”. O pai da empresária havia enviado inúmeras caixas em nome de Moema.
“Sou empinada. Foi o comportamento que adotei desde pequena e fiquei esticada demais. Minha postura de vida é nunca ficar triste, aceitar e estar sempre preparada para o que o destino colocar em meu caminho, seja bom, seja ruim. Não sou daquelas que acham que nada me atingirá”, reforça Moema.
Quando a pequena de Rio Verde chegou do internato, aos 12 anos, todos puderam vê-la e matar a ansiedade. “Foi a melhor época da minha vida”, conta. A fama de ser estilosa começou por lá. Ao voltar para a cidade natal, Moema cortava o cabelo de todo mundo aos moldes vistos na capital goiana. De presente de 15 anos, ela pediu uma máquina de costura para estar sempre na moda.
“Era só chegar em Rio Verde e as pessoas me procuravam a fim de saber as novidades da cidade grande. Era um reboliço só. Cortava os cabelos das pessoas e contava sobre as tendências fashion, pois, naquela época, não tinha como ficar por dentro das novidades, afinal não havia televisão, só rádio. Em dias de festa, costumava fazer como penteado coque e as pessoas pediam igual. Antenada, sempre prestei atenção nas tendências em Goiânia”, recorda Moema.
Moema se formou no Normal e conheceu Flávio de Souza na cidade de nascimento. Aos dezoito anos, a jovem goiana subiu ao altar. Sócio da construtora Encol, o então marido mudou-se para Brasília com o objetivo de abrir um escritório na capital federal em 1971.
Na cidade, o casal adorava organizar festas. Famosas, a maioria contava com a presença de Juscelino Kubitschek. “Ele adorava dançar. Só ia em festas se fosse baile”, lembrou a anfitriã. Uma mulher de posses, Moema não tinha a necessidade de trabalhar. Mas, desde que desembarcou no início da fundação de Brasília, com o ex-marido Flávio de Souza, lutou pelo direito de ter um emprego e ser independente. Ela tanto insistiu que conseguiu.
O pai de seus quatro filhos construiu uma casa no setor de Mansões do Park Way. No terreno, ergueu um chalé a fim que a jovem Moema tocasse um negócio de móveis antigos com a sócia Eunir Sarmento. Por ser no jardim da residência, foram poucas vendas.
Isso não a impediu de realizar outros sonhos. “Meu ex-marido queria me controlar. Meu desejo era montar uma loja de rua e alçar minha liberdade. Felizmente, consegui projetar uma loja de móveis na Asa Sul. Foi um sucesso.”
Questionada sobre como lidar com a maternidade, Moema continua afirmando sua filosofia de vida. “Tenho uma ligação muito forte com os meus filhos. Eu os envolvo de maneira que eles nem percebem, porque me faço importante, porém, sem cobrança. Por exemplo, a Valéria tem uma vida ocupadíssima, mas o escritório dela é aqui na minha casa”, enfatizou a empresária.
Moema se enxerga como uma mãe leve e presente. Um dos momentos mais intensos de sua vida foi a descoberta de um câncer. Corajosa, ela precisou dar apoio aos filhos e não se abalou com o diagnóstico.
Questionada sobre um conselho para as leitoras, Moema sugere o empoderamento: “A mulher tem que ter uma vida própria, tendo essa individualidade, se sente mais segura. É bom ter seu companheiro, mas sem a dependência. Até porque me casei quatro vezes! Precisamos ser feliz. O que é felicidade para mim? Sentir prazer nas pequenas atividades.”