Conheça a família Guimarães Pascoal, na qual todos os membros são médicos
Istênio Pascoal e Valéria Guimarães e os filhos Felipe, Matheus e Pedro embarcaram na missão de salvar vidas na capital
atualizado
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Quando um membro da família adota a medicina como profissão, certamente todos comemoram. Afinal, aquela pessoa transmite segurança e os parentes se sentem amparados e bem assistidos quando o assunto é saúde.
Agora, imagine uma família composta por um casal e três filhos em que todos têm a mesma vocação? Foi o que aconteceu em Brasília, com os Guimarães Pascoal. Os pais são médicos renomados e os filhos, inspirados por essa trajetória, trilharam o mesmo caminho de salvar vidas.
Curiosa para saber como é a rotina da casa e para saber mais sobre o clã, a coluna Claudia Meireles conversou com Matheus Guimarães Pascoal, membro da família que a representará nessa entrevista. Ele revela como tudo começou e os desafios que eles enfrentam na carreira.
Nascido em Luís Gomes, no Rio Grande do Norte, Istênio José Fernandes Pascoal formou-se pela Universidade Federal da Paraíba e especializou-se em nefrologia. Enquanto fazia residência no Hospital de Base, em Brasília, conheceu Valéria Cunha Campos Guimarães, brasiliense formada pela Universidade Federal de Uberlândia. Na época, ela ainda era estudante.
Valéria especializou-se em endocrinologia e, assim como o marido, ficou 10 anos fora (seis anos em São Paulo e quatro em Chicago, nos Estados Unidos), retornando à capital federal 25 anos atrás.
Istênio e Valéria embarcaram na profissão inspirados na existência de muitos médicos na família. Tios e primos do casal, além da irmã do potiguar, haviam exercido a carreira.
Valéria Guimarães carrega no currículo conquistas desejáveis, como um prêmio concedido pela Sociedade Americana de Endocrinologia (The Endocrine Society) por Serviços Públicos Extraordinários, em 2015. A premiação foi feita em reconhecimento ao impacto de suas realizações no campo da endocrinologia.
Em novembro de 2020, ela será honrada com o prêmio Professor Ulhoa Cintra, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo, por reconhecimento da SBEM e de seus colegas aos seus importantes serviços prestados.
Istênio, por sua vez, apossou-se do Prêmio Jovem Investigador de 1995 da Associação Americana de Cardiologia, por trabalho realizado durante pós-doutorado na Universidade de Chicago e, depois, publicado no Journal of Clinical Investigation, importante revista na área médica.
O casal deu à luz Felipe (hoje com 25 anos) e os gêmeos Matheus e Pedro, 24. O primogênito inaugurou a jornada da medicina na nova geração tendo os pais como referência. Não à toa, não demorou a ser aceito em quatro renomadas universidades: ESCS, UnB, Santa Casa (SP) e Unicamp (SP). Ele escolheu a última para cursar.
Formado em 2019, Felipe, atualmente, faz residência de clínica médica no Hospital das Clínicas da FMUSP (SP), onde os pais também foram residentes. Ele ainda não decidiu qual será sua especialidade.
Matheus e Pedro seguiram pelo mesmo caminho. Eles até chegaram a considerar outros cursos, mas na hora de prestar vestibular, tinham certeza de que iriam dar continuidade ao trabalho dos pais e do irmão mais velho. Pedro se formou na Universidade Católica de Brasília (UCB) e Matheus está no último semestre, também na instituição. O próximo passo é a residência médica.
Confira, a seguir, um bate-papo que explora um pouco mais essa interessante história:
A sua decisão e de seus irmãos de cursarem medicina foi espontânea ou houve uma pressão dos pais?
Embora a medicina fosse um caminho natural, tanto o Pedro quanto eu chegamos a considerar outras opções antes de ingressarmos no curso. Quando se aproximou a inscrição no vestibular, porém, estávamos convictos do caminho a seguir.
A convivência com nossos pais certamente contribuiu muito, mas não de forma direta ou incisiva. Eles diziam que não poderiam ser responsabilizados pelas dúvidas, incertezas e frustrações que permeiam a carreira de um médico, por isso, nunca nos apontaram o caminho da medicina… Mas sentimos a satisfação deles quando confirmamos a escolha.
Em que etapa você e o Pedro se encontram no momento? O que mudou com a pandemia de coronavírus?
Pedro se formou em meio à pandemia da Covid-19, virtualmente; com as formalidades adiadas para janeiro. Eu estou no último semestre, também com a formatura programada para janeiro. Por conta da pandemia, a Universidade Católica de Brasília (UCB) fará as duas celebrações em paralelo.
Estamos intensificando nossa preparação para as provas de seleção para residência médica, que estão previstas também para janeiro próximo. É o nosso foco atual.
Como é fazer parte de uma família toda formada por médicos? O que seus pais acham disso?
É uma situação que nos traz oportunidades e responsabilidades. Nossos pais dizem que isso agrega facilidades a eles. Não que a gente precise fazer diagnósticos e sugerir condutas sempre que nos reunimos, mas o entendimento recíproco ficou simplificado.
Como tem sido atuar na saúde em tempos de pandemia?
Embora parcialmente reclusos, cada um de nós seguiu sua trilha: meu pai, atuando moderadamente na clínica de diálise em que trabalha; e minha mãe, atendendo remotamente seus pacientes com algumas consultas indispensáveis no consultório.
Felipe está retido há 5 meses em São Paulo, sem nos encontrar e atendendo exclusivamente pacientes com Covid-19. Pedro e eu temos atividades vinculadas ao internato na faculdade e estudos em casa.
O que as pessoas dizem a vocês sobre o fato de todos terem escolhido a mesma profissão?
Muitos admiram, aplaudem, antecipam boas expectativas. Alguns desejam boa sorte e muita harmonia e compreensão entre nós, enquanto outros acham monótono uma família inteira conviver com os mesmos propósitos, compartilhando os mesmos tipos de êxito e mesmos fracassos potenciais. Como brinca nossa avó Maria José, é um caminho sem volta, para o “bem ou para o bem”.
O que vocês acham da saúde na capital federal? Estão felizes em atuar aqui?
Brasília é um polo pujante e ainda crescente de desenvolvimento da saúde, tanto na área pública como na assistência privada. Profissionalmente, meus pais são felizes aqui. Almejamos seguir seus passos e retornar a Brasília adiante, mas o destino não contrata ninguém… Vamos aguardar.
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