Brasília 60 anos: Orquestra Sinfônica se reinventa em comemoração
Como não pôde homenagear a capital na Torre de TV, a orquestra preparou um vídeo inédito com melodias relacionadas à história da cidade
atualizado
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O aniversário de Brasília tem inúmeras tradições. Uma delas é a apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro. O grupo não ficaria de fora da comemoração dos 60 anos da cidade e vinha se preparando, desde o ano passado, para encantar o público em um concerto ao ar livre na Torre de TV.
Na ocasião, tocariam a Sinfonia da Alvorada, composição pedida por Juscelino Kubistchek a Tom Jobim.
Diante da pandemia do novo coronavírus, o espetáculo sofreu alteração. Foi adiado, assim como o restante da programação especial. Mas, a orquestra não deixará a data passar em branco. O grupo musical fará com que os brasilienses de sangue e de coração celebrem a chegada da “melhor idade” da capital em seus lares.
Como não puderam entregar pessoalmente o presente de Brasília, a solução encontrada foi se adaptar ao ambiente virtual.
Sob a regência do maestro Claudio Cohen, um vídeo produzido pelo grupo fará a população passear nesta terça-feira (21/04), a partir das 11h, em monumentos da cidade por meio das telas. Enquanto os olhos ficam fixados nos lugares icônicos, os ouvidos desfrutam de uma obra inédita, formada por citações de melodias relacionadas à história de Brasília.
O tributo à capital foi encomendado pelos musicistas ao compositor e clarinetista principal, Marcos Cohen.
“Inicialmente, terá o Hino Oficial de Brasília, composto por Neusa França. Seguido do Hino Extraoficial Brasília, Capital da Esperança e das músicas Peixe Vivo e Água de Beber. A canção Parabéns para você finaliza a homenagem”, contou Claudio Cohen em entrevista à coluna Claudia Meireles.
A orquestra está satisfeita com o projeto. O grupo espera que o público, ao receber o vídeo, recorde as melhores experiências vividas na capital. Filho da primeira geração de Brasília, Claudio tem fascínio pelo Lago Paranoá e atividades realizadas nas proximidades.
Confira o vídeo de homenagem a Brasília:
“Nasci em Belém, mas vim para Brasília ainda bebê. Cresci aqui, na época em que a poeira e a terra vermelha eram fartas. Fui criado na Asa Sul, onde convivi com as características de cidade do interior. Festas nas quadras, caminhadas a pé, bicicleta e skate no Parque da Cidade e nos vazios de uma capital em construção”, relembra o maestro, com carinho.
Até finalizarem o vídeo em homenagem a Brasília, os membros da orquestra estudaram e ensaiaram muito em casa. Ao todo, 75 membros participaram do projeto. Cada músico fez uma gravação enquanto tocava seu respectivo instrumento. Em seguida, enviava à central de edição de vídeo, som e imagem. A área é coordenada pelo trompista Ellyas Lucas no aplicativo Sony Vegas.
O trompista organizou e editou o material para que Claudio indicasse os ajustes artísticos finais de equilíbrio e conjunto. Supervisor musical, o maestro vê o método adotado como motivador à orquestra.
“Durante o isolamento, desenvolvemos dois vídeos. O terceiro é o do aniversário de Brasília. Com as gravações, temos a sensação de produzir conteúdo de qualidade à sociedade em geral. Estamos bastante entusiasmados com essa saída criativa”, garante.
Sem poder fazer concertos e encontros entre os membros da orquestra, os musicistas passaram a elaborar os vídeos e, em breve, pretendem disponibilizá-los no YouTube, somados uma série de apresentações.
Veja um dos vídeos:
Com 40 anos de carreira, mesmo em meio à quarentena, o maestro busca maneiras de manter vivo o interesse pelo trabalho, que é realizado em festas de gala e projetos educacionais e sociais.
Em 2019, sob seus comandos, a orquestra realizou 106 apresentações, sendo que 30 delas ocorreram em hospitais e unidades de pronto atendimento (UPAs). “Somos uma instituição muito ativa. Tivemos um recorde histórico no ano passado”, constata Claudio Cohen. Mas, nem tudo são flores. A orquestra integra 88 músicos, porém faltam 30 artistas para completar o quadro ideal.
Outra queixa dos musicistas é a ausência de um espaço onde possam fazer concertos regulares. No caso, a sala Villa-Lobos do Teatro Nacional.
Recentemente, uma notícia trouxe alento à orquestra. “Ficamos otimistas com o projeto de restauração da sala Martins Pena e do interesse da Secretaria de Cultura em revitalizar o Teatro Nacional”, recordou o maestro.
Ao término do período de distanciamento, os componentes desejam retornar com a agenda de concertos pelo DF e quem sabe celebrar o aniversário da capital conforme planejado anteriormente.
“Em tempo oportuno, iremos celebrar de forma presencial a beleza e história de nossa cidade. Com certeza, os 60 anos de Brasília são até 21/04/2020. Quanto tudo isso passar, algo deve ser preparado conforme o merecido”, ressalta o maestro.
Para comemorar a data no melhor estilo, uma possibilidade estudada é a vinda da Orquestra Petrobras Sinfônica, regida pelo maestro Isaac Karabtchevsky, referência do cenário musical.
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