Beber e comer: saiba por que algumas iguarias de luxo são tão caras
A coluna revela o verdadeiro motivo pelo qual o caviar, a trufa branca, o foie gras, o Wagyu e o champanhe simbolizam status
atualizado
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Ao cantarolar “você sabe o que é caviar? Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar”, Zeca Pagodinho soube retratar, com maestria, a curiosidade de todos nós quanto a essa iguaria que só os mais afortunados têm o privilégio de experimentar. Mas, afinal, de onde vem esse alimento que simboliza tanto luxo mundo afora?
A coluna Claudia Meireles explorou essa e outras comidas do mais alto patamar, famosas em todo o globo, e que são aclamadas pela raridade ou por serem sinônimo de chiqueza.
Na lista, abordamos também as trufas, o polêmico foie gras, a carne Wagyu e o elegante champanhe. Entenda o motivo pelo qual esses alimentos são tão caros:
Caviar
Essa é uma das comidas mais requintadas disponíveis no mercado gastronômico. Possui a aparência de bolinhas pretas, rosas ou outras cores, e um sabor intenso de peixe.
O caviar nada mais é do que ovas não fertilizadas de peixes selvagens, como o esturjão, encontrado no Mar Cáspio. Uma curiosidade: depois do tubarão baleia, trata-se do maior peixe de água salgada do mundo.
Como se tornou um animal raro (um dos motivos pelos quais a iguaria tem preço alto), hoje, as ovas podem ser extraídas de outras espécies, como salmão, truta, lumpo ou tainha. Os ambientalistas acreditam que, caso a pesca do esturjão continue sendo excessiva, essa espécie possa entrar em extinção.
Além disso, a reprodução do peixe é tardia e baixa, demorando entre seis e 25 anos para chegar à maturidade sexual. O processo de coleta consiste em tirar as ovas da fêmea ainda viva. Elas são peneiradas, lavadas e escorridas. Depois são salgadas, secas e acondicionadas em latas.
Os preços podem chegar a até 12 mil euros o quilo. No Brasil, entretanto, marcas mais baratas cobram cerca de R$ 150 por 100g.
Podemos classificar o caviar em três tipos, começando pelo beluga, o peixe de maior tamanho e de ovas mais caras, chegando a US$ 2 mil o quilo. De sabor mais suave, tem cor que varia do cinza-claro ao escuro ou preto.
O beluga albino gera o caviar Almas, o mais exclusivo de todos, de ovas brancas.
Em segundo lugar, temos o esturjão ossetra, que é mais barato e provê ovas menores. Um quilo de ossetra custa, aproximadamente, US$ 1 mil. Suas ovas variam entre o amarelo-cinzento e o ocre amarelado, e são ideais para um paladar também suave.
Por fim, o esturjão sevruga, o menor dos três peixes, gera ovos pequenos, nos tons de cinza ao preto, e também mais baratos. Um quilo custa por volta de US$ 650. O sabor é bem intenso.
Para apreciar, os experts aconselham: não se deve mastigar, e sim degustar delicadamente com a língua, pressionando as bolinhas contra o céu da boca, onde se rompem e liberam um “suquinho” de sabor único.
Trufa branca
Trufa é um tipo de cogumelo subterrâneo comestível que cresce próximo a raízes de árvores como o carvalho, localizadas na Europa, mais especificamente no norte da Itália. Esse é um fungo muito difícil de cultivar e, devido ao aroma e sabor típicos, acabou se tornando um alimento caríssimo.
Para desenterrar trufas, os especialistas contam com a ajuda de cães farejadores, que identificam o cheiro da raridade e encontram o local certo de sua presença.
Assista, no vídeo a seguir, a como os cães encontram as trufas:
Existem dois tipos de trufas, a branca (mais cara) e a negra. A primeira é mais aromática e muito mais trabalhosa de ser apanhada, sendo que as originadas em Alba, região próximo a Milão, tem um preço bem salgado. Desembolsa-se 450 euros para adquirir apenas 100 g do produto.
A trufa negra possui um sabor mais terroso e é colhida durante o verão europeu. O quilo pode chegar a R$ 5 mil.
Ambas são laminadas em deliciosos pratos, especialmente em massas, como risotos e nhoques.
Foie gras
Essa é uma iguaria típica da França. Consiste em um patê gorduroso feito com fígado de patos, gansos ou marrecos. A metodologia baseia-se em alimentar as aves de forma forçada (gavagem) para que o fígado cresça em até 12 vezes seu tamanho normal. A massa fica macia, mas divide opiniões, pois ativistas consideram a prática cruel.
Nos primeiros dias, o animal vive livremente em uma área espaçosa e se alimenta de ração à base de milho. Depois, a ave passa a ser confinada em um local com iluminação artificial 24h por dia, instalada para que ela fique mais tempo acordada e comendo. Esse alimento é inserido na garganta do animal por meio de um tubo. O assunto é alvo de discussão no Brasil e no mundo.
A partir de 2022, todos os estabelecimentos de Nova York serão proibidos de comercializar o alimento, depois de a câmara municipal ter aprovado a lei que proíbe essa atividade. Quem descumprir terá de pagar uma multa de até US$ 2 mil.
A produção de foie gras já é proibida em outros países, como Argentina, Itália, Suíça, Reino Unido, Dinamarca, Israel, entre outros, mesmo ele sendo um dos ícones da alta gastronomia, com o quilo chegando a custar US$ 100, aproximadamente.
Wagyu
Ao chegarmos a uma casa de carnes e perguntarmos qual é o prato mais caro do estabelecimento, provavelmente o garçom irá responder que é o Wagyu, peça de origem japonesa de aparência semelhante a um mármore, muito desejada pelo sabor excepcional.
Ao contrário do que muitos pensam, os bovinos que oferecem essa iguaria têm um tratamento especial pelos produtores japoneses, que vai desde massagens relaxantes até música clássica. Tudo é feito para deixar o animal sem estresse, o que resulta em mais sabor e qualidade da carne.
O tempo dedicado e os cuidados milimetricamente tomados na produção da peça são fatores que influenciam no preço final do alimento. Enquanto o famoso Kobe Beef é vendido por até US$ 1 mil o quilo, o pedaço do Wagyu pode custar entre R$ 150 e R$ 220.
Vale informar que a iguaria é uma carne mais saudável, por ser rica em gorduras boas.
Champanhe
Por que o champanhe virou um objeto de desejo? Bom, diferente dos vinhos espumantes, o champanhe “verdadeiro” deve obrigatoriamente vir da região de Champagne, situada no norte da França. Seu processo de vinificação é muito rigoroso e complexo devido às condições climáticas que podem atrasar algumas das etapas.
A produção é demorada pois o vinho passa por uma fermentação primária antes do engarrafamento. Depois, por uma secundária, dentro da garrafa. Em seguida, os produtores contam com o crivling, fase que encaminha as leveduras mortas para o “pescoço” do frasco. Por fim, os gargalos são resfriados para congelá-las e eliminá-las. Elas dão lugar a um licor, etapa que ganhou o nome de dosagem, que determinará a doçura da bebida. Todo esse ciclo leva em torno de 15 anos.
Agora que você já sabe por que o champanhe é tão afamado pelo sabor delicioso e pelo preço “amargo”, que tal brindar em uma ocasião especial?
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