Técnica inovadora revela detalhes de tatuagens de múmias peruanas
Pesquisadores conseguiram ver detalhes impressionantes das tatuagens de múmias de indivíduos que viveram há 1,2 mil anos no Peru
atualizado
Compartilhar notícia
As tatuagens são usadas há milhares de anos como forma de expressão individual e coletiva. Com a ajuda da tecnologia, pesquisadores da Fundação para o Avanço Científico dos EUA e da Universidade Chinesa de Hong Kong conseguiram ver em detalhes impressionantes as tatuagens de múmias peruanas de 1,2 mil anos.
Os cientistas testaram a fluorescência estimulada por laser para analisar as múmias de indivíduos da cultura Chancay, que viveram no Peru há mais um milênio. A técnica já é usada para estudar fósseis de dinossauros. Os resultados foram divulgados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), publicada nessa segunda-feira (13/1).
Os pesquisadores obtiveram imagens claras de linhas que formam desenhos nas mãos e nos antebraços. “A fluorescência estimulada por laser nos permite ver tatuagens em toda a sua glória, apagando séculos de degradação”, afirma o paleontólogo Thomas Kaye, em comunicado à imprensa.
A cultura Chancay era conhecida pelos tecidos produzidos em massa. O novo estudo mostra que esse povo também investiu esforços significativos em arte corporal pessoal.
“Isso pode apontar para tatuagens como um segundo grande foco artístico, talvez carregando profundo significado cultural ou espiritual”, acredita Kaye.
Tatuagens sobrevivendo ao tempo
As evidências mais antigas de populações com tatuagens datam de 5 mil anos atrás. É natural que os desenhos desbotem com o tempo, esse processo é ainda mais intensificado após milhares de anos de decomposição dos tecidos moles, que incluem vasos sanguíneos e linfáticos, músculos e tecido gorduroso, por exemplo.
Quando o corpo passa pelo processo de mumificação, é ainda mais difícil de ver as tatuagens, pois a pele escurece e fica com a aparência semelhante à de um couro. Com isso, a tinta vaza para o tecido circundante.
Kaye e o paleobiólogo Michael Pittman, da Universidade Chinesa de Hong Kong, usam a fluorescência estimulada por laser há mais de uma década para revelar detalhes ocultos no tecido mole dos dinossauros.
Há dois anos, uma aluna de doutorado do Instituto de Arqueologia da Universidade Jaguelônica, na Polônia, entrou em contato com a dupla para perguntar se a tecnologia poderia ser usada para melhorar o estudo de tatuagens de restos humanos mumificados.
Os pesquisadores examinaram mais de 100 múmias de indivíduos do Peru. As peles dos que tinham tatuagens se destacaram intensamente sob a estimulação a laser, gerando um alto contraste com os desenhos.
O resultado foram imagens que praticamente eliminaram os efeitos do sangramento de tinta, revelando tatuagens finamente inscritas. “As tatuagens podem conter muitas informações, inclusive sobre a cultura e o que é importante para o indivíduo tatuado”, considera Pittman.
Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre isso!