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Entenda como os cientistas datam os fósseis

Paleontólogos explicam que há duas abordagens principais para determinar a idade de um fóssil. Entenda como elas funcionam

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Arqueólogo limpa ossos humanos ou animais pré-históricos após escavação sob lâmpada usando ferramentas e escova, examina antigos restos fósseis de esqueleto de dinossauro. Metrópoles
1 de 1 Arqueólogo limpa ossos humanos ou animais pré-históricos após escavação sob lâmpada usando ferramentas e escova, examina antigos restos fósseis de esqueleto de dinossauro. Metrópoles - Foto: Getty Images

Ao ouvir a notícia sobre a descoberta de um fóssil de um animal que teria vivido há milhões de anos, é provável que você tenha se perguntado: “como os cientistas podem saber disso?” A resposta está em técnicas de datação que permitem estimar a idade de ossadas, objetos e outros vestígios do passado com precisão.

Os paleontólogos entrevistados pelo Metrópoles explicam que há duas abordagens principais para determinar a idade de um fóssil: a datação relativa e a datação absoluta.

Datação relativa e a linha do tempo da Terra

De acordo com o paleontólogo Rodrigo Miloni Santucci, professor da Universidade de Brasília (UnB), a datação relativa foi o primeiro método desenvolvido para estimar a passagem do tempo em um objeto e se baseia na disposição das camadas de rochas sedimentares.

“As camadas mais antigas ficam abaixo das camadas mais novas. Além disso, sabemos que, ao longo da história da Terra, as espécies surgem e se extinguem dentro de determinados períodos de tempo. No entanto, quando esse método foi criado, ainda não se sabia exatamente quantos anos durava cada intervalo. Então, os cientistas começaram a nomeá-los, estabelecendo divisões como Jurássico, Permiano e Cambriano”, explica Santucci.

O paleontólogo Luiz Eduardo Anelli, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), usa um exemplo atual para explicar o método . “Até 1960, não existia plástico. Então, podemos separar os sedimentos do mundo em dois momentos: antes e depois do plástico. Esse é um exemplo de datação relativa. No caso dos fósseis, acontece algo parecido. Existe a era dos dinossauros, conhecida como Mesozoico. Acima dessa camada, encontramos fósseis de animais que conhecemos, mas abaixo dela, aparecem formas de vida mais antigas, como os trilobitas”, explica Anelli.

Datação absoluta e os elementos radioativos

Já a datação absoluta permite determinar a idade de um fóssil ou rocha em milhares, milhões ou até bilhões de anos. O método utiliza elementos radioativos, que se transformam em substâncias estáveis ao longo do tempo.

“Sabemos quanto tempo um certo elemento radioativo leva para se transformar em um elemento estável. Ao medir a proporção dessas substâncias em uma amostra, conseguimos calcular a idade do fóssil”, detalha Santucci.

Um dos métodos mais conhecidos de datação absoluta é o carbono-14, utilizado para fósseis de até 50 mil anos.

“O carbono-14 se forma na estratosfera quando os raios ultravioleta bombardeiam o nitrogênio, criando um carbono instável. Esse carbono é absorvido pelas plantas e, consequentemente, por todos os seres vivos. Quando um organismo morre, ele para de absorver carbono-14, e a quantidade do elemento vai diminuindo pela metade a cada 5 mil anos. Isso permite calcular a idade de materiais orgânicos”, explica Anelli.

Para fósseis mais antigos, métodos como o urânio-chumbo e o potássio-argônio são mais eficazes. Minerais encontrados em rochas vulcânicas para determinar idades que chegam a centenas de milhões de anos.

Desafios e limitações na datação de fósseis

Embora os métodos de datação sejam avançados, ainda há desafios que tornam a tarefa complexa. Segundo Santucci, datar diretamente um fóssil é algo raro. “Podemos usar o carbono-14, mas, como disse, ele é restrito a fósseis de até 50 mil anos e que tenham carbono preservado. No fim, a maioria dos fósseis não pode ser avaliada pelo método”, explica.

Atualmente, há tentativas de datar ossos com outros elementos químicos além do carbono-14. No entanto, um dos desafios é evitar a contaminação das amostras. “Os fósseis passam por vários processos geológicos ao longo de milhões de anos, e isso pode interferir nos resultados”, esclarece o pesquisador.

Outro fator que os cientistas buscam aprimorar é a margem de erro das análises. “Às vezes, essa margem pode ser de até dois milhões de anos. Parece muito, mas se estamos lidando com uma rocha de 400 milhões de anos, esse erro acaba sendo pequeno dentro dessa escala. Dependendo da amostra e do equipamento, conseguimos reduzir essa margem para 60 mil anos”, afirma.

Além disso, novas descobertas podem mudar o entendimento sobre a origem e a extinção das espécies.

“O trabalho dos paleontólogos pode ser feito com fósseis de bactérias, fungos, plantas e animais. Como a descoberta de fósseis envolve um pouco de sorte, às vezes encontramos algo que recua no tempo a origem de um grupo ou, ao contrário, mostra que uma espécie que acreditávamos extinta em determinada época sobreviveu por mais tempo”, pontua Santucci.

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