Stalker de Débora Falabella é absolvida na Justiça por ser inimputável
Por causa do diagnóstico psiquiátrico, a mulher foi declarada incapaz de compreender que suas atitudes são ilícitas e teve a prisão revogada
atualizado
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Considerada inimputável, a mulher acusada de stalkear Débora Falabella há 10 anos foi absolvida pela Justiça. Após um exame de sanidade mental, foi alegado que ela não é capaz de compreender a ilegalidade de seus atos e que não oferece riscos à artista.
A juíza responsável pela decisão foi Juliana Trajano de Freitas Barão, da 1ª Vara Criminal da Barra Funda, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Apesar de declarar a mulher, que não teve o seu nome divulgado, como inimputável, a magistrada reconheceu que a postura da stalker alterou a rotina da atriz.
Débora relatou que deixou a própria casa e “precisou expor a constrangedora situação para todos em seu entorno com o fim de manter sua segurança”. O exame ainda recomendou que ela passe por tratamento ambulatorial, que pesou para a decisão da juíza, que determinou que a mulher seja acompanhada por dois anos em uma unidade ambulatorial selecionada pela Justiça.
Diego Cerqueira e Ivana Carneiro, advogados da stalker, afirmaram ao G1 que a inocência da mulher foi reconhecida e que o processo está encerrado. Entretanto, ainda cabe recurso.
“Nossa cliente absolvida sumariamente na modalidade imprópria, por conta daquela resolução. antimanicomial. Ela foi absolvida, mas continuam vigorando as medidas protetivas. Ela não pode mais se aproximar da atriz de forma indeterminada”.
Stalker de Débora Falabella tem esquizofrenia e já foi internada
Poucos dias após Débora Falabella revelar que é perseguida por uma stalker há cerca de 10 anos, a mãe e a defesa da mulher detalharam o diagnóstico de esquizofrenia dela. Por causa do diagnóstico psiquiátrico, a mulher foi declarada incapaz de compreender que suas atitudes são ilícitas e teve a prisão revogada.
De acordo com os advogados Diego Cerqueira e Ivana Carneiro e a mãe da stalker, ela tem 40 anos, é formada em economia, tem um mestrado e fala cinco línguas. Em 2004, teve o primeiro surto esquizofrênico enquanto morava em Paris para estudar.
“Ela disse que estava sendo envenenada por uma senhora, foi à polícia com uma coca-cola e pediu para que eles analisassem o conteúdo. De lá, ela foi fazer uma prova e, quando voltou, ligaram para um amigo dela para perguntar se ele autorizava que ela fosse internada. Passou 21 dias internada e eu tive que buscá-la”, lembrou a mãe.
No relato, ela contou ainda que a filha disse que seria presidente do Brasil quando a encontrou e que ela chegou a imaginar coisas também no voo de volta ao Brasil. Quando voltou ao país natal, ela começou o tratamento para a doença.
Ela foi aposentada em 2018 por invalidez e recebe auxílio-doença pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desde 2013. “No dia da perícia [no INSS], pediram para levar um documento de identificação com foto. Ela levou a carteira de habilitação e a médica olhou para mim e disse ‘como é que vocês deixam uma pessoa dessas dirigir?’. Ela exigiu que ela entregasse a carteira no Detran, e ela fez. Antes, ela dirigia e tudo, mas teve um dia que ela tomou um comprimido de diazepam, foi dar uma volta e bateu o carro”, contou a mãe.
Antes da aposentadoria, a stalker trabalhou enquanto fazia o tratamento psiquiátrico. Entretanto, ainda assim ela sofria com surtos a cada seis meses.
A perseguição a Débora Falabella
O que motivou a mulher a stalkear a atriz foi uma paixão. Segundo a advogada Ivana Carneiro, “ela diz que nunca tinha tido nenhum envolvimento homoafetivo, e que a primeira vez que se envolveu com uma mulher — na cabeça dela — foi com Débora Falabella”.
A stalker disse que viu Débora Falabella em um elevador e se apaixonou. “Quando ela foi presa, me perguntou ‘eu fui presa por amor? Meu amor mandou me prender? Eu só queria que ela me notasse, queria um abraço'”, relatou a advogada.
Após o primeiro encontro entre elas, a mulher enviou presentes para o camarim da artista e uma carta íntima. Em 2022, ela teria fugido de casa durante a madrugada para ir ao condomínio em que a artista mora, em São Paulo.
De Recife, ela teria viajado sem dinheiro e sem ter onde ficar, levando duas malas. Na porta do condomínio da atriz, ela teria pedido para entrar e sido barrada, mas voltou pela noite e gritou pelo nome dela.
A mulher chegou ainda a tentar contato em uma pousada na qual a atriz se hospedou e a enviar o livro Romeu e Julieta com o bilhete “Para o meu Romeu, com muito amor”. Após os episódios, Débora apresentou uma representação criminal pelo crime de stalking e conseguiu uma medida protetiva que proíbe contato e exige distância mínima de 500 metros, ao que ela desobedeceu em setembro passado e teve um mandado de prisão preventiva expedido.
No entanto, essa prisão foi revogada após ela ser submetida a uma nova perícia psiquiátrica, dessa vez pela Justiça.