Repórter da Globo se assume lésbica e denuncia assédio
Em um texto emocionante, Nádia Bochi fala das dificuldades e de como está o seu relacionamento hoje
atualizado
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A repórter Nádia Bochi, que faz os quadros Tem Visita e Na Estrada, dentro do Mais Você, fez um desabafo no Facebook sobre sua sexualidade e denunciou algumas situações de assédio que sofreu por isso.
“Me reconheci lésbica numa época em que ser homossexual não tinha nenhum glamour. Não existia beijo gay nas novelas, pelo contrário as lésbicas explodiam junto com os prédios. Aliás, até no cinema era difícil demais encontrar algum tipo de casal que me representasse. Tive que inventar o imaginário que não existia fora da ficção, bem lá na realidade crua onde a palavra homossexualismo ainda era nome de doença, segundo a Organização Mundial de Saúde. Parece distante, mas isso tudo foi ontem, nos anos 90”, diz o texto.
Logo depois, Nádia fala do período em que trabalhou na HBO Brasil e que conseguiu se libertar, pois um quarto da redação também era homossexual. “Era como se fosse fácil ser feliz e de fato era. E deveria ser assim pra todo mundo! Sei do privilégio que tive e é desse lugar que escrevo até hoje”, conta.
Na Globo, ela também tem liberdade para ser quem ela quiser. “Sinto um prazer sem igual quando alguém para a gente (ela e a namorado) no meio de um abraço pra pedir uma foto e ainda pede desculpas por interromper com tanto carinho uma demonstração de amor. Nunca tive que esconder, nem mesmo das pessoas mais preconceituosas minha orientação sexual e me encho de alegria em dizer que na maioria das vezes tenho sido respeitada por isso”, explica.
O relato partiu de um convite feito por Maô Guimarães, amiga de Nádia. “Ela igualmente escreveu a história dela e é libriana como eu. Também tem uma namorada que ela ama e um trabalho que valoriza o fato dela ser exatamente como ela é. Somos duas mulheres que tem a chance de viver nossa afetividade sem pudores. E se essa realidade ainda não é para todas e todos, é por isso que hoje escolhemos ser vozes reais. Testemunho vivo, necessário e militante! Porque é urgente poder ser tudo que somos, mais do que nunca e sem nenhum direito a menos”, diz.