Rainer Cadete lembra início da carreira em Brasília: “Sou fruto de políticas públicas”
O ator Rainer Cadete está dando vida a Luigi, em Terra e Paixão, e lançou um feat. com Vanessa da Mata. O ator nasceu em Brasília
atualizado
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Além de brilhar na tela da Globo, agora como Luigi, de Terra e Paixão, Rainer Cadete costuma se aventurar no mundo da música. Prova disso é o recente lançamento de Farinha do Mesmo Saco, ao lado de Vanessa da Mata. Em entrevista ao Metrópoles, o ator abriu o jogo sobre como concilia as novelas com a carreira musical e a sua relação com Brasília.
O artista revelou que esta vertente é um plano para sua carreira. “Farinha do Mesmo Saco é a última do primeiro disco, o Leves e Reflexivas, ao lado do Renato Luciano. A gente canta o que temos vontade de cantar. Um trabalho autoral que eu estou adorando fazer”, explicou o artista.
Rainer disse que a parceria surgiu no auge do “enclausuramento”, durante a pandemia de Covid-19, em especial pela admiração dele pelo trabalho como ator, cantor e compositor de Renato Luciano.
“Eu cantei uma música dele, que chamou a atenção, e marcamos um webencontro para fazer um som. Nesse dia, cada um na sua casa, fizemos uma música. No segundo encontro, fizemos outra. E, quando percebemos, tínhamos um álbum inteiro. A primeira parte é o Leves, que são as mais românticas”, explica.
Vanessa da Mata, segundo o ator, veio para fechar com chave de ouro a segunda parte do álbum, o Reflexivas, onde Rainer aborda questões sociais. “Ela adorou a letra e topou colocar a voz dela”. Farinha do Mesmo Saco ganhou um videoclipe que explora, segundo Rainer, a mistura de artes plásticas e cênicas exaltadas na canção. “Vê-la nesse lugar foi sensacional, foi um sonho realizado. As letras dela vão na nossa alma e ela possui uma voz linda. Estar ao seu lado é muito gratificante”, completa.
“Essas duas carreiras [de ator e cantor] se complementam. Eu continuo contando histórias mas, desta vez, através da música. Eu acho que um trabalho complementa o outro. O Leves e Reflexivas é uma performance. É uma ferramenta e pretexto para levantar temas e criar debates sobre assuntos que consideramos importantes. Eu adoro essa palavra, ‘multifacetado’. Que dança, que canta e se coloca nesse lugar de eterno aprendiz”
Rainer Cadete
Preparação para Terra e Paixão
Rainer Cadete tem brilhado na telinha da Globo como Luigi, um trambiqueiro que tenta dar o golpe do baú na filha de Antônio (Tony Ramos), empresário do agronegócio. Apesar de encarnar um personagem de outro país, o ator contou que se prepara para o papel desde a infância, já que morou na Itália dos 11 aos 14 anos de idade.
“Fui alfabetizado em parte italiano. Foi um grande desafio, mas que deu muito certo. Hoje, eu tenho o italiano como segunda língua, falo fluentemente. Tenho um respeito absurdo pela cultura italiana e, sempre que posso, dou uma passada na Itália e curto cada cantinho daquele país com muito amor.”
Para se preparar para o papel de estelionatário de mulheres, Rainer chegou a entrar em um aplicativo de namoro, mas não teve sucesso com as paqueras virtuais. “Ninguém acreditava que, de fato, era eu. Achavam que era um fake se passando por ‘aquele ator das novelas'”, revela.
O gancho que Walcyr Carrasco criou para o roteiro de Terra e Paixão é de grande relevância para o debate sobre relações que começam a partir das redes sociais. Enquanto existem casos de pessoas que iniciaram o romance pela internet e vão viver felizes, por outro, como pondera Rainer, existem as que já passaram por grandes apuros. “Temos que ficar ligados com quem estamos nos comunicando”, aconselha.
Sobre a gama de personagens, que conta com mocinhos e vilões, Rainer explica com qual se sente mais à vontade. “Eu gosto de personagens que me desafiam. Eu acredito que, na nossa vida, em alguns momentos somos vilões e em outros momentos somos mocinhos. Depende da situação e do ponto de vista”.
Vida em Brasília
Rainer Cadete nasceu em Brasília e, apesar de estar longe da capital federal, considera a cidade como fundamental em sua formação. “Foi nessa cidade que esse ator nasceu, cresceu e saiu em busca do lugar ao sol. Eu sou fruto de políticas públicas”.
“Eu tive uma infância bem humilde, sempre estudando em colégios públicos. Quando voltei da Itália, eu ingressei no Centro Cultural Renato Russo. Fiquei vários anos lá, fazendo peças e tendo uma experiência 360°. Atuava, dirigia, escrevia, fazia luz, som, produção… Foi um momento enriquecedor e, por causa desses projetos sociais, eu pude me formar e ser o ator que sou hoje.”
O ator relembrou os pontos do DF que ativam a memória afetiva. “O Parque da Cidade é um lugar que tenho todo carinho do mundo. O Lago Paranoá também, onde eu sempre andei de SUP quando era criança. Quando meu filho nasceu, ele teve essa experiência. Me lembro também de subir e descer a esplanada de bicicleta. Ficar fazendo churrasco com a família. Ficar no Centro Cultural Renato Russo curtindo com a galera das artes… Tenho muitas memórias lindas de Brasília”.