Mariana Xavier homenageia Paulo Gustavo: “Tinha pressa de viver”
Atriz que viveu Marcelina, filha de Dona Hermínia em Minha Mãe é uma Peça, compartilhou mensagem emocionante sobre o amigo
atualizado
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A atriz Mariana Xavier, que viveu a personagem Marcelina, filha de Dona Hermínia nos filmes Minha Mãe é uma Peça, compartilhou uma homenagem emocionante ao amigo e humorista Paulo Gustavo em seu perfil do Instagram neste sábado (8/5). O ator morreu na última terça-feira (4/5), vítima da Covid-19.
Confira o texto na íntegra:
“Dia desses ouvi do meu grande amigo @alexandrecoimbraamaral , citando Freud, que quando a gente perde uma pessoa, a gente não perde “só” uma pessoa importante pra gente, a gente perde também o olhar dessa pessoa sobre a gente… e que é isso também que a gente chora… essa perda de um reconhecimento, de uma vibração, de uma torcida. Acho que ele desvendou a razão principal da minha dor, mesmo com todo o entendimento e consolo que a doutrina espírita me traz.
Foi o olhar generoso e visionário do @paulogustavo31 pra mim e pro meu trabalho que mudou o rumo da minha carreira, mudou minha vida! Ele apostou no meu talento e confiou a mim a bênção e a responsabilidade de fazer a Marcelina, essa personagem que já era tão querida na imaginação de milhares de fãs dele… e esses milhares, com o passar do tempo, viraram milhões.
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Eu me lembro dele no início de 2013, antes de o primeiro filme chegar às telas do cinema, me surpreendendo com áudios empolgados no meio da madrugada: “Amooooor, tô aqui na edição! Tô passando só pra dizer que você tá foda!!!! Tá hilária, tá emocionante! Você vai amar! Tá ligada que sua vida vai mudar depois desse filme, né? Se prepara!”. Eu já vinha de uma longa jornada artística, mas sem dúvida foi “Minha Mãe É Uma Peça” que me projetou pro Brasil. Existe Mariana Xavier a.PG e d.PG.
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Nesses anos todos nós dois nunca criamos o hábito de nos falarmos com frequência, nunca frequentamos a casa um do outro, mas quando a gente se juntava, física ou virtualmente, a troca era de uma magia, de uma sintonia, de uma potência impossível de explicar!
Eu sei que olhando sob a perspectiva humana, materialista, ver partir alguém tão incrível, aos 42 anos, de uma doença para a qual já existe vacina e que levou mais de 420 mil brasileiros, dá muita raiva! Mas me consola pensar que se tem uma pessoa que não desperdiçou um minuto nesse planeta, foi ele! A sensação que eu tenho é de que aquela hiperatividade, aquela energia ligada em 220 V, era pressa de viver, como se de alguma forma ele soubesse que não ia ter tanto tempo aqui. Sabiamente Paulo Gustavo não economizou nada!!!
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Não economizou ideias, projetos, sonhos, amigos, afeto… não economizou dinheiro, nem com ele mesmo nem com um monte de causas nobres que ele ajudou sem alarde, como deve ser a verdadeira caridade. Não economizou brilho, nem no sentido literal nem no figurado. Não economizou amor! Viveu com absoluto orgulho de ser quem era, sem se diminuir ou se anular pra caber em padrão nenhum. Alcançou um sucesso inquestionável, construiu a família que queria com seu marido e filhos, homenageou seus amores pro mundo inteiro ver, mostrando que, como a dele, famílias homoafetivas existem e merecem ser respeitadas! Fez MUITA diferença na vida de todos que cruzaram seu caminho, e na de vocês, que, mesmo de longe, através da obra dele, podiam e continuarão podendo esquecer por alguns momentos as agruras da vida e rir, que, como ele mesmo disse, é um ato de resistência.
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Por mais que a gente esteja sofrendo, porque ele fazia da Terra um lugar melhor e se nós fôssemos evoluídos o suficiente pra sublimar a morte física tão rapidamente não estaríamos encarnados aqui, tenho dentro de mim a certeza reconfortante de que o Paulo não partiu com aquela sensação frustrante de ter deixado algo importante pra amanhã… ao contrário de muitos de nós, que vivem como se nunca fossem morrer e depois morrem como se nunca tivessem vivido, ele sabe que a passagem dele por aqui não foi em vão.
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Eu tô me permitindo atravessar pelos altos e baixos, chorando tudo que tenho pra chorar, entendendo que só o tempo vai dissipar essa tristeza. Hoje dirigindo pra casa da minha mãe, enquanto eu soluçava ao volante, percebi um motoboy circulando e depois acompanhando meu carro. Ele sorriu pra mim, disse “não fica triste, não”, fez um coração com as mãos e terminou com “eu sou seu fã! Você é foda!”. Eu chorei mais ainda, mas de gratidão por fazer parte dessa história! Ei, moço da moto, obrigada! Talvez você não faça ideia do bem que me fez!
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Com Dona Hermínia o Paulo se tornou a mãe mais famosa, a mãe mais querida do Brasil e eu sou herdeira desse amor.
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