Dona do vídeo usado por Ludmilla no Coachella: “Deturparam a mensagem”
A artistas que criou vídeo exibido em show de Ludmilla no Coachella diz que imagens foram tiradas de contexto e que cenas são de denúncia
atualizado
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A artista Ana Júlia Theodoro, a Najur, criadora do vídeo exibido por Ludmilla durante show no Coachella, comentou as acusações de intolerância religiosa com religiões de matriz africanas que tomaram conta das redes sociais após a apresentação da funkeira no festival internacional. Internautas viralizaram trechos das imagens da produção audiovisual onde apareceria uma pessoa pisando em supostas oferendas, cena que ainda é seguida da frase: “Só Jesus expulsa o tranca rua das pessoas”.
Na tarde desta terça-feira (23/4), Najur repostou o texto da produtora independente Britney Crews, com a explicação do que seria o real conteúdo do vídeo: uma pessoa pisando em fios de cobre. A publicação ainda rechaça as acusações e diz que internautas tiraram as imagens de contexto e, na verdade, deturparam a mensagem do vídeo, que é de denúncia contra a intolerância religiosa presente nas favelas do Rio de Janeiro.
“Ana Júlia é a artista dos vídeos curtos e rápidos que você provavelmente já viu e curtiu demais, com o olhar peculiar da cidade do Rio, misturado com amor e denúncias, é assim que essa criadora de conteúdo e videomaker traz sua arte para o mundo. Recentemente, os vídeos da Anaju foram exibidos no telão durante a transmissão de show da Ludmilla no Coachella, uma baita conquista de duas mulheres pretas ganhando a visibilidade que merecem nos seus trabalhos”, começa o texto.
O post ressalta a importância da representatividade com os trabalhos de Ludmilla e Najur, duas mulheres pretas, sendo reconhecidos no palco principal de um dos maiores festivais de música do mundo. “Desde esse acontecimento, que deveria estar sendo um momento de celebração na carreira da nossa amiga, ela tem sofrido uma série de acusações de intolerância religiosa, onde tiraram de contexto as imagens e deturpam a mensagem de denúncia, do retrato que não é exibido na tv do Rio de Janeiro”, completa.
“A imagem como o do homem pisando em fios de cobre e estão acusando como se fosse um despacho, além do outro frame com o pixo ‘Só Jesus expulsa o tranca rua das pessoas’, que é justamente uma denúncia da intolerância religiosa dentro das comunidades do Rio, estão tomando como se isso fosse parte da opinião pessoal dela, quando não é”, garante, por fim a produtora.
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Defesa da Ludmilla
Rapidamente, Ludmilla se pronunciou sobre o assunto nas redes sociais e revelou que não foi sua intenção ofender as religiões de matriz africana. “Quando eu disse que vocês teriam que se esforçar para falar mal de mim, eu não achei que iriam tão longe”, iniciou a cantora.
“Hoje, tiraram do contexto uma das imagens do vídeo do telão do show em ‘Rainha da Favela’, que traz diversos registros de espaços e realidades nos quais eu cresci e vivi por muitos anos, querendo reescrever o significado deles e me colocando em uma posição que é completamente contrária a minha”, explicou.
“‘Rainha da Favela’ apresenta a minha favela, uma favela real, nua e crua, onde cresci, mas infelizmente se vive muitas mazelas: genocídio preto, violência policial, miséria, intolerância religiosa e tantas outras vivências de uma gente que supera obstáculos, que vive em adversidades, mas que não desiste. Isso passa por conviver em um ambiente muitas vezes hostil, onde a cada esquina você precisa se deparar com as dificuldades da favela”, afirmou.
A famosa ainda ressaltou que sua única intenção foi retratar a favela em sua forma mais pura. “Meu show começa com uma mensagem muito explícita, que não deixa dúvida sobre nada! Na sequência, eu apresento a realidade sobre a qual esse discurso precisa prevalecer! Sobre uma favela sem filtros, sem gourmetizações, sem representações caricatas, uma denúncia sobre o real. Estou aqui pelo que é real e não essa versão vitrine importada para gringo achar que esse é um espaço que se reduz a funk, bunda e cerveja!” disse.
“Termino meu show com o céu tomado de pipas douradas, que representam a esperança que eu quero plantar no coração de todos que lidam com essa realidade! Esse vídeo foi feito por uma fotógrafa/videomaker negra e periférica, para que tivesse um olhar de dentro para fora!”, encerrou.