Bob Burnquist atribui sucesso no mundo do skate à rebeldia
Uma das maiores lendas do skate mundial, a vida de Bob Burnquist virou série na Max e mostra a trajetória de sucesso do esportista
atualizado
Compartilhar notícia
Apesar do reconhecimento recente do skate como modalidade olímpica, vibrar pelos atletas da modalidade já virou regra para a torcida brasileira. Rayssa Leal, Kelvin Hoefler e Japinha foram alguns dos nomes que subiram ao pódio dos Jogos Olímpicos de Paris e conquistaram medalhas. No entanto, para que o skate pudesse brilhar em 2024, Bob Burnquist, outro brasileiro, enfrentou muitos desafios para ampliar o conhecimento sobre o esporte e atrair mais adeptos no Brasil.
Reconhecido como uma lenda do esporte mundial, rivalizando até mesmo com grandes nomes como Tony Hawk, Bob Burnquist tem sua história retratada em Bob Burnquist: A Lenda do Skate, nova série da Max. A produção detalha desde o primeiro contato do atleta com o skate até se tornar uma figura central no esporte, com impressionantes 30 medalhas nos X-Games — competição mais importante da modalidade no mundo.
“Em entrevista ao Metrópoles, Bob Burnquist relembrou momentos marcantes de sua carreira e estacou a importância de sua rebeldia confiança inabalável em suas habilidades. Ele contou que em diversas ocasiões, familiares e amigos o consideraram louco e tentaram impedi-lo de realizar manobras mais arriscadas.
“É mais uma flexibilidade, do que inflexibilidade. Lógico que, para quem está de fora e tem uma visão, vai falar que eu tenho que ser assim ou assado. Eu estou vivendo o que eu sou, o que eu faço, eu não vou pegar a minha personalidade e me limitar porque as pessoas acham que tenho que [fazer]”, declarou.
Para Bob Burnquist, o skate é sobre liberdade e superar limites. “O skate não é assim, então, se eu não furar isso e não passar essa bolha, não vai acontecer nada. Eu já me acostumei, existe uma fórmula para que eu aja assim e isso frustra”, diz.
Ele relembrou o momento em que construiu uma mega rampa e instalou um corrimão no Grand Canyon. Para garantir sua segurança, usou um paraquedas ao descer, minimizando os riscos de um acidente grave.
“Para me sentir tranquilo e confiante naquele dia, foi uma questão de construção de habilidade. Aprendi a saltar, fiz vários saltos técnicos, conquistei a mega rampa e o corrimão, e fui combinando tudo”, explicou. Mesmo com pessoas tentando dissuadi-lo, Burnquist confiou na base que construiu ao longo de sua carreira e não hesitou em continuar.
A série retrata Bob Burnquist como um campeão e uma lenda do esporte, mas também revela o lado humano, mostrando antigos vídeos em que ele enfrenta desafios, como lesões, para garantir seu sucesso. Em diversas competições, ele se machucou, mas continuou a competir, sempre buscando soluções para os problemas que surgiam.
Fundamental para a popularização do skate no Brasil, Bob se tornou o maior vencedor do X-Games, deu entrevistas para Jô Soares e foi o único skatista selecionável, além do próprio Tony Hawk, no jogo Tony Hawk Pro Skater. Ele também participou de eventos importantes, como o primeiro campeonato mundial no Brasil e competições de mega rampa.
Embora o skate tenha sido marginalizado e cercado de preconceitos, Burnquist acredita que o esporte hoje vai muito além, sendo uma força maior do que se imagina. Ele menciona sua resiliência como chave para ter completado mais de 90% das manobras que tentou, mesmo após meses de tentativas e muitos ferimentos.
“Eu quero que as pessoas andem de skate. Sim, eu quero que a galera caia, se ferre, porque é muita frescurinha. A vida é difícil. Quando você faz um paralelo de um impacto físico e uma situação de superação, você realmente vê o quanto você é capaz de cavar fundo, pela sobrevivência ou pela insistência no sonho. Porque, às vezes, um ‘não’ destrói e não deve destruir. O ‘não’, deve ser ‘não’ até virar ‘sim'”.
Além de relatos de Bob Burnquist, o documentário traz depoimentos de amigos, familiares, da esposa e de outras lendas do skate, como Tony Hawk. Termos como “crazy” (louco) e “insane” (insano) são frequentemente mencionados. No entanto, quando questionado sobre os riscos que correu, Burnquist prefere deixar esses julgamentos para os outros.
“Vou te falar, é muito pelo contrário. Por eu amar tanto a vida, é que eu faço o que eu faço. Os comentários é porque são outras pessoas falando de mim, se você estiver vendo eu falando de mim, você vai ouvir eu falar que, mesmo esse do Grand Canyon, não teve nada de crazy, teve de divertido”