Bailarina do Ratinho que foi vítima de racismo se diz desestabilizada
A bailarina Cintia Mello foi vítima de uma piada racista do apresentador, que afirmou, durante seu programa no SBT, que ela tinha piolho
atualizado
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Cintia Mello, bailarina que pediu demissão do programa do Ratinho, do SBT, após ser vítima de uma “piada” racista do apresentador sobre seu cabelo, diz ter demorado para acreditar no que aconteceu com ela no dia do ocorrido. Em entrevista à Quem, a dançarina desabafou e afirmou estar desestabilizada depois do ocorrido.
“No início daquela cena, eu não imaginava o que estava por vir. Nós tínhamos liberdade para brincar e sempre foram brincadeiras saudáveis, pois eu estava ali como bailarina, logo para ser reconhecida pela beleza e pela dança. Eu já estava em um dia atípico, porque enquanto eu estava trabalhando, a minha filha estava no hospital, então eu não estava muito bem”, contou.
“Quando o meu cabelo foi relacionado ao ‘piolho’, eu não soube mais como reagir. A partir dali, fiquei realmente no automático por ter ficado constrangida”, lembra Cíntia.
Cintia conta que, depois do momento, buscou conversar com o apresentador a fim de explicar as implicações sociais e raciais das falas dele, mas não teve sucesso.
“Após toda repercussão, busquei conversar com o próprio [Ratinho] e foi uma conversa realmente amigável, em que expliquei a ele alguns pontos sobre a situação, e o quanto eu estava chateada e desestabilizada com tudo aquilo. Tive resposta por um tempo, mas depois o diálogo acabou, porque não recebi mais respostas”, afirma.
Ela não denunciou o apresentador por racismo. Segundo ela, a denúncia, veio do próprio público. “Eu já sabia que aquela ‘brincadeira’ tinha sido péssima, mas realmente levei em consideração que depois poderia falar com ele para que a fala fosse consertada, porque o racismo estrutural faz isso, normaliza falas racistas a ponto de quem as falam acharem que não fizeram nada”, diz.
Segundo Cintia, apesar de não ter culpa de nada, ela ainda foi hostilizada nos bastidores do programa. “Não recebi sequer um: ‘Cintia você está bem?’. Não tive nenhum apoio, nenhuma ligação, realmente nada. Na verdade recebi um abraço de uma camareira que foi extremamente importante para mim”, conta.
“Depois do meu desligamento, recebi uma ligação dizendo que as portas estariam abertas, o que, na realidade, depois do que eu passei nos bastidores, sabia que seria impossível, porque só eu sei o quanto fui hostilizada por algumas pessoas da equipe”, afirma.