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Quer ter uma vida minimalista? Não consuma mais. Recicle o que já tem

Questione e se informe antes de abraçar esse estilo de vida e comprar a ideia das empresas de design

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Quarenta anos depois de Mies Van der Rohe dizer ao mundo que “menos é mais”, revivemos o minimalismo e o elevamos a um novo patamar: o estilo arquitetônico se tornou o conceito de vida. Ser minimalista é o novo hype do momento. O velho hino de liberdade “sem lenço sem documento” agora é o “sem estante e sem mesa de jantar”. Novo século, novos paradigmas. Será?

E não são só os lares que passam a ter espaços mais amplos e livres, a vida, os armários e as agendas também estão cada vez mais leves e vazios. A ideia de ter menos e melhores posses e, assim, viver uma vida menos consumista, materialista e mais responsável com o meio ambiente é linda na teoria, mas a forma como esse minimalismo vem sendo aplicado, porém, deve ser questionada.

Enquanto alguns pregam diminuir a quantidade de coisas que te cercam, como forma de viver de um jeito mais simples, outros estimulam tal “diminuição de coisas” pela substituição de tudo o que se tem por poucos e exclusivos itens: peças de design assinado e itens de altíssima qualidade (e preço). A ideia é válida. Esse tipo de móvel é mesmo maravilhoso e durável. Mas essa substituição, vamos combinar, esbarra na intenção do ecologicamente correto e no freio ao consumismo.

A autora do livro “Menos é Mais – Um guia minimalista para organizar e simplificar a vida”, Francine Jay, reforça que é preciso substituir a ideia de que o consumo gera felicidade e perceber que, na realidade, o consumo, assim como o acúmulo de objetos, é fator diretamente ligado ao nosso nível de estresse. O excesso de coisas cria a tendência à desorganização física e financeira de uma casa.

Logo, a ideia de consumir um estilo de vida simples é um tanto quanto irracional. Quem quer esse novo minimalismo-do-bem como estilo responsável de vida, deve ter esse discernimento que jogar tudo fora e abraçar o consumo de artigos de luxo – mesmo que poucos — é um tanto quanto contraditória. Quer ter uma vida simples e leve, doe ou recicle o que você tem.

Agora se quer o minimalismo como estilo arquitetônico leve e super sofisticado, se jogue mesmo nas compras, no projeto, no design. Mas não banque o amigo do planeta. A indústria aproveita tais tendências bem intencionadas pra emplacar seus produtos e deturpam o conceito.

Querem que você adote a moda minimalista sem deixar de alimentar os bolsos das empresas de design. Algo como “seja minimalista, mas antes compre nosso showroom escandinavo”. É preciso um pouco mais de questionamento e informação antes de abraçar tais estilos de vida. Um pouco mais de percepção do que é de fato um movimento em prol de um mundo mais leve e o que é mais uma jogada de marketing pró vendas.

 

 

 

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