O prazer de fazer parte da construção de um lar
As pessoas têm se aventurado em abandonar a experiência da compra e do consumo para viver a experiência do esforço da criação e da execução
atualizado
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Numa dessas conversas de domingo com um amigo muito querido que está na etapa final da construção de sua casa, ele me conta ter desistido de investir nos móveis de pegada industrial que queria comprar para montar uma pequena oficina de serralheria para construir seus próprios objetos. Investiu cerca de R$ 2 mil em equipamentos de corte, solda e pintura.
A ideia é fazer bases de mesas, treliças de vergalhões para separar ambientes e estruturas de sustentação de armários que também cumpram função estética, dando para o lar o clima industrial tão desejado.
Mais que fazer uma boa economia em mão de obra para a finalização do projeto da casa, a ideia dele acaba gerando outros impactos em sua vida: ele ganha um novo hobby e a oportunidade de ter um papel totalmente ativo na construção do lar. E esse sentimento ele só vai entender quando, de fato, ocupar o espaço para finalmente viver o dia a dia ali.
A brincadeira, inclusive, vira um vício com facilidade. Não é a toa que o tal DIY (do it yourself, ou faça você mesmo, em tradução livre) se tornou uma febre mundial nesse milênio. As pessoas se aventuraram em abandonar a experiência da compra e do consumo para viver a experiência do esforço da criação e da execução.
O processo de escolher um projeto, reunir os materiais, seguir os passos (não se engane, rola muita frustração nessa etapa) e ver a ideia concluída é empoderador, para dizer o mínimo. E a internet abunda de tutoriais de todos os tipos para quem quer construir qualquer coisa: de um macramê para pendurar plantas a uma complexa escada de madeira. Só é preciso coragem e disposição.
Na minha casa, tenho meia dúzia de móveis de madeira projetados por mim. Mesmo não tendo sido responsável pela execução – isso ficou por conta do marceneiro que trabalha em parceria com meu estúdio de design –, passei a sentir uma sensação de conexão ainda maior com o meu lar. Olho para esses objetos e me lembro da dedicação colocada na criação, nos erros e acertos do processo. E sinto essa satisfação inevitável de conviver com esses itens criados por mim. Conectar-se com a casa é uma das maneiras mais bonitas de se apaixonar pelo seu lar.