Loft: casa integrada é coisa para brasileiro?
O conceito gringo vem com elementos chaves como pé direito alto, paredes estruturais de tijolos, concreto aparente e encanamentos expostos
atualizado
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A cultura dos lofts é coisa de gringo que a gente importou para o Brasil. Na teoria e na foto da revista, é uma ideia inquestionavelmente descolada e atraente: uma casa-estúdio, sem paredes internas, onde cozinha, sala e quarto estão totalmente integrados.
Mas as fotos sedutoras que vemos por aí refletem a realidade dos lofts de cidades como Nova Iorque, Londres, Chicago… Onde antigas fábricas desativadas se tornaram uma opção barata de moradia para a comunidade de artistas e intelectuais.
O conceito gringo vem com elementos chaves que se tornaram a marca registrada desse estilo de vida. O pé direito alto, paredes estruturais de tijolos, janelas imensas, panos de vidro, concreto aparente, iluminação e encanamentos expostos, e tudo mais que o estilo industrial engloba.
Acontece que, na prática, esse é um conceito complicado para o Brasil.
São Paulo e Rio de Janeiro até lançaram alguns empreendimentos voltados ao público com esse interesse. E conseguiram criar residenciais que reproduzem com perfeição a estética dos lofts das zonas industriais americanas.
Já em Brasília, e em muitas outras cidades, existem alguns empreendimentos residenciais que se vendem como lofts, mas são, na realidade, quitinetes sem divisórias de gesso acartonado em seus interiores.
Quitinetes com pouca iluminação e, naturalmente, muito pouco espaço. Onde a dois passos da cama já está a geladeira e uma pia de menos de um metro de largura.
Particularmente, dentro da ideia de morar em uma quitinete, ainda prefiro apostar no conceito “loft” do que em quitinetes de 30m2 com quarto e sala. Mas em minha experiência como designer, brasileiro prefere espaços divididos, mesmo que isso signifique menos espaço.
Prefiro a amplitude visual da integração, do que a ideia de morar num mini espaço com micro cômodos, porque essa integração permite trabalhar com mais possibilidades decorativas, além de provocar a sensação de estar sempre num lugar mais amplo, do que apertado em cômodos muito pequenos, que acabam ficando abarrotados com qualquer móvel posicionado ali.
Lembrando que quando falo em mini apartamentos, penso em apartamentos com um único morador ou, no máximo, um casal.
Um ambiente integrado, com um bom projeto, tem muito mais possibilidades de se tornar bonito e funcional, mesmo que o clima de loft novaiorquino seja uma realidade distantes das nossas quitis sem paredes candangas.
Criatividade e harmonia são as chaves para criar beleza na interação de espaços.