Conhece o móvel mais queridinho do design brasileiro?

Ela foi denegrida, mal falada, deixada de lado. Mas deu a volta por cima, sambou na cara de um monte de críticos, ganhou prêmios e hoje é o móvel mais icônico do design brasileiro. A poltrona Mole, concebida por Sérgio Rodrigues, tinha mesmo que ter um enredo de novela das oito para sagrar-se queridinha nacional.

Tudo começou com um pedido do fotógrafo e amigo de Sérgio, Otto Stupakoff. Ele desejava um móvel no qual poderia “mergulhar como um sultão”. Dito e feito. Em 1957, o designer e arquiteto desenhou a peça com estrutura de jacarandá maciço e tiras de couro responsáveis por sustentar almofadões desajeitados e derramados sobre o alicerce. Um convite irresistível ao uso. Ou, como definiu o jornalista Sérgio Augusto, em 1997:  “Ah, a Poltrona Mole! Quem nunca se sentou numa não sabe o que é…; perdão, na poltrona Mole não se senta, refestela-se, repimpa-se, repoltreia-se”.

Tanto amor pela peça, porém, não foi imediato. Na ocasião do lançamento, críticos a compararam com uma cama de cachorro, julgando a poltrona como “informal demais”. Em seu primeiro ano nas vitrines, reza a lenda, nenhum item foi vendido.

Cinco anos depois, a Mole deu a volta por cima ao vencer o 4º Concurso Internacional do Móvel em Cantù, na Itália. Com algumas pequenas alterações em seu design original, a poltrona começou a ganhar inúmeros prêmios, não só pelo design ou conforto, mas por utilizar materiais regionais em sua manufatura.

Hoje, 61 anos após seu lançamento, ela é o maior ícone do design brazuca e, provavelmente o principal desejo de consumo dos apaixonados pelo modernismo e pelo mobiliário nacional. Um sonho, vale lembrar, desses quase inalcançáveis: uma peça não sai por menos de R$ 13 mil. Haja beleza!