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A breguice nossa de cada dia – Parte I

Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedraaaa…

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1 de 1 SONY DSC - Foto: Maria Fernanda Seixas/Metrópoles

Não existe consenso onde há a necessidade da individualidade. Se, para alguns, a prioridade na hora de arrumar a casa é a estética, para outros, prioridade é o conforto, a funcionalidade ou a economia. O que interessa mesmo quando a gente monta e ajeita nossa casa é aliar tudo isso sem se prender a padrões e regras meramente baseadas no conceito do que é brega, do que é cafona, do que não é tendência. A moda em si é um dos meus instrumentos de trabalho. Mas ela não pode limitar um projeto.

Aqui em casa, por exemplo, tem vários elementos que fazem muita gente virar o olho. Minha geladeira é totalmente tomada por imãs de viagens pelo mundo. Eu amo passar pela cozinha, bater o olho neles e, automaticamente, viajar para as lembranças daqueles momentos. Essa sensação boa que eles me trazem fica acima de qualquer preocupação estética. E é assim que você deve ponderar quando escolher itens que são cafonas, sim, mas também muito amados. Vamos elencar aqui itens que o senso comum e o senso profissional julgam cafonas e avaliar quando e como eles valem a pena:

    • Planta artificial


De fato, tudo que é artificial perde uma parcela gigantesca do charme. Mas, veja bem: quem não tem um item artificial em casa? Seu MDF que imita madeira, sua poltrona de courino, seu porcelanato que imita mármore, seu exaustor de cozinha que simula uma coifa, seu piso flutuante que imita tábua corrida, sua gravura que não é original. Todo mundo tem culpa no cartório. Então, vamos deixar quem tem a plantinha de mentira em paz. Mas, amigo, fica difícil te defender se a plantinha for tosca. Bora procurar imitações bem feitas! Ou, então, vamos ler minha coluna da semana passada e tentar se arriscar com as plantinhas de verdade – e bem resistentes.

    • Sofá reclinável


Deve ter gente se perguntando “como assim sofá reclinável na lista de coisas bregas? Eles são maravilhosos!”. Deixa eu explicar. Muita gente sonha em ter um. Mas para uma grande parcela de arquitetos e designers que trabalham com interiores, 90% desses sofás reclináveis causam arrepios. Primeiro porque não é tão fácil encontrar um exemplar com traços leves e arrojados. Segundo porque eles costumam ser enormes e desajeitados. Terceiro porque num mundo com tanto sofá com desenhos maravilhosos, é uma dor escolher esses grandalhões. Mas vamos à defesa deles. Sim, choramos sangue quando o cliente quer colocá-los no projeto. Mas o projeto é para quem mesmo? Quem vai ficar a noite toda jogado nesse trambolhão delicioso comendo pipoca e vendo TV? Se pra você conforto é mais importante que beleza, esse modelo de sofá é só alegria. Agora, se você gostaria que beleza e conforto caminhassem de mãos dadas, se jogue na pesquisa de mercado – tem, sim, modelos reclináveis que são supersimpáticos e charmosos.

    • Porta-retrato na sala


Tem quem ame, tem quem odeie. Eles têm o poder de trazer as pessoas e os momentos queridos para nossa vida toda vez que olhamos para eles. E essa é a magia do porta-retrato que deixa todo mundo louco para encher a casa de memórias. Em geral, prefiro que eles fiquem nas áreas mais íntimas da casa: corredor, escritório, sala de TV, quartos. Mas nada impede que eles figurem na área social. Especialmente se as molduras forem bonitas. Vale também fazer a triagem das fotos e escolher as mais bonitas, deixando aquela foto da família toda com roupa de banho em um local com menos movimentação. Já os porta-retratos expostos na parede da sala, como quadros, são difíceis de engolir… Especialmente se for aquela foto de estúdio gigante que você fez pro seu casamento, superposada. Deixe essa belezura no quarto (ou no fundo do armário) e substitua por uma arte na sala. Ninguém vai duvidar da felicidade do casal por isso. Mas, ó, tenho teto de vidro. Meu corredor é cheio de fotos de viagens penduradas em quadros na parede. Mas corredor pode (quase) tudo!

    • Ventilador de teto


Se você acha ventilador de teto brega, é porque tem ar-condicionado. Porque, olha, nesse outubro infernal em que batemos recordes históricos de calor, ele é a diferença entre uma vida miserenta e uma vida feliz e fresquinha. Nem todo mundo pode bancar o ar-condicionado. Nem todo prédio comporta ar-condicionado. Nem todo mundo tem espaço ou saco para climatizador trambolho ou ventilador de chão. Então, deixe em paz quem está se refrescando com um ventilador que distribui ventinho uniformemente pelo ambiente.

    • Toalhinha rendada sobre o móvel

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Não é uma tarefa muito fácil inserir esses paninhos rendados sobre móveis em um projeto novo. Mas essa prática fofa de vó pode ser um porto seguro visual para muita gente. Uma recriação de uma prática de família. Minha dica é: se quiser aderir, o faça com estilo. Uma renda bem trabalhada, do tamanho certo sobre a mesa de jantar, por exemplo, pode ficar linda.

Semana que vem eu continuo. Até lá.

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