Empresa autoriza uso de óleo de cozinha como combustível
De acordo com pesquisas, além de reaproveitar o dejeto, o produto é menos poluente. Brasil é destaque na utilização do biodiesel
atualizado
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O uso de derivados de petróleo como combustível é cada vez mais questionado por defensores do meio ambiente e também pelo mercado. Afinal, é um bem não renovável. Por isso, alternativas como carros elétricos se tornam cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas. E também outros tipos de combustíveis, como o biodiesel.
E até a combinação entre um derivado renovável e o reaproveitamento de uma mercadoria poluente passa a ser uma aposta. Com esse propósito, a Ford anunciou que a linha de vans Transit foi aprovada para rodar com HVO (Hydrotreated Vegetable Oil).
É um tipo de diesel renovável que, além de óleo de cozinha usado, pode incluir gordura animal, óleo de peixe e subprodutos de processos industriais em sua composição. Por enquanto, a novidade só deve aparecer na Europa.
Segundo nota, a Ford argumenta ter tomado a decisão porque o Velho Continente adotou metas rigorosas para reduzir as emissões dos veículos novos. Isso abriu espaço para os veículos elétricos como para o investimento em outras opções que substituam os derivados de petróleo.
“Por usar hidrogênio como catalisador no processo de produção, o HVO queima mais limpo e tem uma vida útil mais longa que o biodiesel convencional. Ele reduz em até 90% os gases de efeito estufa, emite menos NOx e partículas e também facilita a partida do motor em baixas temperaturas”, promete a marca.
Testes
De acordo com a Ford, o HVO foi testado “exaustivamente” no motor EcoBlue 2.0 da Transit e não houve necessidade de alteração do combustível. Além disso, existem empresas na Europa que recolhem o óleo de cozinha usado em restaurantes, indústrias e escolas, além do programa RecOil, da União Europeia, para aumentar o reaproveitamento na produção de biodiesel.
O obstáculo, por enquanto, é a rede escassa de distribuição do HVO, que é comercializado principalmente na Escandinávia e nos países bálticos, na forma pura ou adicionado ao diesel comum. Em algumas frotas, preocupadas com a imagem ecológica, ele também é utilizado.
“Se o veículo precisar ser abastecido em uma região onde o HVO não é disponível, o motorista pode usar diesel convencional – os combustíveis podem se misturar no tanque sem problemas”, adianta a nota da Ford.
“Permitir que nossas vans funcionem com combustível feito de resíduos, como óleo de cozinha usado, pode parecer absurdo, mas o HVO é, de fato, uma solução para os motoristas e frotistas ajudarem a melhorar a qualidade do ar para todos”, afirma Hans Schep, gerente geral de Veículos Comerciais da Ford Europa.
No Brasil
A notícia, de qualquer forma, é boa para o Brasil, uma vez que o país é um dos maiores produtores de biodiesel do mundo. Cada vez mais, o produto vem sendo utilizado na frota do país — a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por exemplo, autorizou o aumento de 10% para 11% da mistura de biodiesel no diesel.
A mistura pode subir para 15% até 2023. O Brasil começou a apostar no biodiesel ainda na década de 1990. Existem experiências pontuais e não governamentais de pessoas usando o próprio óleo vegetal usado em automóveis. Entretanto, nunca foi montado um esquema comercial para essa utilização. Hoje em dia, por volta de 80% do biodiesel no país vem do óleo de soja.