Zema sobre frente Sul-Sudeste: “Jamais será para diminuir outras regiões”
Governador de MG se pronunciou após fala polêmica sobre união de regiões para frear suposto favorecimento do Norte e Nordeste no Congresso
atualizado
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Após declaração que gerou repercussão negativa, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), usou as redes sociais na noite deste domingo (6/8), para dizer que a proposta de união da frente Sul-Sudeste “jamais será para diminuir outras regiões”.
“A união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais pro país ter mais oportunidades”, escreveu o governador.
“A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil tá no trabalho em união”, prosseguiu.
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Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Zema afirmou que há um suposto favorecimento de estados do Norte e do Nordeste em pautas econômicas que tramitam no Congresso Nacional, como a reforma tributária. Ele então defendeu a união do consórcio formado pelos estados do Sul e do Sudeste para barrar eventuais perdas financeiras para as duas regiões.
“Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso”, afirmou.
Zema também reclamou do fundo criado para Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “E o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade…Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década”, declarou o governador de Minas Gerais.
A declaração gerou incômodo entre governadores do Nordeste, que enviaram uma nota, em nome do Consórcio do Nordeste, pedindo o fim de “narrativas segregadoras”.
A fala também repercutiu entre chefes do Executivo em outras regiões. O governador Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, saiu em defesa de Zema, mas negou que a frente é uma tentativa de colocar “estado contra estado”.
“A gente nunca achou que até hoje os estados do Norte e do Nordeste haviam se unido contra os demais estados do país. Pelo contrário, a união desses estados em torno da pauta que é de interesse comum deles serviu de inspiração para que a gente possa finalmente fazer o mesmo”, disse Leite.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), no entanto, afirmou que “foi feita uma comparação que não foi feliz”, mas que o colega de Minas Gerais iria, em breve, se manifestar para explicar o “mal entendido”.
“O Centro-Oeste, no que depender de Goiás, será sempre este elo forte para nunca deixar avançar nenhum sentimento separatista, o que é responsabilidade de todos nós, governadores e governadoras. Nossas diferenças não precisam ser sinônimo de divergência”, afirmou.
Ministra Marina Silva
Mais cedo, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste “não têm vida” sem as unidades federativas que ocupam a Amazônia.
Questionada sobre o assunto, Marina afirmou que não viu a declaração do governador, mas ressaltou a importância dos estados do Norte e do Nordeste na economia do Brasil e da América do Sul.
“Eu não vi a fala do governador, não sei o contexto, mas o que posso dizer é que as chuvas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste são produzidas pela Amazônia, e os povos originários da Amazônia são responsáveis pela maior parte da preservação dessa floresta. Setenta e cinco por cento do PIB da América do Sul está relacionado às chuvas produzidas pela Amazônia”, disse a ministra.