Zé Gotinha se inspira em Harry Potter para atrair jovens em vacinação no RJ
A Secretaria Municipal de Saúde inovou em posts com linguagem informal e próxima do público; especialista aponta importância
atualizado
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Rio de Janeiro – No mundo da fantasia, tudo é possível. E foi assim que um dia o Zé Gotinha se inspirou no Harry Potter para atrair os jovens para vacinação contra a Covid-19 no Rio de Janeiro. A ideia nasceu dentro da comunicação da Secretaria de Saúde da cidade do Rio e acabou se tonando símbolo de uma revolução.
Lá, o famoso mascote do Ministério da Saúde estrela como “Zé Gotta”, sob a perspectiva do filme ‘Harry Potter e a ordem da fênix‘.
“Coronga defensus: proteção melhor do que um feitiço contra aquele-vírus-que-não-deve-ser-nomeado só mesmo a vacina, a maior das relíquias!”, diz a legenda da foto.
Essa e outras campanhas cheias de referências e trocadilhos fizeram alavancar o alcance das publicações da secretaria nas redes sociais.
O que era para ser só uma brincadeira para acompanhar os inúmeros memes que estavam circulando acabou transformando a política de comunicação.
“Tem sido muito divertida a criação para toda a equipe”, conta a coordenadora da área, Paula Fiorito. “Hoje, alcançamos quase 2 milhões de pessoas nas redes sociais, interagindo, comentando e compartilhando”, completa.
“Há uma grande expectativa de toda a equipe para cada post, para ver a reação das pessoas. Temos muitos planejamentos pela frente”, relata Fiorito.
Com publicações pensadas para cada geração, a equipe de Comunicação da SMS – que conta com cerca de 10 pessoas, de idades entre 20, 30 e 40 anos – produziu diversos conteúdos com o que mais fez sucesso a cada ano.
O impacto
A adesão do público ao trabalho feito pela secretaria tem gerado resultados também quando o assunto não é a vacinação.
“A gente sabe que o tema (saúde) não é fácil, mas temos notado as pessoas mais presentes no perfil como um todo, os números apontam que os conteúdos no geral retêm atenção do público”, aponta Fiorito.
Para ela, é uma esperança de que a população busque mais informações de qualidade daqui para frente. “Os jovens estão mais engajados, talvez, dessa forma, a gente consiga instruir sobre diversas outras questões relevantes, como o uso de preservativos e a disseminação de doenças.”
Pesquisador da Fiocruz e integrante da iniciativa Observatório Covid BR, Marcelo Gomes compactua do posicionamento. “Isso é necessário para que tenhamos uma geração se formando já com um novo olhar em relação a essas ações coletivas de proteção”, afirma.
Gomes entende que muitos jovens não buscam veículos de mídia tradicionais para se informar nos dias de hoje, mas acredita que iniciativas nativas das redes sociais – ambiente ao qual estão acostumados – podem gerar frutos significativos.
“Podemos ter um efeito em que até mesmo essa geração mais nova ajude a população adulta, podendo gerar uma mudança de comportamento e de conhecimento, assim como já foi feito com questões ambientais há anos atrás”.