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Zambelli diz à PF que não sabia que Delgatti era o hacker da Vaza Jato

Deputada foi convocada pela Polícia Federal para falar sobre sua relação com o hacker que invadiu o sistema do Conselho Nacional de Justiça

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1 de 1 imagem colorida de Carla Zambelli de perfil - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (14/11), no inquérito que investiga denúncias do “hacker da Vaza Jato”, como é conhecido Walter Delgatti. Na saída, a parlamentar afirmou que, quando o contratou inicialmente, não sabia que Delgatti era o hacker que vazou as conversas do ex-juiz Sergio Moro e de procuradores da Operação Lava Jato.

“Quando eu conheci, não sabia que era hacker. Nem ligava ele com a pessoa que ele é, o Vermelho”, disse, referindo-se a um apelido de Delgatti. “Quando o contratei para as redes sociais, na verdade, ele mandou uma proposta para mim dizendo que precisava trabalhar, cobrou R$ 10 mil nessa proposta para poder ligar as redes sociais ao site”.  De acordo com a deputada, as conversas em torno dessa negociação foram entregues à PF.

Zambelli foi questionada se tinha conhecimento de que Delgatti era o mesmo hacker da “Vaza Jato”. Ela negou. “No começo, não [sabia]. Não me lembro [quando descobriu], foi no meio do processo. Acho que foi mais pro final do ano passado.” Ouça:

O hacker diz que foi contratado pela deputada para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir dados falsos. Entre eles, um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O Metrópoles teve acesso exclusivo aos comprovantes de pagamento feito pela equipe de Zambelli ao hacker. O documento traz uma lista de quatro transações via Pix de pessoas próximas à deputada. De acordo com a assessoria dela, o dinheiro repassado “não teve relação com a invasão dos sistemas do CNJ”.

“A PF já concluiu que as transferências, que totalizaram R$ 10,5 mil, foram feitas para pagar garrafas de uísque. Além disso, a PF não encontrou indícios de que Carla Zambelli soubesse dos ataques ao sistema do CNJ ou mesmo sobre as transações entre seu então assessor e Walter Delgatti”, informou a assessoria da deputada.

Walter Delgatti, em depoimento à CPMI dos atos de 8 de janeiro, disse que Zambelli prometeu a ele um emprego após uma eventual reeleição do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele também teria dito à PF que recebeu R$ 40 mil de uma assessora dela pelo serviço e entregou um áudio que comprovaria a contratação.

Relembre o caso

O hacker apontou que a deputada teria atuado no plano para tentar invadir as urnas eletrônicas usadas nas eleições de 2022. Em outras versões, aliados de Zambelli alegam que foi Delgatti quem procurou a deputada e Bolsonaro.

No dia do depoimento, Zambelli respondeu e afirmou que terá a “inocência provada” e chamou Delgatti de “mentiroso contumaz”.

Em agosto deste ano, a PF deflagrou a Operação 3FA contra Zambelli e Walter Delgatti, que foi preso na ocasião. O objetivo da operação foi esclarecer a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do CNJ e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

De acordo com a Polícia Federal, os crimes aconteceram em 4 e 6 de janeiro deste ano. Nas datas, foram inseridos no sistema do CNJ e de outros tribunais brasileiros 11 alvarás de soltura de presos e um mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes.

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