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Youtuber negro desabafa após abordagem policial: “Aconteceu abuso”

Ciclista fazia e gravava vídeo de manobras no momento em que foi alvo de ação policial. MP e PM investigam o caso

atualizado

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Filipe Ferreira Cidade Ocidental Goiás
1 de 1 Filipe Ferreira Cidade Ocidental Goiás - Foto: Reprodução

Em novo vídeo publicado nas redes sociais, e indignado com a abordagem de policiais militares enquanto fazia e filmava manobras de bicicleta, o youtuber negro Filipe Ferreira denunciou, neste domingo (30/5), que sofreu ameaças dos PMs após parar a gravação em seu celular. Ele disse que postou o primeiro vídeo por causa do “abuso que aconteceu”.

O caso ocorreu na Cidade Ocidental, no Entorno do Distrito Federal.

“Depois da filmagem, o policial continuou me oprimindo, me pressionando para que eu assinasse o papel, porque senão ele me levaria para a delegacia, e coisas piores poderiam acontecer comigo se eu continuasse falando”, contou Ferreira.

O caso ocorreu na sexta-feira (28/5). A Polícia Militar do estado informou que apura o caso, mas não se manifestou sobre o novo vídeo.

“Abuso”

Ao ser abordado, o youtuber questionou o motivo da ação policial, recebeu respostas ríspidas dos policiais, viu uma arma ser apontada para ele a todo momento e foi algemado porque, segundo os PMs, aquele era o “procedimento”. O Secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, disse ao Metrópoles que haverá punição, se confirmado abuso.

Segundo o jovem, a gravação das manobras o livrou de algo muito pior.

“Se eu não tivesse gravando aquele vídeo, seria muito pior. Eles teriam me agredido, me levado preso, talvez até implantado uma droga, já que ele falou que ali era ponto de droga. Poderia ter plantado uma droga no meu bolso e me levado preso, e hoje eu estaria preso”, disse.

O youtuber ressaltou que, ao ser abordado pelos policiais, apenas questionou o porquê. Um dos policiais aparece no vídeo e fala de forma ríspida, apontando a arma para o youtuber a todo o momento.

Ferreira afirmou que gravou o novo vídeo para fazer alguns esclarecimentos, já que passou a receber muitas críticas por parte de alguns internautas, como se ele quisesse ter se aproveitado da situação.

“Tem muita gente também sendo hipócrita achando que postei aquele vídeo só para poder lacrar, para poder ganhar alguma coisa em troca disso”, reclamou.

“Acontece diariamente”

De acordo com o youtuber, o vídeo serviu para mostrar uma prática comum da abordagem policial no município. “Foi simplesmente uma abordagem que acontece todos os dias com a minha população aqui da minha cidade, isso acontece diariamente. Policial botando o dedo na cara, sendo arrogante, pisando no pé”, afirmou.

“Não falei que não iria obedecer à ordem dele. Só perguntei o porquê ele estar mandando descer da bike. Por que ele estava abordando? Não custava nada ele falar que era a rotina deles. Ele veio logo apontar a arma para minha cara e gritando comigo, como se eu estivesse fazendo algo ilícito ou alguma coisa de errado, mas eu não estava”, disse.

Ferreira reforçou que estava apenas gravando um vídeo para o canal dele no YouTube, e não queria registrar um flagra de abordagem policial. “Não era isso que eu queria. Queria só ter postado o meu vídeo, ter ido para casa e não estar acontecendo nada disso”, lamenta.

O jovem ainda contou que ele e familiares estão todos assustados. “Neste momento, eu não estou conseguindo nem sair de casa. Minha família está totalmente assustada. O que aconteceu naquele dia com aquele policial fardado pode ser muito pior do que ele venha fazer sem farda”, afirma.

Investigação

Assim como a Polícia Militar, o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) também investiga o caso, que gerou bastante revolta na internet. Milhares de internauta também prestaram solidariedade ao youtuber.

A Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) repudiou a abordagem policial.

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