Yanomami de 12 anos morre após ser estuprada por garimpeiro, diz líder
O caso ocorreu em Roraima e foi denunciado por Júnior Hekurari Yanomami, líder indígena da comunidade
atualizado
Compartilhar notícia
Uma adolescente de 12 anos morreu após ser estuprada por garimpeiros na região de Waikás, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O caso foi denunciado por Júnior Hekurari Yanomami, líder indígena e presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana.
Em vídeo publicado nas redes sociais, ele conta que garimpeiros invadiram a comunidade e levaram uma mulher, uma criança e uma adolescente de 12 anos. “Os garimpeiros a violentaram, estupraram, e isso ocasionou o óbito. O corpo da adolescente está na comunidade”, disse.
Ele também afirmou que o corpo da criança está desaparecido dentro do rio Uraricoera. Hekurari disse que vai até a região nesta terça-feira (26/4) para buscar o cadáver e encaminhá-lo ao Instituto Médico Legal (IML).
“Comunico às autoridades, ao Ministério Público Federal, Polícia Federal, Exército. E amanhã também irei a comunidade buscar o corpo de uma mulher, uma adolescente, que os garimpeiros ocasionaram o óbito por violência. Estou muito triste que está acontecendo isso com meu povo”, disse.
Veja o vídeo:
Conforme vídeo, recebi a informação hoje (25/04) as20h que uma adolescente de 12 anos foi violentada brutalmente por garimpeiros na região do Palimiú e, que uma criança de 4 anos que estava com a mesma caiu do barco em que estavam.Amanhã estarei indo no primeiro horário p/comuni. pic.twitter.com/KOhCuxpXy3
— Júnior Hekurari Yanomami (@JYanomami) April 26, 2022
Em nota, o Ministério Público Federal informou que busca apuração do caso junto às instituições competentes. O órgão diz acreditar “que situações como essa são consequência cada vez mais frequente do garimpo ilegal em terras indígenas em Roraima”.
“Como forma de evitar novas tragédias como as que vem ocorrendo, o MPF já acionou a Justiça e se reúne rotineiramente com instituições envolvidas na proteção do território indígena para que se concretizem medidas de combate sistêmico ao garimpo. Entre essas medidas, estão a retomada de operações de fiscalização, construção de bases de proteção etnoambiental e mudanças nos procedimentos adotados por órgãos fiscalizadores”, informou a instituição.
Conflitos
Segundo o MPF, em nota divulgada no início de abril sobre invasões de garimpeiros ao território indígena Yanomami, em Roraima, “conflitos armados e ameaças de garimpeiros contra indígenas têm sido registrados com frequência”. É o que mostra relatório da Comissão Pastoral pela Terra, divulgado em 11 de abril.
De acordo com a instituição, foram registrados 35 assassinatos em conflitos no campo em 2021, um aumento de 75% em relação ao ano de 2020. Do total, 11 mortes foram em Rondônia. Outro massacre ocorreu em Mucajaí, sul de Roraima, com a morte de três indígenas Moxihatëtëa, que pertencem a um subgrupo Yanomami.
No fim de março, o MPF realizou novo pedido à Justiça Federal para obrigar a União a retomar ações de proteção e operações policiais contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.
Os pedidos foram protocolados em 31 de março, em caráter de urgência, após agentes do MPF realizarem visita à região conhecida como Serra das Surucucus, em Roraima. Durante a ação, foi constatado que os garimpos ilegais ocupam toda a região.
“Isoladas do contato com a sociedade, as comunidades indígenas estão cada vez mais próximas do garimpo e não podem usufruir de seu habitat tradicional, já completamente degradado pelo desmatamento e poluição dos rios”, mostra o Ministério Público.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.