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WWF: terras indígenas são fundamentais para proteção de onças-pintadas

Na Amazônia, as terras indígenas são o principal reduto para proteção e conservação das onças-pintadas, aponta estudo

atualizado

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John Medlock/Barcroft Media via Getty Images
Onça-pintada
1 de 1 Onça-pintada - Foto: John Medlock/Barcroft Media via Getty Images

As terras indígenas demarcadas são a chave para proteção da onça-pintada, um dos principais símbolos da fauna brasileira. Entre as 447 terras protegidas na Amazônia, 330 são as reservas dos povos originários consideradas como santuários para preservação do felino, segundo aponta uma pesquisa publicada na revista científica Nature, nesta quarta-feira (15/2).

O estudo contou com a participação de pesquisadores da organização não governamental (ONG) WWF, em conjunto com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Os pesquisadores apontam que a Amazônia representa o maior reduto das onças-pintadas no Brasil, cujo habitat se espalha por uma área de 9 milhões de km². Entretanto, a invasão de garimpeiros ilegais, aumento da agricultura e obras de infraestrutura ameaçam o local de preservação desses animais.

Com o aumento do desmatamento para criação de gado, o estudo aponta que entre 110 e 150 onças-pintadas e suçuaranas podem ser mortas anualmente devido à caça e a envenenamento.

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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal
Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos
Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior
O presidente da República questionou a veracidade das informações e chegou a afirmar que se o relatório fosse verdadeiro a floresta já estaria extinta. O diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado por causa da qualidade das informações divulgadas pelo órgão
Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo
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A destruição de florestas na Amazônia alcançou um novo e alarmante patamar durante o governo Bolsonaro. O desmatamento no bioma aumentou 56,6% entre agosto de 2018 e julho de 2021, em comparação ao mesmo período de 2016 a 2018

Igo Estrela/Metrópoles
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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal

Igo Estrela/Metrópoles
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Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos

Igo Estrela/Metrópoles
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Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior

Fábio Vieira/Metrópoles
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O presidente da República questionou a veracidade das informações e chegou a afirmar que se o relatório fosse verdadeiro a floresta já estaria extinta. O diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado por causa da qualidade das informações divulgadas pelo órgão

Ricardo Fonseca/ASCOM-MCTIC
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Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo

Fábio Vieira/Metrópoles
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Diante da polêmica, o governo lançou edital com o intuito de contratar uma equipe privada para monitorar o desmatamento na Amazônia. O presidente também convocou um gabinete de crise para tratar das queimadas e prometeu tolerância zero com os incêndios florestais

Fotos Igo Estrela/Metrópoles
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Porém, durante os três anos de governo de Jair Bolsonaro, as políticas ambientais foram alvo de críticas devido aos cortes orçamentários, desmonte de políticas de proteção ambiental e enfraquecimento de órgãos ambientais

Reprodução
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Em 2020, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe do Executivo voltou a criar polêmicas ao declarar que os incêndios florestais eram atribuídos a "índios e caboclos" e disse que eles aconteceram em áreas já desmatadas. Além disso, Bolsonaro alegou que o Brasil é vítima de desinformação sobre o meio ambiente

Agência Brasil
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No ano seguinte, Bolsonaro elogiou a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal e enalteceu a Amazônia durante a assembleia. Além disso, disse que o futuro do emprego verde estava no Brasil

Agência Brasil
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Em novembro de 2021, o presidente classificou as notícias negativas sobre a Amazônia como “xaropada”. Contudo, de acordo com o Inpe, a área sob risco tem 877 km², um recorde em relação à série histórica

Lourival Sant’Anna/Agência Estado
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Durante um evento de investidores em Dubai, Jair disse que a Amazônia não pega fogo por ser uma floresta úmida e que estava exatamente igual quando foi descoberta, em 1500

Agência Brasil
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Bolsonaro costuma falar com apoiadores no Palácio da Alvorada todos os dias

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Desmatamento na Amazônia

Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images

 

A pesquisa analisou 447 áreas de preservação na Amazônia, uma área de 1.755.637 km², e constatou que 41,7% das onças-pintadas do bioma estão localizadas dentro desses territórios. Desse total, 63,2% dos felinos vivem dentro das terras indígenas, com uma extensão de 1.120.738 km².

As terras indígenas com maior índice de preservação das onças-pintadas são: Apyterewa, Araribóia, Cachoeira Seca, Kayapó, Marãiwatsédé, Parque do Xingu, Uru-Eu-Wau-Wau e Yanomami.

As áreas protegidas Estação Ecológica da Terra do Meio e o Parque Nacional Mapinguari juntamente com as oito terras indígenas são responsáveis pelo abrigo e conservação de 3.511 onças-pintadas – 13,2% da população total estimada dentro do território analisado pelos pesquisadores.

“Estes espaços são centrais para a salvaguarda da biodiversidade, mas estão sob múltiplas pressões geopolíticas”, afirma Marcelo Oliveira, coautor do estudo, especialista em Conservação e líder programa de proteção de espécies ameaçadas do WWF-Brasil.

O coordenador do Cenap, Ronaldo Morato, destaca que o governo federal deve empenhar esforços para manutenção e conservação dessas unidades de proteção ambiental, para garantir a sobrevivência das onças-pintadas na Amazônia.

“Com uma Amazônia em rápida mutação e um financiamento limitado para a conservação, o estudo é fundamental para assegurar que as ações de conservação sejam dirigidas de maneira eficaz para onde são mais necessárias e possa proteger o maior número de onças-pintadas”, diz Morato.

Segundo os pesquisadores, é necessário maior investimento do governo federal para proteção e proibição de uso indevido do solo dentro das áreas de conservação.

“O monitoramento participativo com protagonismo das populações da floresta e a utilização de tecnologia são estratégias importantes para compreender a delicada biodiversidade do bioma amazônico, e ajudam a conceber políticas e estratégias sólidas para a sua conservação”, destaca o pesquisador Marcelo Oliveira.

Atividades para proteção das onças-pintadas

O estudo publicado na revista científica Nature destaca a importância do aumento do financiamento para proteção das áreas de conservação e terras indígenas. Além disso, destaca a necessidade da recomposição e ampliação do trabalho do ICMBio e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) dentro desses território.

“Precisamos também de manter a conectividade entre elas através de corredores seguros e de um planejamento sólido do uso do solo para assegurar o fluxo genético. Em última análise, conservar onças-pintadas significa conservar grandes áreas da Amazônia, com importantes benefícios planetários”, declara a Valeria Boron, coautora e conselheira sênior de Programas na WWF-UK.

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