Witzel surpreende e pede para adiar sessão de impeachment; Corte nega
Governador afastado diz que destituiu advogados e pediu adiamento de 20 dias do processo de julgamento no Tribunal de Justiça do Rio
atualizado
Compartilhar notícia
Rio de Janeiro – O Tribunal Especial Misto (TEM), formado por cinco desembargadores e cinco deputados estaduais do Rio, retomou a sessão de julgamento do processo de impeachment do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), na manhã desta quarta-feira (7/4), no Tribunal de Justiça, centro do Rio.
Estava previsto o depoimento do ex-secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, principal delator do esquema de corrupção no Superior Tribunal de Justiça (STJ), porém, antes do início, a maior surpresa foi a chegada de Witzel, que só seria interrogado nesta quinta-feira (8/4). Ele pediu adiamento da sessão por 20 dias sob o argumento de que destituiu os advogados por divergência na defesa.
“Me encontro impossibilitado de me autodefender. Eu peço encarecidamente que me conceda o prazo de 20 dias para apresentação da defesa”, explicou.
“Essa é a maior causa da minha vida. É o julgamento de 4 milhões de votos que acreditaram em um projeto. Infelizmente a testemunha que é delatora foi escolhida por mim para um cargo de confiança. Eu não poderia deixar de fazer as perguntas ao delator que eu entendo pertinentes para descortinar alguns fatos que tomei conhecimento após alguns anexos serem liberados”, disse Witzel.
Comandado pelo presidente do Tribunal de Justiça, Henrique Figueira, o TEM decidiu manter o depoimento de Edmar, porque Witzel já tinha constituído outros advogados em fevereiro e dois não tinham sido destituídos. Agora, está sendo aguardado o início do depoimento de Santos.
A defesa de Edmar Santos pediu para que ele prestasse seu depoimento de forma reservada para, segundo os advogados, preservar a imagem do ex-secretário. A decisão a favor da defesa foi do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e biombos foram instalados para deixar Edmar em uma área exclusiva. A imprensa também teve que deixar o local e o depoimento não poderá ser acompanhado.
Relator do processo de impeachment, o deputado Waldeck Carneiro, do PT, disse, antes do início da sessão, acreditar que o julgamento deverá ser encerrado em 30 dias. “Venho construindo o meu voto a cada etapa. Após o interrogatório do governador afastado, defesa e acusação vão ter 10 dias para apresentar as alegações finais. Em seguida, entregarei meu voto e o tribunal julgará”, afirmou Carneiro.
Ministro chancelou retomada das sessões
As sessões do TEM foram suspensas no dia 28 de dezembro do ano passado por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, o ministro atendeu ao pedido da defesa de Witzel e determinou que o interrogatório do governador afastado só poderia ocorrer depois que os advogados tivessem acesso à delação premiada de Edmar.
Na segunda-feira (5/4), Moraes decidiu que as sessões seriam retomadas mesmo sem que os advogados do governador afastado terem tido acesso à íntegra da delação de Edmar. A defesa de Witzel recorreu à Corte sob o argumento de que só receberam 11 anexos autorizados pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, que só quebrou o sigilo de partes dos depoimentos de Edmar, quando seria fundamental ter acesso a outros 25 documentos.
Denunciado quatro vezes ao STJ, Wilson Witzel já se tornou réu em uma das ações. Ele foi acusado de ter recebido, em função de desvios na área da Saúde por intermédio do escritório de advocacia da mulher, Helena Witzel, pelo menos R$ 554,2 mil em propina. O governador afastado nega.
Vídeo: Witzel explica o que o levou a destituir sua defesa horas antes do julgamento: