Weintraub diz que Bolsonaro “se contaminou” e ameaçou demiti-lo
O ex-ministro do governo afirmou que Bolsonaro se aproximou do Centrão e foi “seduzido pelo poder” ao deixar as pautas conservadoras de lado
atualizado
Compartilhar notícia
O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub e o ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub afirmaram em live transmitida na noite deste domingo (24/4) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ameaçou demiti-los após se aproximar do Centrão.
De acordo com Arthur, o presidente teria ficado chateado com o fato de Abraham estar bem nas pesquisas para o Governo do Estado de São Paulo. As primeiras mensagens para que o ex-ministro desistisse da candidatura chegaram na véspera de Natal de 2021. Assessores de Bolsonaro teriam pedido para os irmãos recuarem ou seriam demitidos dos cargos que ocupavam em Washington D.C, capital dos Estados Unidos.
Abraham deixou o Ministério da Educação ainda em 2020 depois de uma série de polêmicas e de declarações dadas em redes sociais. Ele se mudou para os Estados Unidos logo depois para ocupar um cargo no Banco Mundial. Seu irmão, Arthur, trabalhou como assessor na Organização dos Estados Americanos (OEA) após deixar a Assessoria da Presidência.
“Começaram a envenenar o presidente contra o meu irmão porque ele era o ponto de discórdia”, disse Arthur. Ele alega que o ex-ministro era o único membro do governo que não “se contaminou” com a influência do Centrão.
Junto do ex-ministro, estavam Ernesto Araújo, ex-chanceler brasileiro; Victor Metta e Paulo Eneias. A live levou o nome de “Reação Conservadora – E Conhecereis a Verdade (Revelações)”.
Abraham também afirmou que o presidente está deslumbrado com o poder. No entanto, ressaltou que apoiará Bolsonaro na eleição por “falta de alternativa”.
“O presidente não é Jesus Cristo. Não é Deus. O poder seduz muito se a pessoa não tiver a cabeça no lugar”, afirmou o ex-ministro ao ressaltar estar “chateado” com a família Bolsonaro após insultos a sua família.
“Tudo que importava era se manter no poder e não tomar impeachment, e as pautas foram se perdendo”, disse Abraham sobre o afastamento de Bolsonaro da ala conservadora do Congresso.
A crise mais recente começou quando Abraham e Arthur Weintraub criticaram o indulto ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), na noite de sexta-feira (22/4). Arthur falou em criação de “precedentes” a partir do indulto dado a Silveira pelo presidente.
“Os precedentes que estão sendo criados são péssimos. Depois você vai querer comparar o que aconteceu com o Daniel com um cara lá na frente que tiver (condenação por) corrupção, lavagem de dinheiro, falar ‘não, isso aqui também, já tem o precedente’. É impressionante, nunca pensei que ia ver uma coisa dessas”, disse o ex-assessor em vídeo.
Eduardo Bolsonaro, então, utilizou as redes sociais para xingar os irmãos de “filho da puta”.
Bolsanoro também teria dito a Abraham que não conseguiria protegê-lo. “Ele se perdeu como líder. Não é mais um representante da direita e dos valores conservadores”, completou o ex-ministro.