Wanderson não tinha mais contato com familiares próximos, diz advogado
Preso por triplo homicídio foi encontrado morto na cela em Goiás; ele relatou ao advogado que vinha sofrendo ameaças de outros detentos
atualizado
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Goiânia – O caseiro Wanderson Mota Protácio, de 21 anos, responsável por uma série de homicídios em novembro do ano passado, incluindo o da companheira e da enteada, relatou para o advogado que não tinha contato com a família. O pai, a madrasta e um irmão dele vivem em Minas Gerais e teriam cortado relação com ele. A mãe vive no Maranhão, estado de origem.
Procurado pelo Metrópoles, o advogado Rarisson dos Santos informou que não havia sido comunicado ainda da morte do cliente pelo sistema prisional. Wanderson foi encontrado morto na cela, onde ficava isolado, com sinais de enforcamento na manhã desta terça-feira (18/1).
“Infelizmente o ocorrido demonstra que o Estado ainda não consegue garantir a segurança e o tratamento adequado aos reeducandos em suas unidades prisionais”, informou a defesa por e-mail.
Veja imagens do caso:
Ameaças
O advogado lembrou que Wanderson chegou a relatar que estava aflito com diversas ameaças que teria recebido de outros presos. Na época, logo após a prisão no início de dezembro, a justiça chegou a oficiar o sistema prisional, para que garantisse a segurança do caseiro.
Rarisson relatou que Wanderson disse que não mantinha mais nenhum contato com a família, sabendo apenas que moravam em Minas Gerais. Parentes do caseiro vivem também no Maranhão e Goiás. O pai dele reside com a madrasta em uma cidade mineira, onde também mora um irmão.
Um familiar de Wanderson, que preferiu não se identificar, contou para a reportagem que os parentes teriam se afastado do suspeito por causa de seu comportamento violento e de seus crimes.
Em 2019, por exemplo, ele chegou a esfaquear a irmã de 18 anos de sua madrasta. Ele só não concluiu o assassinato porque a faca usada no crime se partiu enquanto ele cometia o crime. Wanderson ainda teria tentado ainda estuprá-la. Por esse crime, ele foi preso e só foi solto em março de 2020.
Nenhum familiar do caseiro havia procurado o IML para retirar o corpo até as 8 horas desta quarta-feira (19/1). O Metrópoles apurou que os parentes já têm conhecimento da morte dele.
O advogado informou ainda que está à disposição da família para prestar auxílio jurídico.
Penas extintas
O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) informou que, com a morte de Wanderson, “será extinta a punibilidade” do caseiro. Ou seja, ficam extintos tanto o caso de triplo homicídio de novembro do ano passado em Corumbá de Goiás, assim como outros crimes nos quais ele é apontado como autor.
Wanderson Mota também era réu confesso de uma tentativa de homicídio no final de 2019 em Goiás, assim como de um homicídio em Minas Gerais no final de 2020 (veja detalhes no final deste texto). A extinção não deve se aplicar a outros coautores, como no caso em terras mineiras.
Veja imagens das buscas por Wanderson:
Morte na prisão
Wanderson Mota, que ficou conhecido como “novo Lázaro”, após fuga e perseguição policial em decorrência de um triplo homicídio cometido por ele, foi encontrado morto no presídio, em Aparecida de Goiânia, região metropolitana da capital, na manhã de terça-feira (18/1). Conforme nota da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), o rapaz estava na cela, pendurado por um lençol amarrado ao pescoço.
O criminoso encontrava-se detido no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida, que é a unidade de segurança máxima de Goiás. Ele estava sozinho na cela, conforme a DGAP.
Apesar de ser tratado, a princípio, como um caso de suicídio, só a perícia poderá atestar o real motivo da morte. Wanderson foi encontrado morto por volta das 7h20, quando um servidor do presídio teria ido fazer a entrega do café da manhã.
Ele foi chamado até a porta da cela para pegar a refeição, mas não respondeu. Com isso, policiais penais teriam adentrado a cela e encontrado o homem já morto.
Fotos do dia da prisão:
Crimes em sequência
Os crimes em série que Wanderson Protácio admitiu ter praticado praticados ocorreram no fim da tarde de domingo do dia 28 de novembro de 2021. Ele matou a facadas a própria esposa, Raniere Aranha Figueiró, de 19 anos, e a filha dela, Geysa Aranha da Silva Rocha, de 2 anos.
Na sequência, o caseiro invadiu a casa de um vizinho, roubou o revólver dele e matou a tiros o produtor rural Roberto Clemente de Matos, de 73 anos, para quem prestava serviços. Ele teria cometido o crime para roubar uma camionete. Neste mesmo episódio, teria tentado estuprar a esposa da vítima, de 45 anos, não conseguiu e a baleou. A mulher sobreviveu.
A caminhonete roubada foi abandonada em uma rodovia da região. Wanderson vendeu o celular que pertencia a sua esposa a um receptador de Alexânia, que acabou sendo preso. Da cidade, ele fugiu de táxi pelo menos até Abadiânia. Um taxista confirmou ao Metrópoles que fez a viagem.
O caseiro foi procurado pela zona rural da região durante seis dias, até que se entregou, já em Gameleira de Goiás, no dia 4 de dezembro. Desde então estava recolhido no sistema prisional em Aparecida de Goiânia.
Crimes no currículo
Essa onda de crimes não é única passagem de Wanderson pelo mundo do crime. A primeira morte teria sido ainda aos 13 anos, no Maranhão. Ele se desentendeu com o tio de uma namorada à época e matou o homem a facadas. Foi então que se mudou para Goiás, indo parar em Goianápolis.
Em dezembro de 2019, ele esfaqueou várias vezes uma jovem de 18 anos no dia do aniversário dela. O caso foi em Goianápolis. O agressor só parou com os ataques porque a faca quebrou. Ele chegou a ser preso pela tentativa de feminicídio. O jovem foi solto em março de 2020.
Em 25 de novembro aquele ano, Wanderson se envolveu em outro crime, dessa vez em Minas Gerais. Ele é apontado como participante na morte do taxista Maurício Lopes Mariano, de 25 anos, em São Gotardo. Ele foi preso na região junto com outras três pessoas (dois adolescentes). O taxista teria sido amarrado com o cinto de segurança e esfaqueado até a morte.
Chama a atenção o caso de Wanderson e as semelhanças com a história do criminoso Lázaro Barbosa, de 32 anos, que cometeu crimes em série no Entorno do DF em junho deste ano. Após cometer homicídios em sequência, o também caseiro passou 20 dias fugindo das forças policiais na região, até ser morto em um confronto no dia 28 de junho. Wanderson, aliás, confessou a amigos ser fã do Lázaro original.