Voto impresso: Ricardo Barros diz que TSE vai “pagar preço”
Ricardo Barros avalia que o TSE deveria ter aceitado mediar o debate acerca do tema, dialogando com o presidente da Câmara dos Deputados
atualizado
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O deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara dos Deputados, disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai “pagar o preço” por ter se posicionado contra a proposta de voto impresso.
A afirmação de Barros foi publicada neste sábado (14/8), em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. Na última quinta-feira (10/8) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabeleceria a adoção do voto impresso foi derrubada na Câmara por 218 votos contrários, 229 favoráveis e 1 abstenção.
Ricardo Barros avalia que o TSE deveria ter aceitado mediar o debate acerca do tema, dialogando com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). “O TSE perdeu a oportunidade de fazer uma mediação, através do presidente Lira ou do senador Ciro [Nogueira, atual ministro da Casa Civil], para chegar a um meio-termo e encerrar o assunto. Eles quiseram manter o assunto, vão pagar o preço”, afirmou à Folha.
Apesar de ter mais votos favoráveis do que contrários, a PEC precisava do apoio de 308 parlamentares para ser aprovada. Para Ricardo Barros, o resultado foi favorável ao presidente Bolsonaro pois “mostrou força”, e não teve resultados melhores devido à “pressão do Judiciário”.
“Evidentemente não tinha os 308 votos em função da pressão exercida pelo Judiciário nos partidos. Mas deixou o presidente com um discurso que agrega, que tem maioria na opinião pública e que é totalmente racional: dar mais transparência na eleição”, disse.
Questionado sobre o risco de Bolsonaro não aceitar o resultado das eleições presidenciais de 2022, Barros afirmou que essa hipótese deveria ter sido “ponderada pelo TSE”.
“O TSE deveria ter ponderado sobre isso e ter feito um acordo no texto. Essas concessões que o ministro [Luís Roberto] Barroso [presidente do TSE] quer fazer agora graciosamente, por sua livre iniciativa, poderiam ter sido objeto desse acordo. Quem está mantendo a corda esticada é o TSE. E para o presidente Bolsonaro isso é bom”, finalizou.
Ataques ao presidente do TSE
Bolsonaro alega que há fraude no sistema eletrônico de votação. No entanto, instado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a apresentar provas, ele não conseguiu comprovar as irregularidades.
Isso fez com que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, incluísse o chefe do Executivo federal entre os investigados no inquérito que apura divulgação de notícias falsas e ataques ao STF. O processo corre em sigilo na Corte.
Além de alegar, sem provas, de que há fraudes no sistema eleitoral brasileiro, Bolsonaro realiza diversos ataques ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE. No início da semana, após a derrota da PEC na Câmara, o mandatário disparou críticas ao magistrado.
“Por que essa vontade enorme, esse trabalho enorme, do ministro Barroso, que é também o presidente do TSE, contrário ao voto impresso? Ele se reuniu com lideranças partidárias e, logo depois da reunião, essas lideranças, a maioria delas que eram favorável ao voto impresso, mudaram de lado. O que foi oferecido pra eles? O que aconteceu?”, questionou, em entrevista à rádio Jovem Pan.