Voo trágico do “Padre do Balão” completa 15 anos; relembre história
Em abril de 2008, Adelir de Carli desaparecia durante viagem de balão entre o Paraná e Mato Grosso do Sul. Meta era superar recorde mundial
atualizado
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Há 15 anos, um padre paraquedista atraía os olhares de toda a população brasileira para uma viagem com mil balões de festa cheios de gás hélio entre os estados do Paraná e de Mato Grosso do Sul. Adelir de Carli, 42 anos, líder religioso em Paranaguá (PR), se desafiou a realizar o trajeto em 20 de abril de 2008 e ficou conhecido nacionalmente como o Padre do Balão.
A viagem, porém, não terminou como o esperado. Após último contato com a equipe de apoio, ainda no dia 20 de abril, Adelir desapareceu dos sinais do GPS. Apenas em julho de 2008, o corpo do padre foi encontrado no litoral do Rio de Janeiro, próximo à costa de Maricá.
Relembre, abaixo, a trajetória do “Padre do Balão”, desde o começo dos trabalhos como paraquedista até o desaparecimento no sul do Brasil.
Voos e projetos sociais
Adelir Antônio de Carli era o sacerdote responsável pela Paróquia de São Cristóvão, em Paranaguá, desde 2004. Mas não era apenas a vida religiosa que movimentava seu dia a dia. O padre fundou, no mesmo ano, uma espécie de abrigo para caminhoneiros que passavam pela cidade.
Chamada de Pastoral Rodoviária, a iniciativa recebeu quase R$ 800 mil de investimentos da paróquia de Adelir. Parte desse dinheiro era custeada pelas aventuras do padre paraquedista, que chamava a atenção de patrocinadores.
Além disso, o sacerdote tinha a meta de ficar 20 horas no ar para quebrar o recorde mundial, pertencente a dois estadunidenses com 19 horas de voo em um balão de hélio.
A decolagem de Paranaguá
Às 13h do dia 20 de abril de 2008, Adelir se preparava em Paranaguá para partir rumo ao seu destino, em Dourados (MS). Apesar do céu nublado, o padre decidiu seguir em frente com a missão de quebrar o recorde mundial.
Em grande parte porque ele estava confiante com testes e preparativos anteriores à viagem. Em 13 janeiro de 2008, o paraquedista havia feito um trajeto do município de Ampére (PR) até a cidade argentina de San Antonio. Ao todo, o homem percorreu uma distância de 25 quilômetros em 4 horas e 15 minutos.
Dentro do veículo de voo, Adelir incluiu os equipamentos de segurança necessários para uma possível queda, um aparelho GPS, um telefone celular e a alimentação para o trajeto. Acompanhado por olhos curiosos de fiéis e jornalistas, o viajante partiu. Não demorou para avisar à equipe que o acompanhava que tudo correra bem na partida.
“Graças a Deus estou bem de saúde, consciência tranquila, tá muito frio aqui em cima, mas tá tudo bem”, disse o padre, já a mais de 5 mil metros acima do nível do mar.
O momento do desaparecimento
Por volta das 21h do mesmo dia de partida, porém, o padre enviou uma mensagem, preocupado com as condições do tempo no caminho e o sinal de transmissão.
“Eu preciso entrar em contato com o pessoal para que eles me ensinem a operar esse GPS aqui para dar as coordenadas de latitude e longitude, que é a única forma que alguém por terra possa saber onde eu estou. O celular via satélite fica saindo de área e além do mais a bateria está enfraquecendo.”