Voluntários se unem em 4° dia de buscas por vítimas após chuvas em SP
“Nessas horas, é todos por um, é um pelo outro. Se não for assim, não vai para frente”, diz um dos voluntários
atualizado
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Franco da Rocha – Na busca incessante por vítimas soterradas em um deslizamento de terra em Franco da Rocha, em São Paulo, voluntários são personagens essenciais para auxiliar bombeiros e agentes da Defesa Civil.
Pessoas de toda a cidade se organizam como podem para escavar, preparar café e comida para quem trabalha nas buscas e angariar doações às famílias afetadas.
Na madrugada do último domingo (30/1), um deslizamento na região do Parque Paulista, causado pelas fortes chuvas que tomaram a cidade, deixou ao menos 300 famílias desalojadas e oito mortos. Dez pessoas ainda estavam desaparecidas até o fim da tarde desta terça-feira (1/2).
Felipe Diniz conta que não mora no bairro, mas, como a cidade é pequena, tem alguns conhecidos no local. Por se solidarizar com a situação, desde domingo ajuda nas buscas: sua tarefa é dar uma força aos bombeiros ao escavar para localizar vítimas nos escombros.
“É só lama, entulho, terra. A expectativa é sempre achar mais uma pessoa com vida, mas está difícil. Ajudei a encontrar três delas, vi os corpos totalmente soterrados. Mas com vida, ninguém”, lamentou.
Ele disse ao Metrópoles que ficará “até acabar” e ressaltou a importância da ajuda dos moradores neste momento. “Aqui é tudo conhecido, amigo de bola, de conversa, de brincadeira. Nessas horas, é todos por um, é um pelo outro. Se não for assim, não vai para frente”, afirmou.
Maria Helena mora em Francisco Morato e, quando ficou sabendo da situação do município vizinho, resolveu ir prestar socorros. Ela está desde a última segunda no local, e faz o possível. Primeiro, foi auxiliar nas escavações.
Entretanto, em determinados momentos, o Corpo de Bombeiros pede que os voluntários saiam para máquinas trabalharem. Nessas horas, conta, dá uma força em outras tarefas. “Eu estava lá ajudando a tirar terra, depois vim arrumar as doações, fazer o café”, contou.
Melissa Oliveira também está no espaço desde a última segunda (31/1). Sua principal função é auxiliar com as doações e servir comida aos agentes e voluntário que trabalham nos escombros.
“É a minha primeira vez nesse tipo de tragédia. Não conheço ninguém que foi atingido, mas achei importante vir”, falou. Ela também mora em Franco da Rocha, mas é de outra região, que não sofreu prejuízos com as chuvas.
A solidariedade também é percebida entre vizinhos que se abrigam. A cidade conta com três abrigos, mas estão vazios: as famílias estão preferindo ir para a casa de vizinhos e familiares, segundo Elen Palandi, diretora de Proteção Social de Franco da Rocha.
A Prefeitura tem recebido muitas doações, tanto de colchões e cobertores quanto de alimentos e itens de higiene pessoal, distribuídos às famílias atingidas.
“Continuamos recebendo, eles sempre são muito bem-vindos. Mesmo que as pessoas não venham aos abrigos, há uma logística de distribuição para que esses itens cheguem aos locais mais afetados. Os nossos caminhões estão indo para os Centro de Referência da Assistência Social [CRAS] para descentralizar as doações”, explicou.