“Você dá o rabo?”: veja mensagens que ginecologista mandou a paciente
Antes de ser preso preventivamente, médico goiano foi acusado de ter enviado mensagens vexatórias para uma mulher atendida por ele
atualizado
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Goiânia – O médico ginecologista e obstetra de Goiás suspeito de crimes sexuais teria enviado mensagem para uma paciente perguntando se ela “dava o rabo” e “para quantos ela havia dado”. Esse exemplo de assédio é citado em uma decisão judicial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), de dezembro de 2020.
Nicodemos Júnior Estanislau Morais, de 41 anos, chegou a ficar cinco dias preso preventivamente em Goiás por suspeita de abusar sexualmente de pacientes em Goiás. Ao menos 50 vítimas já foram ouvidas na Delegacia da Mulher de Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia.
A decisão é uma condenação em primeira instância por importunação sexual contra Nicodemos. O crime teria ocorrido em 2018, contra uma paciente de 18 anos, durante um exame em uma clínica no Samambaia (DF).
No texto da decisão, o juiz de direito substituto Joel Rodrigues Chaves Neto cita uma denúncia anterior contra o ginecologista, de outra vítima, em que ele teria perguntado de forma vexatória se a paciente fazia sexo anal e quantos parceiros sexuais ela teria tido.
“(A vítima) relatou que, ao ser atendida pelo réu, este teria perguntado se ela ‘dava o rabo’ e ‘para quantos ela havia dado'”, diz trecho da decisão. O juiz complementa dizendo que “tais fatos, inclusive, são corroborados pelas capturas de tela”, sugerindo que havia comprovações das mensagens.
Outras mensagens
A prática do médico enviar mensagens de cunho sexual esteve presente no depoimento de outras vítimas que procuraram a Polícia Civil de Goiás.
“Bora fortalecer a amizade gata? Transar com amigas fortalece a amizade”, teria dito o médico em mensagem que a TV Anhanguera, afiliada da Globo, teve acesso.
Em outra mensagem, o profissional teria pedido para ver o bronzeamento de uma paciente. “Depois, só fazer o bronzeamento e me mostrar”, teria dito o médico pelo WhatsApp.
Para uma paciente que perguntava sobre ter relações sexuais com anel vaginal, o médico teria dito: “Posso testar kkkk brincadeira.”
“Brincadeira”
O ginecologista reconheceu, em entrevista para a TV Globo, que foi errado fazer comentários de “forma inadequada” pelo WhatsApp. No entanto, ele nega que tenha tocado em pacientes com objetivo de ter prazer sexual.
Nicodemos está solto, mas monitorado por tornozeleira eletrônica, impedido judicialmente de sair de Anápolis ou exercer a profissão. O Ministério Público de Goiás (MPGO) recorreu da decisão pela sua soltura.
Defesa
A defesa do ginecologista tem dito que as denúncias feitas contra o profissional têm relação com o “simples exercício profissional”. “O médico em nenhum momento realizou qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual”, diz nota assinada pelo advogado Carlos Eduardo Gonçalves Martins.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou que está apurando a conduta do ginecologista e obstetra Nicodemos Júnior. A apuração tramita em sigilo.