Vizinhos que ajudaram no resgate viraram heróis de Rio das Pedras
Pizzaiolo e entregador de aplicativo ajudaram no resgate e alertaram outros moradores para deixarem suas casas durante desabamento
atualizado
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Rio de Janeiro – O desabamento do edifício de quatro andares em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, nessa quinta-feira (3/6), deixou dois mortos, quatro feridos e dezenas de pessoas desabrigadas, alterando a rotina da localidade da Areinha, no interior da favela.
Entre tanta história de dor, algumas são de esperança e heroísmo. O pizzaiolo Sandro Lopes, de 34 anos, é protagonista de uma delas. O morador ajudou no socorro das vítimas que foram retiradas dos escombros com vida, chamou por socorro e se emocionou com os resgates que fez.
“Fui dos primeiros a chegar para ajudar. Conseguimos tirar um cara e uma mulher. A dor de ver ela soterrada (Tatiana)… Minha dor é não ter conseguido tirar os dois, ainda mais a criança”, disse. “Nós ligamos para os bombeiros. Cheguei na rua, estava tudo caído. Ajudei. Graças a Deus”, lembrou.
Veja imagens do desabamento:
Sandro conseguiu salvar Tatiana Conrado de Souza, 38 anos, irmã de Natan de Souza Gomes, 39, morto na tragédia. Na tarde desta sexta-feira (4/6), ele a reencontrou no enterro da vítima, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária. Na cerimônia, os dois se abraçaram, choraram e se despediram de Natan e da filha dele, Maitê, de 2 anos, também morta na ocorrência. “Ouvi o estrondo e fui direto pra rua. Precisava ajudar”, completou.
Quem também não será esquecido é o motoboy Clayton Ferreira de Souza, de 35 anos, que trabalha como entregador de aplicativo de refeições. Ele conta que chegou em casa depois da jornada de trabalho, estacionou a moto em frente pizzaria que funcionava embaixo do seu prédio e assistia TV quando ouviu o barulho do edifício caindo.
“Não pensei duas vezes. Peguei apenas minha carteira e meu telefone e corri pelos andares, acordando os vizinhos e chamando para saírem de casa. O medo era de que o meu prédio também caísse”, contou Clayton, que teve a moto destruída durante o resgate.
“Vivo com pensamento positivo. Acho que não tem essa de ficar pra baixo, essas coisas a gente consegue de novo. É só trabalhar. Eu estou vivo e, agora, morando na casa do irmão. A moto é minha fonte de renda. Tenho um casal de filhos, mas moro sozinho e ainda bem que eles não estavam na minha casa. É desesperador. Agora é recuperar o rumo!”, concluiu.