Casada novamente, viúva de miliciano Adriano da Nóbrega perde escolta
Júlia Emilia Mello Lotufo é viúva do miliciano e ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro Adriano da Nóbrega
atualizado
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Júlia Emilia Mello Lotufo, viúva do miliciano e ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Adriano Magalhães da Nóbrega, perdeu a escolta que tinha da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), tropa de elite da Polícia Civil. Ela responde por organização criminosa e lavagem de dinheiro e usufruía do benefício desde junho do ano passado sem respaldo da Justiça do Rio de Janeiro.
Lotufo é considerada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) a responsável pela contabilidade da quadrilha do bicheiro morto em fevereiro do ano passado, na Bahia.
Na decisão, à qual o jornal O Globo teve acesso, o juiz da 1ª Vara Criminal Especializada da Capital, Bruno Rulière, destacou que “nunca houve determinação do Juízo para que a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro prestasse escolta à acusada”.
O magistrado negou o pedido da defesa de Júlia e determinou que o passaporte da ré continue retido. Além disso, indeferiu o pedido de deixar o Brasil para morar em Portugal. Ela, no entanto, poderá deixar o uso da tornozeleira eletrônica. Ela estava sendo monitorada desde março do ano passado.
Oito meses após o assassinato de Adriano da Nóbrega, Júlia se casou novamente com o empresário do ramo de azeite Eduardo Vinícius Giraldes Silva. Ele também responde por sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
Bens de Adriano da Nóbrega
Segundo as investigações do MPRJ, os integrantes da quadrilha prestavam contas sobre os rendimentos, vendas de gado e gestão do haras de Adriano à Júlia.
Em documentos obtidos pelo G1, o Ministério Público detalha a função da viúva no bando do miliciano e bicheiro.
O nome de Júlia surgiu a partir das buscas realizadas na operação Intocáveis, em janeiro de 2019. Em um escritório no Itanhangá, zona oeste do Rio, o Ministério Público apreendeu faturas e extratos de cartões de crédito em nome de Daniel Alves de Souza, preso nessa semana e um dos laranjas da quadrilha.
As investigações mostraram que os destinatários finais dos serviços e produtos adquiridos através dos cartões de crédito em nome de Daniel eram o casal Adriano e Júlia.
Com o avanço das investigações, descobriu-se que Júlia se responsabilizava pela gestão financeira de Adriano. Uma planilha encontrada pelo MP mostra que apenas em maio de 2019, uma tabela apresentava uma movimentação de R$ 1,8 milhão.
No detalhamento da planilha observa-se também valores arrecadados por Adriano com aluguéis que trazem junto a inscrição RP, numa referência, segundo os investigadores, a Rio das Pedras, área dominada por uma milícia.