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Viúva de petista está surpresa por polícia excluir motivação política

Tesoureiro do PT foi morto por um bolsonarista enquanto comemorava 50 anos de vida em uma festa temática do partido

atualizado

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Reprodução
Enterro de Marcelo Arruda
1 de 1 Enterro de Marcelo Arruda - Foto: Reprodução

A policial Pamela Silva, viúva do tesoureiro do PT Marcelo Arruda, ficou surpresa com a decisão da Polícia Civil do Paraná (PCPR) em descartar motivação política no assassinato do marido.

Arruda foi morto no último sábado (9/7) em Foz do Iguaçu, no Paraná, pelo policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, indiciado por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e por causar perigo comum. Segundo testemunhas, o assassino teria gritado “Aqui é Bolsonaro” ao invadir a festa da vítima, que comemorava 50 anos com temática do Partido dos Trabalhadores (PT).

“O fato de ter sido descartada a motivação política pela Polícia Civil foi uma surpresa, pois é um fato notório, público e, inclusive, confirmado”, disse o advogado Ian Vargas, que defende a família de Arruda, após o Metrópoles questionar sobre a situação da mulher, no início da tarde desta sexta-feira (15/7).

“A principio a defesa entende como contraditório. Relatos e depoimentos dos próprios familiares do atirador confirmam o que sempre foi trazido para a imprensa e para a Polícia Civil: que o atirador esteve ao local, profere palavras em referência ao presidente [Bolsonaro] e na sequência faz ameaças. Consta em declaração ainda de que ele estava ouvindo músicas em referencia ao presidente e vai até o local, que teria uma festa com a temática do Partido dos Trabalhadores. Não tem como esse fato ser dissociado do retorno dele. Foi intolerância política que provocou esse ato”, prossegue o advogado.

A defesa avalia agora analisar o relatório da Polícia Civil e protocolar um pedido para ser assistente de acusação, junto ao Ministério Público do Paraná.

Em nota divulgada nesta tarde, os advogados que defendem os familiares de Marcelo Arruda informaram que os parentes ainda esperam que se faça “justiça, clara, limpa, transparente e saudável como a boa água”.

Indiciamento

Segundo a delegada Camila Cecconello, “não há provas de que foi um crime de ódio pelo fato de a vítima ser petista”. A briga teria começado por questões políticas, mas, para a polícia, a escalada da violência virou um assunto pessoal. O assassino teria decidido voltar à festa por ter se sentido humilhado pela vítima.

“Não podemos dizer que o autor voltou lá porque ele queria cessar os direitos políticos ou atentar contra os direitos políticos daquela pessoa. Concluímos que foi algo que acabou se tornando pessoal entre duas pessoas que discutiram, claro, por motivações políticas”.

A informação foi divulgada nesta sexta-feira (15/7) durante entrevista coletiva da Secretaria de Segurança Pública do Paraná e da Polícia Civil.

O caso

O guarda municipal Marcelo Arruda, candidato a vice-prefeito nas últimas eleições, foi assassinado a tiros durante sua festa de aniversário de 50 anos, em 7 de julho.

A festa tinha como tema o PT e fazia várias referências ao ex-presidente e pré-candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva.

Por volta das 23h, Jorge José da Rocha Guaranho, que se declara apoiador do presidente de Bolsonaro, invadiu a festa e atirou em Marcelo, que revidou. A confraternização era promovida na Associação Recreativa Esportiva Segurança Física Itaipu (Aresfi). A festa tinha poucos convidados — cerca de 40 pessoas.

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