Viúva de marinheiro que sumiu em 1976 pede justiça: “Espero resposta”
Edivaldo Freitas era marinheiro de navio que sumiu em 1976 no Triângulo das Bermudas, região conhecida por desaparecimentos misteriosos
atualizado
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São Paulo – Joana Alves Damasceno tinha 32 anos quando viu na televisão que o navio no qual o marido tinha partido de Santos, no litoral de São Paulo, havia sumido no Triângulo das Bermudas – região conhecida por ser o local de desaparecimentos misteriosos de aviões e embarcações.
O marinheiro Edivaldo Ferreira de Freitas embarcou, em 1976, no Sylvia L. Ossa para levar uma carga minérios de ferro para a Filadélfia, nos Estados Unidos. Nem ele, nem os outros 36 tripulantes, sendo nove brasileiros, voltaram para casa.
Joana tinha deixado sua cidade natal Recife, em Pernambuco, para acompanhar o marido. O casal morava em Santos e estava junto há 12 anos quando Edivaldo desapareceu com o navio.
“Sumiu de vez”
“Fui à empresa em que ele trabalhava, eles me disseram que o navio fundeou no Triângulo das Bermudas e estavam buscando. Até hoje não me deram resposta”, contou a viúva, que segue morando em Santos, ao Metrópoles. “Não apareceu nada. Sumiu assim de uma vez”, complementou.
Ela contou que na época recebeu o salário do mês que Edivaldo já tinha trabalhado. No entanto, a empresa panamenha Ominum Leader não lhe deu nenhum esclarecimento sobre a morte do marido. “Até hoje estou esperando a resposta”, disse a mulher.
Edivaldo Ferreira de Freitas foi considerado morto presumido pela Justiça apenas em 2014 – 38 anos após a embarcação desaparecer no Triângulo das Bermudas.
Justiça
Após o desaparecimento do companheiro, Joana começou a trabalhar como costureira e hoje é aposentada. Procurada por um advogado americano, a viúva também levou o caso para a Justiça americana. Porém, a Suprema Corte Americana negou, em 2001, a ação pela dificuldade em ter informações sobre o ocorrido.
Joana ingressou com processo na Justiça brasileira em 2019 pedindo indenização material – uma pensão considerando a falta de seu provedor – e dano moral devido à morte do marido. A ação é contra a Brazil P&I, que é do mesmo grupo da dona do navio Omnium Leader, e a Frota Oceânica, que é a operadora marítima.
Agora, aos 82 anos, a aposentada espera que a 6ª Vara do Trabalho de Santos – SP (TRT 2ª Região) tome uma decisão favorável. A audiência mais recente ocorreu no mês passado. A expectativa é de que a sentença seja emitida ainda neste mês.
Indenização
O escritório de advocacia Furno Petraglia, que representa a viúva, pediu uma indenização no valor de R$ 135 mil. A aposentada tem esperança de conseguir comprar uma “casinha” com o dinheiro.
“Acreditamos que é um caso histórico, pois permitirá Justiça pelas vítimas do desaparecimento do navio no Triângulo das Bermudas”, afirmou o advogado Leandro Furno Petraglia.
A reportagem do Metrópoles procurou as companhias Brazil P&I e a Frota Oceânica, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.