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Viúva de João Beto teme sair na rua após Carrefour depositar R$ 1 mi

Defesa de Milena Alves diz que empresa quer “abafar o caso” ao depositar valor sem antes entrarem em um acordo

atualizado

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Reprodução/ redes sociais
João Alberto
1 de 1 João Alberto - Foto: Reprodução/ redes sociais

A defesa de Milena Alves, viúva de João Alberto Silveira Freitas, o João Beto – assassinado em novembro do ano passado na frente de uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre (RS) –, afirma se tratar de um “desrespeito” o depósito de R$ 1 milhão feito pelo supermercado à mulher.

Em conversa com o Metrópoles, o advogado Hamilton Ribeiro criticou a ação do Carrefour e relatou que Milena voltou a ter medo de andar na rua devido à divulgação do montante depositado.

“Querem abafar o caso. Se acham no direito de matar e, depois, de julgar o quanto devem. Isso é um desrespeito à viúva. […] Ela é conhecida no bairro inteiro onde mora, e agora tem medo de ser sequestrada. A Milena está apavorada, se sai para as ruas os caras vão achar que ela é milionária”, disse o advogado gaúcho.

Na quarta-feira (28/4), o grupo Carrefour informou ter depositado, “deliberadamente”, R$ 1 milhão para a mulher. O depósito foi feito numa conta criada com a “finalidade de consignação extrajudicial para efeito de indenização”, e já está disponível para Milena, única familiar que não fechou acordo de indenização com a empresa.

A empresa informou também ter depositado R$ 100 mil extras diretamente na conta bancária de Milena para “gastos mais urgentes” da viúva.

O Carrefour já havia finalizado oito acordos com os demais familiares de João Alberto, que incluem os quatro filhos dele; o pai, João Batista Rodrigues Freitas; a irmã, a enteada e a neta. Os valores, no entanto, não foram divulgados pela rede de supermercados.

Milena já havia recusado o acordo de R$ 1 milhão por parte do Carrefour. O valor é o mesmo, segundo a defesa, destinado a órgãos ligados à causa animal após a morte da cadela Manchinha, espancada com uma barra metálica por um segurança em unidade do supermercado, em Osasco (SP).

“Não aceitamos, não recebemos R$ 1 milhão. Não há acordo e não tem mais acordo com o Carrefour. Vamos ajuizar uma ação para deixar com que o Judiciário decida quando tem de ser pago”, completa Hamilton.

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Ele foi enterrado na manhã de 21/11, no Cemitério Municipal São João, zona norte de Porto Alegre
Dezenas de pessoas – entre amigos, familiares e militantes de movimentos negros – acompanharam o velório e o sepultamento de João Alberto Silveira Freitas
Um vídeo mostra as agressões
Ele foi espancado até a morte em uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre
Cenas do espancamento de João Beto
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Ele morreu ainda no local

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Ele foi enterrado na manhã de 21/11, no Cemitério Municipal São João, zona norte de Porto Alegre

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Dezenas de pessoas – entre amigos, familiares e militantes de movimentos negros – acompanharam o velório e o sepultamento de João Alberto Silveira Freitas

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Um vídeo mostra as agressões

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Ele foi espancado até a morte em uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre

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Cenas do espancamento de João Beto

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A vítima foi atacada com vários socos e golpes, registrados em vídeos por pessoas que assistiam à cena de terror

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Um desentendimento com funcionários do Carrefour teria motivado as agressões sofridas por João Alberto. Dois seguranças foram presos em flagrante

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Cenas do espancamento de João Beto

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Ao Metrópoles, o grupo Carrefour Brasil afirmou que após o “acidente” que ocorreu em novembro do ano passado, os advogados de Milena Alves estão “dificultando extremamente” o contato com a viúva.

“Os advogados da Milena estão pedindo um valor de honorários acima do regulamentado pela OAB. Além disso, nem a assistente social do Carrefour está tendo contato direto com a senhora Milena. Eles [os advogados] não estão permitindo acesso a ela”, alegou a empresa.

“Estamos tentando de todos os meios negociar com ela. O depósito de R$ 1,1 milhão é somente dela, mas os advogados querem mais, querem os honorários deles”, prosseguiu.

Questionado sobre o fato de a empresa ter divulgado o valor depositado a Milena, mas não aos outros familiares, o Carrefour afirmou nunca ter sido questionado sobre os valores dos parentes. “A gente não fez uma divulgação disso porque os acordos foram feitos. Com ela, não houve o acordo. Essa é a grande diferença. Os advogados estão pedindo algo inexplicável.”

Em seguida, o Metrópoles perguntou sobre quais foram os valores divulgados aos outros familiares de João Beto, e a empresa respondeu da seguinte maneira:

“Nós não podemos abrir os valores devido ao acordo de confidencialidade que foi realizado. No caso da Milena, é porque não está havendo acordo, pois os advogados estão pedindo valores que fogem da regulamentação da própria OAB e do mercado”, sustenta a empresa.

Hamilton Ribeiro negou cobrar valores acima dos honorários, e disse que, por isso, irá entrar com uma outra ação judicial contra o Carrefour por calúnia.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS) indiciou seis pessoas no âmbito do inquérito que investigou a morte de João Beto. Os seguranças Giovane Gaspar da Silva e Magno Borges Braz foram presos no dia do crime.

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