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Vitória de Trump reanima o bolsonarismo, mas desafios persistem

Inelegível por condenações no TSE, Bolsonaro falou sobre o sonho de voltar à Presidência ao cumprimentar Donald Trump pela vitória nos EUA

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Jair Bolsonaro aperta a mão do presidente dos EUA, Donald Trump
1 de 1 Jair Bolsonaro aperta a mão do presidente dos EUA, Donald Trump - Foto: Alan Santos/PR

Apesar do sucesso de seu partido, o PL, nas últimas eleições municipais, o ex-presidente Jair Bolsonaro vem enfrentando um período não muito fácil. Não conseguiu eleger, em 2024, a maioria de seus aliados mais ideológicos e, inelegível, vê outros nomes da direita tentarem disputar seu espólio. A volta de Donald Trump ao poder nos EUA, porém, dá novo fôlego ao bolsonarismo e a seu líder.

Nas redes sociais, arena onde o bolsonarismo sempre foi forte, o clima é de euforia desde a confirmação da vitória do republicano Trump sobre a democrata Kamala Harris. O próprio Bolsonaro, ao celebrar em postagem escrita em inglês a volta de Trump ao poder, ventilou sobre sua esperança de voltar a se candidatar a presidente do Brasil.

“Talvez em breve Deus também nos conceda a chance de concluir nossa missão com dignidade e nos devolva tudo o que foi tirado de nós. Talvez tenhamos uma nova oportunidade de restaurar o Brasil como uma terra de liberdade, onde o povo é senhor de seu próprio destino”, escreveu Bolsonaro.

O ex-presidente e seus aliados acreditam que o futuro governo trumpista possa exercer pressão sobre o Judiciário brasileiro e reverter a inelegibilidade que já foi imposta em duas condenações pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que conseguiu reverter condenações e inelegibilidade após uma “mudança de ventos” no topo do Judiciário, é visto como exemplo de que um movimento assim não é impossível.

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Bolsonaro declarou apoio a Trump na eleição
"Trump é o único a preservar a democracia", diz Musk em comício
Os governadores Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos-SP) e Ronaldo Caiado (União-GO), cotados para disputar a Presidência em 2026
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o ex-presidente Jair Bolsonaro
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann
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Donald Trump foi eleito novamente presidente dos EUA

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Bolsonaro declarou apoio a Trump na eleição

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"Trump é o único a preservar a democracia", diz Musk em comício

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Os governadores Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos-SP) e Ronaldo Caiado (União-GO), cotados para disputar a Presidência em 2026

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O difícil caminho para reverter reveses jurídicos

Bolsonaro foi declarado inelegível pelo TSE em dois processos: por ter reunido embaixadores no Palácio do Planalto em 2022 e feito acusações inverídicas sobre o sistema eleitoral brasileiro e por ter feito uso político-eleitoral das comemorações de 7 de setembro de 2022.

Pelas decisões, ele está inelegível até 2030 pela Lei da Ficha Limpa. Nos dois casos existe a possibilidade de recursos ao Superior Tribunal Federal (STF), o que já foi feito pela defesa do ex-presidente, mas a atual configuração da Corte tem resistido às tentativas de Bolsonaro de reverter seus reveses jurídicos.

A situação do ex-presidente pode inclusive piorar no STF, pois ele deve ser julgado pela Corte em processos criminais.

Bolsonaro é investigado em inquéritos sobre suposta tentativa de golpe de Estado, sobre apropriação ilegal de joias dadas como presente oficial e por fraude no cartão de vacinas. A expectativa é de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) o denuncie nos próximos dias em ao menos um desses inquéritos.

Se for condenado, Bolsonaro fica ainda mais enrolado com a Lei da Ficha Limpa.

As opções políticas de Bolsonaro

Cientes das dificuldades no STF, os aliados de Bolsonaro buscam um caminho político para anistiar o ex-presidente: com projetos no Congresso. O PL da Anistia, que prevê livrar os condenados pela depredação das sedes dos 3 Poderes em 8 de janeiro de 2023, é um dos exemplos.

O texto está travado desde que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o tirou da tramitação normal e determinou a criação de uma comissão especial. Apesar disso, o franco favorito para suceder Lira, deputado Hugo Motta (Republicanos), disse na quarta (6/11) que a vitória de Trump é um fator para animar a bancada conservadora no Brasil.

“A pauta dos movimentos de direita no mundo é bastante conectada. É claro que, quando há a eleição de qualquer líder político, (…) a concepção é de que houve uma vitória do pensamento que essas pessoas defendem. Isso causa um momento de euforia e de levante”, disse Motta. “A condução da comissão deve começar nos próximos dias. Então, a comissão vai trabalhar, na minha avaliação, com muita serenidade e fazendo o trabalho que tem que ser feito para debater um tema tão importante como esse”, completou o provável futuro presidente da Câmara.

Esquerda reconhece fortalecimento do bolsonarismo

Entre votos pela manutenção de uma relação pragmática com o futuro governo Trump, nomes da esquerda brasileira também reconheceram que a vitória do republicano também é uma vitória da direita no Brasil.

“A extrema direita já se assanha com o resultado”, avaliou a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann. Ela disse ainda que o resultado nos EUA “é um sinal de alerta para o campo democrático no mundo todo”, pois “a polarização se mantém como uma realidade e temos de nos preparar para enfrentá-la também aqui no Brasil”.

Já o presidente Lula, que havia declarado sua preferência explícita por Kamala Harris e dito que a ascensão conservadora no mundo seria “o fascismo e o nazismo voltando a funcionar com outra cara”, cumprimentou Trump respeitosamente logo na manhã de quarta.

“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo”, publicaram os perfis de Lula nas redes sociais.

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