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Vítimas de João de Deus continuam a aparecer após 2 anos do escândalo

Duas mulheres procuraram o MP na semana passada. Elas são de MG e de SP. Promotor diz que ainda é impossível dimensionar a magnitude do caso

atualizado

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joão de deus
1 de 1 joão de deus - Foto: Reprodução

Goiânia – O escândalo sexual envolvendo João Teixeira de Faria, o João de Deus, já tem mais de dois anos e até hoje o Ministério Público de Goiás (MPGO) continua recebendo denúncias de vítimas de abusos sexuais cometidos por ele. Duas mulheres, uma de São Paulo e outra de Minas Gerais, procuraram os promotores responsáveis pelo caso na semana passada.

O promotor Luciano Miranda Meireles contou ao Metrópoles que elas foram ouvidas e se somam, agora, às mais de 320 vítimas que procuraram a investigação, desde dezembro de 2018, quando todo o enredo de crimes envolvendo aquele que já foi um dos maiores médiuns do Brasil veio à tona.

“São duas vítimas que, até então, não tinham sido contabilizadas ou ouvidas. São duas vítimas que surgiram e romperam a barreira do silêncio na semana passada. Isso mostra que, talvez, a gente ainda não tenha atingido toda a complexidade e dimensão do caso. A gente não conseguiu ainda compreender a dimensão dos horrores que aconteciam na casa de Dom Inácio, em Abadiânia”, diz ele.

Meireles avalia que a transmissão do documentário Em Nome de Deus, produzido pela GloboPlay, em sinal aberto na TV, o que ocorreu no início deste mês, pode ter ajudado a encorajar as novas vítimas a falarem sobre os respectivos casos e procurarem o Ministério Público. “A gente percebe que cada vez que uma vítima vem a público, isso reforça e encoraja outras a fazerem o mesmo”, afirma.

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João Teixeira de Faria se entregou à polícia em dezembro de 2018, dias após a veiculação do escândalo sexual
João de Deus chegou a ficar preso em regime fechado entre dezembro de 2018 e março de 2020
Prisão de João Teixeira foi determinada na mesma semana em que as primeiras denúncias surgiram
João de Deus atualmente está em prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica
Vista da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde João de Deus fazia os atendimentos
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João de Deus já foi condenados a mais de 64 anos de prisão por crimes, como abuso sexual e estupro

Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
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João Teixeira de Faria se entregou à polícia em dezembro de 2018, dias após a veiculação do escândalo sexual

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João de Deus chegou a ficar preso em regime fechado entre dezembro de 2018 e março de 2020

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Prisão de João Teixeira foi determinada na mesma semana em que as primeiras denúncias surgiram

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João de Deus atualmente está em prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica

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Vista da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde João de Deus fazia os atendimentos

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Casa Dom Inácio de Loyola

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Pátio da Casa Dom Inácio de Loyola

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Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus atuava, em Abadiânia

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Um ano de prisão domiciliar

Nesta quarta-feira (31/3), completa um ano desde que João de Deus teve o pedido de prisão domiciliar atendido pela Justiça. No final de março do ano passado, a então juíza da comarca de Abadiânia, Rosângela Rodrigues dos Santos, acatou a solicitação feita pelos advogados.

Eles alegaram que o quadro grave de saúde do réu, depois de várias internações, o colocava em situação de vulnerabilidade dentro do sistema prisional. A juíza entendeu pela necessidade de prisão domiciliar, destacou a gravidade dos crimes pelos quais ele é acusado e lembrou, ainda, o fato de ele ser do grupo considerado de risco da pandemia da Covid-19.

João de Deus tem 78 anos. Ele já foi condenado em primeiro grau em três processos, que somam mais de 62 anos de reclusão, e cumpria pena em regime fechado, desde dezembro de 2018, quando foi preso pela polícia numa estrada vizinha a uma de suas fazendas.

Desde 31 de março de 2020, ele segue em casa, em Anápolis, a 55 Km de Goiânia, e sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. A decisão estipulou algumas regras para ele, como: entrega de passaporte ao Judiciário, proibição de frequentar a casa de Dom Inácio de Loyola, não poder sair de Anápolis, comparecer ao Judiciário todo mês e não manter contato com vítimas e testemunhas citadas nos processos.

Condenações de João de Deus:

1ª – Processo referente a posse ilegal de arma de fogo e posse de arma de uso restrito: 3 anos de reclusão (aguarda julgamento em segundo grau);

2ª – Processo referente a crime de violação sexual e estupro de vulnerável: 19 anos e 4 meses de reclusão (também em fase de recurso no Tribunal de Justiça de Goiás);

3ª – Processo referente a estupros cometidos contra cinco mulheres: 40 anos de reclusão (também em fase de recurso);

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Mala de dinheiro foi encontrada em um porão na casa dele, em Anápolis
Armas e dinheiro encontrados pela polícia durante o cumprimento de mandado numa das propriedades de João de Deus
João de Deus responde a centenas de acusações por abuso sexual
Joãe de Deus e a esposa, Ana Keyla Teixeira
João de Deus (ao centro) e seus auxiliares:  Tiãozinho à esquerda e João Preto à direta
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A casa de João de Deus em Abadiânia tem dois andares

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Mala de dinheiro foi encontrada em um porão na casa dele, em Anápolis

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Armas e dinheiro encontrados pela polícia durante o cumprimento de mandado numa das propriedades de João de Deus

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João de Deus responde a centenas de acusações por abuso sexual

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Joãe de Deus e a esposa, Ana Keyla Teixeira

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João de Deus (ao centro) e seus auxiliares: Tiãozinho à esquerda e João Preto à direta

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Vista aérea da Casa Dom Inácio de Loyola

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Espaço de contemplação na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia

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Livro conta história de João de Deus antes das denúncias

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Cerca de 20 policiais cumpriram mandados de busca no centro espírita, em Abadiânia, na época que o escândalo veio à tona

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Rotina na prisão domiciliar

Nesse um ano, desde que a prisão domiciliar foi concedida e João de Deus segue em sua casa em Anápolis, o promotor Luciano Miranda Meireles diz ter tomado conhecimento de vários pedidos da defesa à Justiça para que ele pudesse sair da cidade para fazer tratamentos médicos.

O MPGO não foi comunicado, no período, sobre nenhuma irregularidade cometida por João de Deus, em relação às regras impostas a ele. O Metrópoles obteve uma resposta via Lei de Acesso à Informação (LAI), junto à Diretoria Geral de Administração Penitenciária de Goiás (DGAP), de que 35.472 infrações foram cometidas, nos últimos 12 meses, pelos 5 mil presos monitorados hoje no estado.

O principal tipo de infração está ligado ao fim da bateria das tornozeleiras. Questionada sobre algum registro relacionado a João Teixeira de Faria, a DGAP não especificou na resposta enviada. O MPGO informa, também, não ter tomado conhecimento de algo do tipo.

A reportagem apurou que João de Deus segue em casa e lidando com os enfrentamentos das doenças que desenvolveu nos últimos anos. Uma das pessoas que esteve com ele, recentemente, foi o ex-senador e hoje advogado, Demóstenes Torres.

Ele representa a ex-assessora de imprensa de João de Deus, Edna Ferreira Gomes. Em fevereiro deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) trancou ação penal, na qual ela e o ex-médium eram acusados de falsidade ideológica. Demóstenes foi, pessoalmente, em Anápolis entregar a decisão a João Teixeira de Faria.

“Eu tive um contato com ele, mas é um figura muito debilitada, isolado e sozinho. Isolamento completo. Só pode ficar lá, recebendo médico e advogados. Ele gostou muito do resultado (na Justiça), mas, sinceramente, considerei o João um outro João. Está muito debilitado”, disse Torres, quando procurado pelo Metrópoles em fevereiro deste ano.

O MPGO recorreu da decisão que concedeu a prisão domiciliar a João de Deus, há um ano, e o recurso até hoje não foi analisado pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). “Entendemos que não há fundamento algum para que um indivíduo como este tenha direito a prisão domiciliar”, diz o promotor Luciano Miranda.

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