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Visitas de alegria: cães participam de terapia assistida em hospitais

Projeto que começou na UFG, inicialmente, na ala pediátrica, se estendeu e despertou interesse em diversas unidades de saúde de Goiás

atualizado

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goias terapia assistida por animais
1 de 1 goias terapia assistida por animais - Foto: Divulgação

Goiânia – Você sabe o que é Terapia Assistida por Animais? É uma prática que promove a visita de animais para ajudar no tratamento de doenças e no suporte de pessoas acamadas, hospitalizadas ou com necessidades específicas. Estudos apontam que o método provoca uma mudança na rotina dos hospitais e traz alegria a todos. Além da melhora emocional, também há efeitos físicos.

Em Goiânia, um projeto que teve início da Universidade Federal de Goiás (UFG) tem levado carinho e esperança, por meio da visitação de cães à unidades de saúde. Segundo a professora doutora Kellen de Sousa Oliveira, idealizadora do projeto, os benefícios também passam pela melhora do humor, imunológica e social.

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Segundo médico, o momento é de distração
Visita dos animais beneficia também a equipe que trabalha na unidade
Grupo do hospital reunido durante visita
Momento de carinho entre paciente e cãoterapeuta
Professora Kellen e Professora Alessandra
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Animais vão ao local fantasiados

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Segundo médico, o momento é de distração

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Visita dos animais beneficia também a equipe que trabalha na unidade

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Grupo do hospital reunido durante visita

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Momento de carinho entre paciente e cãoterapeuta

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Professora Kellen e Professora Alessandra

Arquivo/Kellen Oliveira
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Cadela Hiena fantasiada de abelha

Arquivo/Kellen Oliveira
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Inicialmente, o atendimento seria apenas pediátrico

Arquivo/Kellen Oliveira
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Cachorro durante momento de visita no INGOH

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Visita a pacientes que tratam câncer demama

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Projeto se espandiu em razão da demanda

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Os animais são chamados de "aumigos"

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Participante do projeto diz que a prática é "um trato na alma"

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Animais passam por seleção para participar da terapia

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O cão Lord

Jovana Colombo
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O projeto foi registrado inicialmente como uma extensão na UFG

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Lucas Gabriel perdeu o medo de cachorro depois de conhecer a cadela Layka

Arquivo pessoal/Cleres Bisol
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Rosângela e a cadela Layka

Arquivo pessoal/Cleres Bisol

“O projeto sempre achou que os benefícios para os pacientes iam desde o aspecto físico ao psicológico, porém com o passar do tempo nós observamos que as visitas melhoram não só a condição do paciente, mas também dos acompanhantes e da equipe hospitalar como um todo. Muitos estudos citam melhora no humor, saúde imunológica, saúde cardíaca, redução de pressão arterial, porém os benefícios sociais não devem ser ignorados”, afirma Kellen, que coordena a iniciativa na Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG.

Surgimento

Ao Metrópoles, Kellen Oliveira contou que a iniciativa na UFG partiu de uma egressa do curso de medicina veterinária que a procurou e fez a proposta para montar um projeto de extensão sobre intervenções assistidas por animais.

“Foi quando concordamos que queríamos algo diferente e decidimos trabalhar com crianças. Busquei a professora Alessandra Vitorino Naguettini que faz parte da equipe da pediatria na Faculdade de Medicina da UFG para ver a possibilidade do projeto acontecer no setor de pediatria do Hospital das Clínicas. Ela aceitou fazer parte da equipe e assim cadastramos o projeto tendo as duas unidades (EVZ e FM) como executoras”, diz ela.

No entanto, o sucesso das visitas foi tanto que, rapidamente, o projeto foi ampliado. “O projeto foi cadastrado na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC) em abril de 2016, sendo o desejo de professores e alunos tanto dos cursos de Medicina Veterinária como do curso de Medicina,  e a primeira visita aconteceu no pátio do Hospital das Clínicas da UFG como comemoração ao Dia das Crianças. A nossa inspiração inicial era realizar exclusivamente com pacientes pediátricos, porém o sucesso e a repercussão fez com que ampliássemos duas vezes a abrangência dos hospitais atendidos”, alega ela.

Voluntários

De acordo com Kellen, mais de 60 animais já foram inscritos como voluntários no projeto. Atualmente, são cerca de 30 cães ativos, já que alguns tutores tem mais de um cão participante. Ainda segundo a professora, é necessário uma seletiva para integrar a terapia.

“A cada 6 meses lançamos um edital de inscrição nas nossas redes sociais para novos cães voluntários. Os cães passam por uma avaliação comportamental e sendo aprovado ele passa por uma avaliação clínica veterinária para atualização da carteira sanitária e verificação do status de saúde, enviando a liberação (atestado veterinário) ele é incluído na lista de cães voluntários, onde o tutor escolhe data e local que quer participar da visita”.

Já para a solicitação da visita, a unidade de saúde também precisa está em boas condições sanitárias. “Nosso foco são pacientes hospitalizados. A instituição entra em contato com a coordenação do projeto, nós agendamos uma visita com a equipe clínica, direção do local e comissão de infecção hospitalar. Nesta reunião explicamos o que é o projeto e buscamos informações sobre o objetivo da instituição em receber a visita. Então, vamos ao local para ver a estrutura física e dando certo já montamos uma planilha com as datas das visitas com os animais”, completa ela.

“Distração”

Fabíola Bezerra conta agradecida os momentos de felicidade que a filha Rosângela Bezerra, hoje com 17 anos, vivenciou ao lado dos cachorros durante as visitas. A menina descobriu aos 14 anos uma série de doenças reumatológicas, entre elas o Lúpus, que levaram a quase dois meses de internação.

“Quando a gente descobriu a doença, ela ficou muito ruim, perdeu muito peso e foi um longo processo. No decorrer desse tempo, ela passou quase dois meses dentro do hospital, então durante as visitas eram muito momento de diversão, ela se distraía da doença. Ela ama cachorro, ficava encantada com os animais, se entretinha com a situação. Na época isso fez muita diferença. Atualmente, ela está curada”, diz Fabíola, três anos após o tratamento.

Mãe de Lucas Gabriel, de 10 anos, Janeth Cleia conta que também só viu benefícios e melhoras no filho depois das visitas dos animais. “O meu filho tinha medo dos animais, principalmente de cachorro, mas depois da Layka, tudo mudou. A animação dele era perceptível, ela mudou as nossas vidas”. Já o menino relatou ao jornal, que Layka foi muito “mansinha”.

A cadela Layka, mais conhecida como Layka Triciclo, uma Golden Retriver de 10 anos, é uma das participantes mais antigas do projeto. No entanto, segundo a tutora do animal, Cleres Bisol, agora é ela quem recebe as visitas, já que foi recentemente diagnosticada com um grande tumor no coração.

“Estamos aqui curtindo cada segundo com a Layka e muito agradecidos por tudo que ela nos permitiu viver, nos permitiu passar e receber nessas visitas. A Layka é cãoterapeuta há quase 8 anos, foram momentos inesquecíveis. Agora, vamos esperar o papai do céu buscá-la, mas com muita gratidão no coração”, diz a tutora da cadela.

Tratamento recomendado

De acordo com o oncologista clínico do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh), Leandro Gonçalves, a internação para o tratamento de qualquer doença muda completamente a rotina do paciente. Ele passa de um convívio familiar para um ambiente fechado, restrito, com uma rotina específica, então a oportunidade de receber animais traz uma maior familiaridade, torna o ambiente mais amigável. Tira aquela seriedade do ambiente hospitalar”, diz ele.

O médico destaca a importância do processo ser seguro, com animais tratados, supervisionados, em ambientes higienizados, para que não haja nenhum comprometimento tanto para os pacientes, quanto para os cães, especialmente os pacientes imunocomprometidos.

“Esse tipo de terapia tira o foco do paciente da doença e do ambiente hospitalar. Um paciente, por exemplo, que se interna para receber a medicação da quimioterapia fica cerca de 5 horas na unidade de saúde e é um período de muita tensão, já que muitos têm medo dos efeitos colaterais. Então a possibilidade de ter um pet, faz com que o paciente mude o foco”, comenta.

“Além disso, o fato de mexer com animais liberam substâncias como a endorfina, que ajudam na sensação de prazer e também podem diminuir a dor, são dois fatores fundamentais. Então de forma adequada é uma prática que eu incentivo e dou o maior apoio”, ressalta o profissional.

“Trato na alma”

Idealizadora do projeto Terapia Assistida por Cães, em Goiânia, a engenheira Morgana Diniz, de 30 anos, iniciou a trajetória de voluntariado com o ‘cãopanheiro’ Lord, em 2019, na iniciativa da UFG. Porém, depois de um tempo, ela e uma amiga, iniciaram um novo grupo de visitas com intuito de promover saúde e qualidade de vida em hospitais e casas de apoio.

“Participar das visitas é um trato a alma tanto de quem é voluntário como ao paciente. Quando chegamos nos hospitais os cães entendem que estão em trabalho e ficam mais calmos e dóceis, recebem tanto carinho, e amamos isso. Mas ser voluntário exige sacrifícios pois demanda tempo, as visitas geralmente são durante a semana e em horário comercial, também é necessário ser comprometido e pontual, sociável e ter empatia, saber se colocar no lugar do outro”, afirma ela.

Apesar das avaliações e compromissos, a engenheira ressalta o quão gratificante é integrar o grupo que já tem 10 animais voluntários.

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