Violência política no Brasil já mata mais do que na Síria e no Iraque
Em 2022, a violência política no Brasil cresceu e ficou atrás apenas de Ucrânia, Síria e Mianmar, três países em guerra
atualizado
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De 2018 a 2022, a violência política no Brasil cresceu cerca de 4% e no último ano ficou atrás apenas de países em guerra como Ucrânia, Síria e Mianmar. Os dados são de um levantamento recente da organização Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED), especialista em mapear violência política e tensões ao redor do mundo. O relatório leva em conta protestos, bombardeios, ação de milícias, agressão contra civis, tumultos, entre outros tipos de violência.
A Ucrânia, em guerra desde fevereiro do último ano, foi o país onde foram relatados os níveis mais intensos de violência política, com mais de 34 mil casos. A Síria, que vive uma guerra civil envolvendo grupos separatistas e organizações terroristas como o Estado Islâmico, está na segunda colocação do ranking com mais de 10,4 mil ocorrências do tipo. Mianmar, onde um golpe militar em 2021 provocou uma escalada brutal na violência e censura dentro do país, aparece em seguida com mais de 9,3 mil registros. O Brasil fica em quarto na lista, com mais de 7,9 mil eventos registrados.
Já em número de fatalidades, o Brasil supera países como Somália, Síria e Iraque, que vivem há décadas sob a tensão de guerras civis e a influência de grupos terroristas como o Estado Islâmico e o Al-Shabab.
Dados recentes divulgados pelas organizações da sociedade civil Justiça Global e Terra de Direitos mostraram que 523 casos de violência política contra parlamentares eleitos, candidatos ou agentes políticos foram registrados no Brasil entre 2020 e 2022.
Gravidade dos conflitos
Além de mapear os casos de violência política, a ACLED também calculou a gravidade dos conflitos ao redor do mundo com base em quatro indicadores: letalidade, perigo, difusão e fragmentação (o número de ameaças e motivos que promovem a violência). Com isso, países que ultrapassarem os limites de cada indicador e se encaixarem em três ou quatro grupos são considerados regiões em situações mais graves e de difícil resolução.
O Brasil, segundo a ACLED, se enquadra na lista de regiões com conflitos de “alta gravidade” por se enquadrar em 3 dos 4 indicadores de gravidade. Afeganistão, Burkina Faso, República Democrática do Congo, Índia, Iraque, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Somália, Sudão do Sul e Ucrânia terminam o grupo.
Entre os países classificados com “gravidade extrema”, ou seja, enquadrados em todos os 4 indicadores, estão: Colômbia, Haiti, Mali, México, Mianmar, Síria e Iêmen.