Violência no RN: após operação, número de presos chega a 100; vídeo
Polícia fez operação nesta sexta (17/3) contra facção suspeita de comandar atos de violência no RN. Foram presos 18 e um suspeito morreu
atualizado
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Após a operação das Forças de Segurança do Rio Grande do Norte (RN) contra integrantes da facção suspeita de comandar a onda de violência no estado, nesta sexta-feira (17/3), o número de presos por conta dos ataques aumentou para 100.
Veja imagens:
O balanço foi divulgado pela Secretaria de Segurança Pública potiguar, que informou, ainda, que, dos detidos, 18 foram presos durante a Operação Normandia. Dentre os presos estão dois adolescentes, 10 foragidos da Justiça recapturados e duas pessoas com tornozeleira eletrônica: uma detida portando arma de fogo e outra com um galão de gasolina.
Nesta semana, diversas cidades potiguares foram alvos de ataques promovidos por uma organização criminosa que lançou ofensivas contra órgãos públicos, delegacias de polícia e veículos da frota de transporte público.
Operação policial
A ação que mirou a organização criminosa suspeita de articular a onda de violência no estado foi realizada esta manhã, em conjunto com as polícias Civil, Militar e Federal. Foram cumpridos 30 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão contra alvos ligados à facção denominada Sindicato do Crime.
O grupo alvo da operação, uma espécie de célula da facção, é liderado por José Kemps Pereira de Araújo, de 45 anos, conhecido como Alicate. Ele está preso e foi transferido da penitenciária de Alcaçuz para o presídio federal de Mossoró na última terça-feira (14/3), como medida do governo para tentar conter as ações criminosas no estado.
O governo estadual calcula que ataques a pelo menos 30 cidades potiguares estão sendo articulados pela organização criminosa, com ordens partindo do presídio.
O grupo criminoso, que é investigado desde 2022, movimentava aproximadamente R$ 150 mil por mês com tráfico e assaltos. Além dessas atividades ilícitas, a organização tinha como característica principal matar e atentar contra agentes de segurança pública. Pelo menos quatro policiais foram alvo de atentados nos últimos cinco anos.
A suspeita da polícia é que as pessoas ainda em liberdade estivessem cumprindo as ordens de Alicate. Os mandados eram cumpridos em Natal, Parnamirim e Nísia Floresta, na região metropolitana da capital do Rio Grande do Norte.
No total, foram apreendidos pelas forças de segurança:
- 28 armas de fogo
- 4 simulacros de arma de fogo
- 87 artefatos explosivos
- 23 galões de gasolina
- 10 motos
- 2 carros
- Dinheiro
- Drogas
- Munições
- Produtos de furtos
Ataques generalizados
O Rio Grande do Norte entrou nesta sexta-feira no quarto dia sob ataques. Pelo menos 39 cidades do estado foram alvos das ações criminosas no estado. A onda de violência começou na terça, quando prédios públicos, comércios e veículos de pelo menos 10 cidades foram alvos de tiros e incêndios.
Somente no primeiro dia de ataques foram registrados quatro homicídios, 38 roubos, 58 disparos de arma de fogo, 21 invasões, uma depredação e 83 incêndios em diversos municípios do estado.
No mesmo dia, Flávio Dino (PSB) autorizou o envio da Força Nacional para conter os ataques. Inicialmente, o ministro da Justiça e Segurança Pública determinou o envio de 100 agentes e 30 veículos. O efetivo deslocado, porém, já dobrou de tamanho.
Mesmo após a chegada da Força Nacional, um ônibus e três micro-ônibus foram incendiados em Natal. No bairro Guararapes, na zona oeste da capital, os bandidos abordaram um motorista, pediram que ele e o passageiro saíssem, e atearam fogo no veículo. As chamas também atingiram fiações elétricas.
Sindicato do Crime no RN
Trata-se de uma organização criminosa formada por dissidentes do Primeiro Comando da Capital (PCC). O Sindicato do Crime foi criado em março de 2013 e se alinhou ao Comando Vermelho, que está em guerra com a facção paulista.
O Sindicato do Crime ficou conhecido com a onda de atentados realizados em agosto de 2016 no Rio Grande do Norte. Na ocasião, também foram realizados ataques contra delegacias e demais prédios públicos, além de destruição de carros e ônibus tanto na capital quanto no interior.